Técnico da Ferroviária explica planejamento econômico e dá resposta a “corneteiros”

O empate sem gols com o Bragantino na Fonte Luminosa na última quinta-feira fez com que a Ferroviária atingisse seu principal objetivo no Paulistão 2018, que era o de se manter na elite para a edição 2019.
O time araraquarense tinha outras duas metas, que não foram alcançadas. Uma delas era a classificação para a segunda fase, o que já está descartada, já que Palmeiras e Novorizontino já carimbaram a classificação antecipada dentro do Grupo C.
O outro objetivo seria a vaga para a Série D de 2019, que ainda pode acontecer caso haja na última rodada uma combinação de resultados onde a Ferroviária precisaria vencer e torcer por tropeços de São Caetano e Red Bull. Entretanto, a Ferroviária disputará a Série D 2018 a partir do mês que vem, vaga que foi conquistada graças ao título da Copa Paulista do ano passado. Caso o time grená não conquiste o acesso à Série C, a vaga para a Série D de 2019 pode ser conquistada se o time voltar a ser campeão da Copa Paulista.
A Ferroviária disputará a última rodada do Paulistão amanhã, às 17 horas, quando enfrentará a Ponte Preta no Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas. Mas a participação afeana no estadual não terminará aí, já que a equipe disputará o Troféu do Interior, que envolve as equipes colocadas entre a 9ª e a 14ª colocação e que dará ao seu campeão uma vaga na Copa do Brasil de 2019.

PC alfineta torcedores
Entrevistado após o jogo de quinta, o técnico PC de Oliveira explicou que a diretoria da Ferroviária S/A realizou um planejamento econômico que tinha o intuito de não endividar o clube. Segundo ele, a diretoria confiou no trabalho da comissão técnica e disputou o Paulistão com um gasto que teve metade do valor utilizado nos dois anos anteriores.
Com essa explicação, o treinador deixou seu recado a alguns torcedores que criticaram seu trabalho durante o jogo de quinta. “É difícil para quem está fora aceitar isso, mas não podemos nos esquecer que a Ferroviária ficou vinte anos fora da elite. Então quando eu escuto alguém gritando para mim que isso que aconteceu hoje aqui no estádio é pouco para a Ferroviária, eu só tenho que me divertir com uma idiotice desse tamanho”, alfinetou o técnico.

Treinador cita decadência nos anos 90
PC explicou ainda que o planejamento executado pela atual comissão técnica deve demorar de três a cinco anos para começar a gerar resultados. O primeiro passo é não endividar o clube, investir na base e, em um médio prazo, começar a montar equipes com jogadores da própria Ferroviária. A partir daí, a venda de atletas bancaria a construção de um centro de treinamento e uma estrutura cada vez melhor para que a equipe evolua dentro de campo.
“Precisamos resgatar as propriedades que a Associação Ferroviária de Esportes, com gestão fraudulenta, perdeu tudo. Eu me lembro da sede no Centro da cidade, eu me lembro da concentração no São Geraldo e tudo isso aqui pertencia a um clube. Então isso acabou, eles faliram, eles quebraram o clube. Então mais uma vez deixo o agradecimento às pessoas que criaram a S/A, que remontaram tudo isso, e é justamente aí que reside não deixar morrer o nome da instituição Associação Ferroviária de Esportes. O clube já acabou, esquece”, salienta.
Para o técnico, falta um discernimento para alguns torcedores que não compreendem que um passo deve ser dado de cada vez. “Talvez as pessoas não entendam de fora o que está acontecendo aqui. E o que está acontecendo é uma empresa querendo trazer a população para se divertir no estádio de uma maneira séria, honesta, correta. Então quem não está satisfeito, pode se sentar na zona do visitante e alí pode xingar, gritar e espernear à vontade”, completa PC.

Risco assumido
PC de Oliveira acredita que a equipe jogará mais “leve” na última rodada e também no Troféu do Interior, já que tirou um grande peso de se salvar do rebaixamento. “Em diversos momentos eu disse que haveria um divisor de águas entre disputar permanência e disputar classificação, mas isso não aconteceu. Isso porque os clubes permaneceram tão juntos, tão próximos, que não houve ninguém disparando. E quando isso ocorre, você está disputando três coisas ao mesmo tempo: permanência, Série D de 2019 e classificação. Então tira sim um peso grande das costas desses meninos. A nossa equipe é a segunda mais jovem do campeonato e a mais jovem é a da Ponte Preta”, ressalta.
O técnico deixou mais um recado afiado. “Investimos metade do que nos anos anteriores, quando o time teve que se salvar no último jogo. Então foi um risco assumido, um risco corrido e tudo tudo conduzido como tem que ser. Quem está sonhando com muito dinheiro e equipe de ponta neste momento deve torcer para Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo, e não para a Ferroviária. Pode comprar camisa e torcer para os grandões porque lá tem dinheiro, tem festa e espetáculos bonitos. Aqui não. Aqui está se correndo riscos para organizar uma empresa que quer devolver o nome Associação Ferroviária de Esportes para a população”, finaliza.