sexta-feira, 20, setembro, 2024

Wagner Rossi é preso na Operação Skala

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Alvo da PF acusado de operar com Temer, Rossi (MDB) foi ministro de Lula e Dilma

Wagner Rossi foi preso em sua casa, em Ribeirão PretoA Polícia Federal prendeu nessa quinta-feira (29), o empresário e advogado José Yunes, de 80 anos, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer (MDB) na operação Skala. Foram presos ainda o coronel João Batista Lima Filho, o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (MDB), aliados de Temer, e o empresário Antônio Celso Grecco, dono da Rodrimar, empresa que atua no Porto de Santos. Detalhes da operação têm sido tratados com sigilo pela PF e pela PGR.

Muito próximo do presidente da República, o coronel Lima, que vinha há meses adiando depoimentos à PF com justificativas de problemas de saúde, foi tirado de casa em uma ambulância e levado a um hospital de São Paulo. Rossi foi preso em sua casa, em Ribeirão Preto, e levado à PF na cidade para prestar depoimento. Depois, seria encaminhado à superintendência da PF em São Paulo. Ele, que foi ministro da Agricultura nos governos Lula e Dilma, é pai do deputado Baleia Rossi, líder do MDB na Câmara.

Segundo investigadores, também foi alvo de mandado de prisão Milton Ortolan, assessor de Rossi. Grecco foi preso em sua casa, em Monte Alegre do Sul e foi levado à Polícia Federal em São Paulo. Também foram feitas ações de busca e apreensão na sede da Rodrimar e na casa do Grecco, em Santos.

Segundo a PF, ao menos 15 mandados seriam cumpridos nessa quinta, entre prisões e busca e apreensão. Também foi presa, no Rio, a empresária Celina Borges Torrealba Carpi, uma das donas do grupo Libra. De acordo com o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, o grupo, concessionário do porto de Santos, foi beneficiado pela medida provisória do setor. A norma permitiu à empresa renovar seus contratos, apesar de estar inscrita na dívida ativa da União. A PF investiga doações eleitorais feitas por integrantes da família Torrealba ao PMDB. A PGR trabalha com a hipótese de que a doação oficial de R$ 1 milhão feita por dois sócios da Libra à campanha de Temer em 2014 tenha sido propina em troca do decreto, o que a empresa refuta. Naquele ano, Temer foi candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff (PT). A empresária foi presa em seu apartamento, no Leblon. Agentes também realizaram operação na sede do Libra, no centro da cidade. As detenções foram autorizadas pelo ministro Luis Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), relator do inquérito que investiga Temer por suposto recebimento de propina em troca de benefícios a empresas do setor portuário via decreto. Barroso apontou indícios de corrupção, lavagem e organização criminosa. A decisão poderá ser revista pelo STF ao longo do dia após o cumprimento de todos os mandados.

Em nota, a Procuradoria-Geral da República informou que os mandados foram pedidos ao STF pela procuradora-geral, Raquel Dodge, no âmbito do inquérito dos portos. “Instaurada em setembro do ano passado, a investigação apura suspeitas de irregularidades na edição de decreto relacionado ao funcionamento de portos. Como se tratam de cautelares que ainda estão em cumprimento pela PF, para embasar investigações em curso, o Ministério Público Federal (MPF) não divulgará, por ora, os nomes dos alvos dos mandados”, informa a PGR.

A PF disse, em nota, que “por determinação do STF, não se manifestará a respeito das diligências realizadas na presente data”. O ex-ministro dos Portos e atual prefeito de São José do Rio Preto, Edinho Araújo (MDB), foi intimado para prestar depoimento. Ele foi ouvido durante cerca de uma hora e meia. Araújo falou entre que está disponível para esclarecimentos e negou ter participado de irregularidades. Ele foi ministro em 2015, durante o governo de Dilma Rousseff (PT).

Rossi se elegeu para a Assembleia Legislativa de São Paulo em 1982, sendo reeleito em 1986 e, em 1990, foi eleito pela primeira vez deputado federal por São Paulo. Ao longo de sua carreira como deputado se licenciou várias vezes para ocupar cargos no Executivo, tanto no Estado de São Paulo quanto no governo federal. Ele foi um dos alvos da Operação Skala, que fechou o cerco contra o círculo de confiança do presidente Michel Temer.

Formado em Direito e administração, ele se licenciou da Câmara em 1998 para ocupar o cargo de presidente da Codesp entre 24 de abril de 1999 e 9 de novembro de 2000. Neste período, o hoje presidente Michel Temer atuava como presidente da Câmara dos Deputados e presidente nacional do PMDB, em São Paulo. Anos mais tarde assumiu o Ministério da Agricultura, em 2007, já no governo Lula.

Foi no governo Dilma, porém, que ele pediu demissão do cargo após várias denúncias de irregularidades na Pasta, inclusive de que ele teria recebido propina e também que utilizou um jatinho do ramo agropecuário. A carta de demissão foi apresentada a Dilma em agosto de 2011 e desde então não ocupou mais nenhum cargo público.

O nome de Rossi surge nas investigações da Lava-Jato a partir da delação premiada de Joesley Batista. O executivo disse que Rossi foi quem o apresentou a Temer em 2010. Batista diz que Temer solicitou o pagamento de mensalinho de R$ 100 mil a Rossi, que segundo o delator foi nomeado presidente da Codesp por indicação do peemedebista e também operava junto com Temer no Porto.

Na delação, o executivo do Grupo JBS também citou o chefe de gabinete da Presidência da Codesp na época de Rossi, Milton Elias Ortolan. De acordo com Batista, Ortolan também recebeu “mensalinhos” só que de R$ 20 mil. Os pagamentos teriam sido feitos após a saída dos dois da Docas.

Desde que seu nome veio à tona, Rossi nega irregularidades.

Redação

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