sexta-feira, 22, novembro, 2024

AI-5: Sonho ou realidade?

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José A C Silva

 

O Brasil, devido à família Bolsonaro, não sabe mais o que pensar, acompanhando o enfraquecimento da esquerda na América Latina. Muitas coisas pesam sobre o governo de Bolsonaro, principalmente seus filhos que atacam a esquerda de maneira insana, apresentando culpa no cartório, ainda para piorar, sempre obtendo o apoio do pai que não separa a presidência da sua família. Outro agravante é a briga de Bolsonaro com a imprensa, principalmente a Globo e a Folha de São Paulo – agora suspeito no assassinato de Marielle. Os brasileiros não sabem se, de fato, existe uma articulação para a volta da ditadura militar. O assunto causou reação nas redes sociais, no Congresso Nacional e no Supremo – o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sugeriu que o filho do presidente seja punido.

Na última sexta-feira, após a repercussão negativa de suas declarações sobre o Ato Institucional 5, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) recuou e pediu desculpas. No fim da tarde de quinta-feira, Eduardo tinha apontado o AI-5 como única solução para evitar o avanço da esquerda no país – neste jogo de difícil identificação daqueles que querem barrar a gestão de Bolsonaro que foi eleito pelo povo.

Em entrevista ao programa “Brasil Urgente”, na Band, o parlamentar disse que não existe a possibilidade da volta do instrumento que cassou direitos durante a ditadura militar.

“Eu peço desculpas a quem porventura tenha entendido que eu estou estudando o retorno do AI-5 ou achando que o governo, de alguma maneira, estaria estudando qualquer medida nesse sentido. Essa possibilidade não existe. Agora, muito disso é uma interpretação deturpada do que eu falei”, disse Eduardo, que ressaltou não fazer parte do governo.

 

Desculpas

Ele ainda afirmou que talvez tenha sido “infeliz” ao citar o AI-5 como possível solução para uma investida violenta das esquerdas. “Eu talvez tenha sido infeliz de falar no AI-5, porque não existe qualquer possibilidade de retorno do AI-5, mas, nesse cenário, o governo tem que tomar as rédeas da situação”, disse, comparando com os protestos ocorridos no Chile nas últimas semanas.

Em entrevista concedida ao canal no YouTube da jornalista Leda Nagle, Eduardo disse que será preciso dar uma resposta à esquerda, caso ela resolva radicalizar.

“Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual a do final dos anos 60 no Brasil, quando sequestravam aeronaves, quando executavam-se e sequestravam-se grandes autoridades, cônsules, embaixadores, execução de policiais, de militares. Se a esquerda radicalizar esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada”, disse o filho do presidente Jair Bolsonaro.

 

‘Está sonhando’

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) desconversou sobre a fala do seu filho. Ao sair do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que quem defende tal situação “está sonhando”. “O AI-5 já existiu e é coisa do passado – em outra Constituição – não existe mais. Esquece. Vai acabar a entrevista aqui. Cobrem deles. Quem quer que seja que fale em AI-5, está sonhando. Está sonhando! Não quero nem que dê notícia nesse sentido aí”, afirmou.

O presidente não quis entrar na polêmica e na repercussão negativa das declarações do filho dele, mas ressaltou que filho era adulto e poderia responder sobre suas atitudes. Porém, lamentou o que Eduardo disso.

“Olha, cobre você dele. Ele é independente. Tem 35 anos (idade de Eduardo), se eu não me engano, que ele é dono do seu (nariz)…. 35 não, tem uns 20 anos. Mas tudo bem. Lamento… Se ele falou isso, que eu não estou sabendo, lamento, lamento muito”, afirmou.

 

Conselho de Ética

A fala de Eduardo Bolsonaro repercutiu negativamente e o próprio presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a classificou como ‘repugnantes’ e passíveis de punição. Além disso, o PSOL e o PDT pretendem recorrer ao Conselho de Ética contra Eduardo Bolsonaro.

Redação

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