A organização planeja os últimos detalhes do evento, porém já se sabe que participarão desde pesquisadores, representantes das entidades dos trabalhadores, a direção da Volkswagen e da Toyota (duas das maiores indústrias automobilísticas do mundo), além de representantes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e outras instituições, que debaterão temas como o novo ciclo do etanol, carro híbrido: os desafios e oportunidades, da academia ao mercado, entre outros.
O Brasil, que há décadas já utiliza o etanol como combustível limpo, é classificado como a primeira economia sustentável com base em biocombustíveis do mundo e seu etanol de cana-de-açúcar é considerado o combustível alternativo mais bem sucedido até o momento. Entretanto, a indústria automobilística global passa atualmente por uma de suas maiores reinvenções e caminha para um futuro dominado pelo carro elétrico. A novidade, que norteará o encontro, é o desenvolvimento de veículos híbridos elétricos com propulsor a combustão flex ou movido exclusivamente a etanol.
A organização do encontro será da Prefeitura de Araraquara e a realização, além da própria Prefeitura, conta também com a Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da CUT-SP (FEM-CUT/SP) e Instituto de Química da Unesp Araraquara (CEMPEQC). Por enquanto, o evento conta com o apoio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, do Consórcio de Municípios da Região Central do Estado de São Paulo, da Volkswagen, da Toyota e da UNICA.
Erick Silva, presidente da FEM-CUT/SP, justifica a escolha de Araraquara como sede do ciclo de debates. “Faz todo sentido realizar esse evento em Araraquara. Nós estamos em uma região que tem inúmeros centros de pesquisas, três universidades públicas, UNESP, USP e Federal, nós temos a indústria canavieira, a indústria de produção de etanol, usinas, plantações com cana em muitos espaços de produção agrícola, temos uma fábrica de desenvolvimento de motores a combustão na região, em São Carlos, temos outras plantas do setor automotivo na redondeza, em Itirapina, Iracemápolis, além da indústria de autopeças. Ou seja, estamos em um centro que tem todos os componentes da cadeia produtiva, da cadeia automotiva, da cadeia da produção do etanol e da academia, do desenvolvimento da pesquisa em todos os campos. Então faz todo sentido fazer isso em Araraquara, com essa região absolutamente privilegiada em todos esses pontos de vista”, esclarece.
Manoel de Araújo Sobrinho, presidente Morada do Sol Turismo, Eventos e Participações S/A, que administra o CEAR, enfatiza a importância da realização do evento na cidade e chama a atenção para a relevância do tema, que aborda, entre outros fatores, o futuro do emprego nessa área. “Será um ciclo de debates para discutir o futuro do etanol e o futuro dos motores movidos a combustível. Juntamente com Volkswagen, Toyota, UNICA, empregados, empregadores e as universidades, faremos aqui um debate extremamente importante sobre o que acontecerá com o futuro dos motores, o futuro da indústria automobilística, o futuro da indústria de autopeças e o futuro da cadeia produtiva de etanol, que movimenta milhões de empregos no Brasil. Essa é uma discussão que cabe e é importante para todos”, avalia.
Ele acrescenta que a abrangência do tema vai muito além da mobilidade urbana. “Os especialistas têm dito que se nós caminharmos simplesmente para um modelo de carro elétrico que despreze o etanol, que despreze a tecnologia que nós temos hoje empregadas no automóvel, que é muito maior do que simplesmente motor porque movimenta peças, baterias e outros componentes, isso terá consequências também no meio ambiente porque baterias movidas a eletricidade demandam outros metais raros. Por isso é uma discussão conceitual, mas também uma discussão que define o futuro, e principalmente o futuro do estado de São Paulo e o futuro da indústria instalada no Brasil, que produz e tem o etanol como base energética extremamente importante, que tem uma rede de postos instalada em todo o país, que tem uma cadeia produtiva e que movimenta milhões de empregos”, alerta.
Manoel menciona ainda que se simplesmente for alterada a matriz de um motor de combustão no padrão flex para um padrão elétrico, será provocada uma mudança que terá consequências para toda a cadeia produtiva e para toda a sociedade. “O que os metalúrgicos, o que a indústria automotiva, a Volks, a Toyota e a UNICA vêm discutir com as universidades, com as lideranças locais através do prefeito Edinho, é esse futuro”, completa.
Para ele, as discussões propostas no encontro serão fundamentais para orientar decisões que serão tomadas em torno desse processo de transição que afetará a vida de toda a sociedade. “Devemos atrair a atenção de pessoas para além da universidade, além da indústria automotiva, além da indústria do etanol e além da indústria de motores e autopeças, porque isso movimenta todo mundo, desde o posto de gasolina, o frentista que vai deixar de existir, entre outros. Estamos falando o que vai mudar nos próximos 20 ou 30 anos, ou seja, a mudança está aí. Talvez até antes. A decisão que a indústria tomar agora pode ter consequências extremamente complexas para o futuro. Esse é o debate que nós realizaremos aqui no dia 6 de outubro”, conclui Manoel.