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Liz Under representa Araraquara entre os premiados do 22º Território da Arte com a obra visceral e ritualística “Dissociação”

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Única artista de Araraquara a receber prêmio nesta edição do Território da Arte, Liz Under foi contemplada com o Prêmio Destaque pela obra “Dissociação”, reafirmando sua potência criativa e a relevância da produção artística local no circuito contemporâneo nacional.

Artista visual autodidata, Liz transita com liberdade entre técnicas têxteis, assemblage, fotografia, gravura e escultura. Sua produção é atravessada por temas como o desmembramento, a dissolução da identidade e a efemeridade.

A artista iniciou sua trajetória frequentando as Oficinas de Litogravura do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), em 2018. Desde então, participou de exposições em espaços como a Galeria Transarte (SP), o Museu de Arte de Ribeirão Preto (SP), o Salão Nacional de Arte Contemporânea de Goiás, e espaços internacionais como o Festival Feminista de Lisboa (Portugal) e o Espacio Pira, em Barcelona. Ainda, neste ano (2025), realizou sua primeira individual em Araraquara, “Espécie Encarnada de Sonho”, via Lei Paulo Gustavo.

Tesouras em caixas – A obra premiada, “Dissociação”, é composta por 81 tipos de tesouras — cirúrgicas, de costura, de remoção de flechas, de cabelo — acondicionadas em nove caixas que evocam um móvel-memorial. Criada a partir de objetos reutilizados e relíquias visuais, a obra articula uma atmosfera ritualística, tensionando os limites entre o onírico, o simbólico e o físico.

“Pensei em uma obra com tesouras como se fossem relíquias, objetos valiosos que carregam consigo o poder da criação e também da aniquilação”, afirma Liz. “’Dissociação’ é também o fim de um ciclo, onde eu finalmente consegui materializar a despersonalização em arte.”

A inspiração veio de um sonho marcante: “Sonhei com uma figura esquálida, de cabelos brancos e olhos dourados, que me sufocava com a minha própria linha da vida. Foi inevitável pensar nas Moiras e em Átropos, a implacável que detém o poder sobre a vida e a morte em um único corte”, conta a artista. A obra carrega esse entrelaçamento de memórias, mitos e experiências íntimas, resultando em uma criação que impressiona pela força simbólica e plástica. “No final, a mesma tesoura usada para cortar o fio da vida é também aquela utilizada para cortar o frágil tecido da realidade dos nossos olhos”, aponta.

Território – A presença de Liz entre os reconhecidos pela curadoria do Território da Arte destaca a potência dos talentos artísticos do interior paulista e inscreve Araraquara no mapa da arte contemporânea brasileira. Ao lado dela, foram premiados na mostra os artistas: Adriana Amaral (Ribeirão Preto), com o Prêmio Referência; Gunga Guerra (Moçambique/Brasil) e Vika Teixeira (RJ), também com Prêmio Destaque; e Carol Pachioni (Praia Grande), com o Prêmio Perspectiva Futura.

A mostra do 22º Território da Arte reúne 52 artistas de diversas regiões do Brasil e pode ser visitada no Teatro Municipal Clodoaldo Medina. A exposição é uma realização da Secretaria Municipal da Cultura e Fundart e reafirma o evento como um dos mais relevantes espaços de arte contemporânea do interior paulista.

A visitação é gratuita e ocorre até 8 de junho, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. O Teatro Municipal Clodoaldo Medina está localizado na Praça Lívio Abramo, no Jardim Primavera.

SERVIÇO

Exposição das obras selecionadas e premiadas no 22º Território da Arte de Araraquara

Local: Teatro Municipal Clodoaldo Medina (Av. Bento de Abreu, s/n° – Praça Lívio Abramo – Jardim Primavera)

Período: até 8 de junho

Visitação: segunda a sexta, das 9h às 17h

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