José A C Silva
As opiniões dos brasileiros sobre a privatização das estatais divergem, ainda para piorar o presidente recém-empossado quer acabar com a esquerda no país. Qualquer pessoa em sã consciência não faria este discurso de Bolsonaro. O que precisa é colocar na cadeia corruptos de esquerda e direita, inclusive alguns próximos do dirigente eleito. Sabemos que as estatais são saqueadas de longa data, caso fossem administradas honestamente dariam lucro.
Pesquisa Datafolha
Brasileiro rejeita privatização, diz Datafolha Apesar da vitória de liberais, 60% são contra vender estatais, e 57%, contra redução da CLT. As eleições de 2018 consagraram políticos que se diziam comprometidos com princípios liberais na economia, como o presidente Jair Bolsonaro e os governadores João Doria (SP) e Romeu Zema (MG). Mas dois itens usualmente associados a esse ideário, privatizações e redução das leis trabalhistas, são rejeitadas pela maioria dos brasileiros: 60% e 57% dos ouvidos pelo Datafolha sobre as práticas, respectivamente, discordam delas. A pesquisa, realizada em 18 e 19 de dezembro, ouviu 2.077 pessoas em 130 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos. Ela aponta que 34% concordam que o governo deve vender o maior número possível de suas empresas. Outros 5% não têm opinião formada, e 1% se diz neutro. Tema presente de discussões eleitorais desde o pleito de 1989, a venda de estatais passou os anos do PT no poder (2003-2016) como um tabu. É um clássico do marketing político o efeito que a associação entre o PSDB e a prática teve na candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência em 2006. O tucano chegou a envergar um macacão com logomarcas de estatais, só para terminar o segundo turno com menos votos do que o primeiro, sendo derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Hoje, apenas entre partidários da sigla de Bolsonaro, o PSL, o apoio às privatizações é majoritário: 65% defendem a medida. Já entre aqueles que simpatizam com o PSDB, partido historicamente ligado à privatização devido às ações do governo Fernando Henrique Cardoso (1995- 2002), o número cai a 41%. Os petistas estão na ponta contrária, com o menor apoio entre quem declara simpatizar com partidos (29%). Mesmo o novo presidente titubeia sobre o assunto. Enquanto seu ministro da Economia, Paulo Guedes, defende privatizações amplas, ele já fez a defesa de manter estatal o que considera estratégico. Nesta sexta (4), Bolsonaro levantou dúvida sobre a compra da divisão de aviação civil da Embraer.
O Datafolha perguntou, em pesquisa com 2.077 pessoas de 130 cidades feita em 18 e 19 de dezembro, se o entrevistado concordava ou não que a questão da remuneração feminina era um problema das empresas, e não do governo. Metade dos ouvidos discordou. Outros 47% concordaram, um empate dentro da margem de erro de dois pontos com o percentual de quem concorda, enquanto 1% se disse neutro e outro 1% não soube responder. Entre as mulheres, 52% acham que é problema do governo, enquanto 45% disseram que era assunto das empresas. Já entre homens, houve empate em 49% dos que concordaram com o enunciado e 48% que discordaram. Na estratificação, se destacam entre grupos que acham que a questão não é só das empresas os mais jovens (de 16 a 24 anos, 58%) e quem tem curso superior (56%).