Câmara de Araraquara debate combate à violência digital contra crianças e adolescentes

Audiência pública reúne especialistas e autoridades para discutir ações de enfrentamento aos crimes virtuais

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Na noite de quarta-feira (16), a Câmara Municipal de Araraquara sediou a audiência pública “Combate à Violência em Ambientes Digitais contra Crianças e Adolescentes”. O evento reuniu representantes do poder público, especialistas em segurança digital e entidades da sociedade civil para discutir os crescentes casos de violência virtual envolvendo o público infantojuvenil.

O encontro também marcou o lançamento de um grupo de trabalho idealizado e coordenado pelo deputado estadual Rafa Zimbaldi, que pretende atuar ao lado de especialistas das áreas jurídica, educacional e psicológica. O objetivo do colegiado é articular estratégias de prevenção e apoiar investigações que levem à identificação e punição de criminosos digitais.
“Não podemos normalizar a violência que acontece atrás das telas. Nosso papel é criar mecanismos de proteção, atuar na prevenção e garantir que criminosos sejam identificados e responsabilizados e impedir que plataformas repassem este tipo de assunto. A urgência é agora”, afirmou Zimbaldi.

Proposta pelo vereador Enfermeiro Delmiran, a audiência teve como objetivo chamar atenção para o aumento dos casos de crimes virtuais, como cyberbullying, assédio, aliciamento e exposição indevida, que afetam diretamente o desenvolvimento emocional e social de crianças e adolescentes no Brasil. Também participaram da sessão a vice-prefeita e secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Meire Laurindo, prefeitos e vereadores de várias cidades da região e representantes de conselhos tutelares e secretarias municipais.

A jornalista investigativa Carla Albuquerque, especialista em crimes digitais, foi a palestrante da noite e destacou a gravidade do cenário atual. Segundo ela, o ambiente digital, embora traga oportunidades de aprendizado e socialização, também expõe crianças e adolescentes a riscos severos.
“A internet não é um espaço neutro. É urgente desenvolver políticas públicas específicas para coibir abusos, punir criminosos e responsabilizar plataformas que permitem ou disseminam conteúdos violentos”, afirmou.

Dados recentes da ONG SaferNet e da pesquisa TIC Kids Online, divulgada pelo Cetic.br, mostram que 93% das crianças e adolescentes brasileiros estão conectados à internet, sendo que 98% acessam via celular. Do total, 83% possuem contas em redes sociais, mesmo que plataformas como Instagram e TikTok determinem idade mínima de 13 anos. Entre os usuários de 9 a 10 anos, 60% já estão ativos em pelo menos uma rede. Cerca de 30% dos jovens entrevistados afirmaram ter interagido com pessoas desconhecidas pela internet.

As estatísticas também revelam a vulnerabilidade emocional desses jovens. Quase um terço dos adolescentes entre 11 e 17 anos já passou por situações desagradáveis ou ofensivas online. Muitos, porém, não compartilham essas experiências com adultos. Em 2024, foram registradas mais de 53 mil denúncias de crimes sexuais online envolvendo menores.

A audiência pública evidenciou que o enfrentamento à violência virtual exige urgência, articulação institucional e políticas públicas sólidas. Proteger crianças e adolescentes na internet é uma responsabilidade coletiva e inadiável.

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