sexta-feira, 20, setembro, 2024

Características do mundo moderno – 3

Mais lido

Nos artigos anteriores anotamos quatro características do mundo moderno observadas nos últimos 20 anos, no dia a dia, sem pretender aprofundá-las, sequer criticá-las.

São elas: a ampla liberdade que as pessoas desfrutam; a necessidade de se fazer tudo apressadamente; a depressão, doença já considerada o mal do século e o uso obsessivo do telefone celular. E, para terminar esta série, sempre subjetivamente, claro, há mais duas: uma, mais séria, a ampla disseminação da pornografia e, outra, a do culto da tatuagem.

Todas elas, com exceção da depressão, têm por fundamento básico a liberdade. Não houvesse liberdade ou alguma outra forma de repressão, religiosa ou social, talvez também existissem, mas não com tanta intensidade.

É o caso da pornografia, que, literalmente significa “escrever sobre prostitutas”, mas o termo ampliou-se com o significado de libertinagem, de imoralidade. Diferente da obscenidade, a prática de um ato sexual “obscuro”, realizado “entre quatro paredes” e diferente também do erotismo, a exaltação do sexo, do amor, a “função libertadora do eros” do indivíduo, da sociedade, encontrada também nas manifestações culturais.

Todas existentes há milhares de anos, mas a pornografia nos últimos tempos foi potencializada com facilidade pelo uso do celular, da internet. Antes era objeto de intensa repressão social; hoje banalizou-se tanto que, embora ainda seja reprimida, já não mais é considerada como “pecado”.

Ao contrário: entende-se ela como a liberdade que todo ser humano possui sobre o seu próprio corpo, sobre sua sexualidade, desde que não viole as leis do Estado que, nalguns casos consideram-se como crimes.

A família, a escola e a religião, que deveriam orientar as gerações contra o uso e o abuso da pornografia, da imoralidade sexual, não estão conseguindo controlá-la. Consequência direta da expansão do conhecimento, à mão de qualquer pessoa, crianças, adultos e idosos, de qualquer posição social. O que antes tal conhecimento era restrito e oculto, encontrado em livros e exclusivo das elites, hoje já não mais o é.

E a tatuagem, a antiga arte de desenhar na pele, comum entre os indígenas do Taiti e nos daqui, a mostrar a importância de seu portador e também encontrada entre os marinheiros e prisioneiros, disseminou-se mundialmente.

A não nalguns lugares onde ainda é vista com maus olhos, ela popularizou-se principalmente entre os jovens, como uma forma de “épater le bourgeois”, de chocar a sociedade tradicional. Tal como um grito de revolta da juventude, da nova geração contra a antiga.

E tão aceita, que hoje é raro encontrar-se alguém não tatuado. Até mesmo entre os idosos, talvez como uma forma de retorno à juventude perdida e reprimida, fazem questão de ser tatuados. Fora os “piercings”, uma extensão da tatuagem, penduricalhos vistos em todas as partes visíveis e invisíveis do corpo, orelhas, nariz, lábios e genitais.

Talvez todas essas características dos fins do século passado e destes últimos anos, sejam resultado de uma perda dos antigos valores tradicionais da sociedade conservadora, mas que ainda não se conseguiu substituir por outros.

Um vazio existencial.

Redação

Mais Artigos

Últimas Notícias