Congestionamentos fazem parte do cotidiano. Cada vez mais comum no interior e no litoral paulista, a falta de mobilidade no trânsito é apenas uma das grandes demandas dos centros urbanos. Geração desenfreada de resíduos, poluição do ar, ocupação irregular de encostas e falta de habitação também compõem a longa lista de problemas causados pelo crescimento desordenado das cidades.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) projeta que, em 2050, 60% da população brasileira será adulta, aumentando substancialmente a demanda por moradias. Até 2050, 70% da população mundial deve viver em áreas urbanas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Absorver o crescimento populacional atrelado a iniciativas socioambientais é o grande desafio para o desenvolvimento de cidades mais inteligentes e sustentáveis.
Este tema tem norteado a discussão de diversas entidades que buscam melhorar a relação entre pessoas e espaços urbanos. A própria ONU estabeleceu tornar as cidades mais sustentáveis como um dos 17 desafios da Agenda 2030 – ação de enfrentamento de questões urgentes que atingem o mundo.
Órgãos da área tecnológica têm colaborado com o debate. Como signatário da Agenda 2030 da ONU, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) está mapeando a realidade das cidades paulistas para estimular o desenvolvimento urbano sustentável.
O diagnóstico começou a ser feito nos encontros do Colégio Regional de Inspetores, eventos regionais de capacitação para os profissionais voluntários que auxiliam a fiscalização do Conselho. Nessa edição do Colégio, a temática abordada foi sobre o conceito de cidades inteligentes, para contribuir com a elaboração de projetos nos municípios. O resultado soma propostas que contemplam todas as regiões do Estado e serão destrinchadas em um relatório, apresentado em março e compartilhado com os governos paulista e municipais.
Para o presidente do Crea-SP, Eng. Vinicius Marchese, a Engenharia tem um papel fundamental na transformação das cidades e precisa assumir o protagonismo de agente
transformador. “O objetivo do Conselho é colaborar com a construção de projetos que impactem positivamente toda a sociedade. Para isso é necessário capacitar e fomentar o
envolvimento de profissionais da área tecnológica para esse debate. Referência nacional em tecnologia e inovação, o estado de São Paulo precisa estar à frente deste movimento que promove cidades mais inteligentes e sustentáveis”, resume Marchese.
Exemplo de iniciativa pioneira que foi citada durante os encontros do Colégio Regional de Inspetores é o sandbox, espaço de experimentação de recursos de cidades inteligentes, mobilidades e tecnologias relacionadas. Em outubro de 2021, o Governo do Estado criou o primeiro ambiente de teste do país em São José dos Campos.
Em linha com a proposta do sandbox e visando fomentar projetos sustentáveis e inovadores, o Crea-SP atua no suporte ao desenvolvimento de hubs de inovação, juntamente com as entidades de classe. Esses espaços têm por objetivo aproximar
profissionais, startups, empresas, investidores, instituições de ensino e setor público.
Duas dessas estruturas, em Mogi Mirim e Adamantina, já foram criadas e reforçam o protagonismo dos profissionais da Engenharia, Agronomia e Geociências no processo de transformação.
“Precisamos propor iniciativas em nossos municípios que melhorem a qualidade de vida dos cidadãos e os serviços urbanos, como a distribuição e consumo de água, controle da
poluição, destinação correta dos resíduos e segurança pública”, afirma Marchese, complementando: “Temos que preparar as nossas cidades para o futuro por meio de soluções inteligentes.”