sexta-feira, 22, novembro, 2024

Elas se unem contra os retrocessos

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Deputada Estadual Márcia Lia

Nos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, neste 10 de dezembro, o Brasil caminha na contramão da defesa dos direitos fundamentais de seu povo com a montagem de um futuro governo que parece não os reconhecer. Não apenas o Brasil, mas parte dos países latino-americanos cujas parlamentares e lideranças participaram do 4º ELLA, Encontro Latino-americano de Feminismos, e com as quais conversei no último final de semana, na Argentina.

O retrocesso nos direitos das mulheres e trabalhadores do campo e da cidade, dos indígenas, das negras e negros e LGBtQIA+ é quase uníssimo nas falas. A direita radical que se instala em muitos de nossos países afronta até mesmo a direita democrática. E quer suprimir a esquerda.

Optamos, ao final do 4º ELLA, por nos unirmos em reação aos crescentes ataques contra nossos direitos e, especialmente, aos das populações e mulheres mais pobres.

No encontro de parlamentares ficou clara a importância da utilização dos nossos espaços institucionais, nossos mandatos, nessa luta.

Chama a atenção que o próprio papa Francisco, em pronunciamento neste dia 10, tenha pedido exatamente a mesma coisa a quem detém espaços institucionais, colocá-los em defesa dos direitos humanos. O papa nos aponta a não hesitação de muitos governos em privilegiar o lucro em detrimento da vida, das pessoas e do meio ambiente. Ouvi isso de muitas companheiras e estamos vivendo isso no Brasil. Os direitos humanos estão cada vez mais fora da pauta, quando o movimento deveria ser exatamente o contrário, até se quisermos preservar a vida no planeta.

O 4º ELLA permitiu aprofundar nossa visão de defesa dos direitos e do empoderamento das mulheres e a proposta de articularmos um Fórum Social Mundial Feminista mostra a urgência em fincarmos nossas bandeiras em solo adverso, em terreno pantanoso para os direitos humanos e das mulheres. A proposta é realizar o Fórum no Brasil, em 2020, e na pré-agenda um 08 de março de articulação e luta.

A construção coletiva dessa agenda comum nos dará força nos espaços que hoje ocupamos e que abrimos para o diálogo e atuação de tantas outras lideranças e organismos ativistas dentro do nosso mandato.

A gravidade da onda conservadora que quer varrer a dignidade de muitos povos será enfrentada pelas mulheres latino-americanas e quiçá, do mundo, com a energia que movimenta os femininos, os feminismos e a sua capacidade de articulação, de resiliência e de amar seu semelhante.

Redação

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