Acordei inquieta. Com pressa na alma, empacotei fantasias e desejos, sem saber para onde iria, sem saber se conseguiria carregar tudo aquilo . O presente que ganhei torci como se uma toalha molhada o fosse. Desejava queimar todas os estandartes ”insólitos, dessa Pátria amassada, tão descuidada, por tudo o quanto eu julgava insólito.
Religuei o coração. Tingi o vento da cor que mais gosto…o azul”. Olhei pela fresta da porta. Para uma mudança, nada melhor que asas. Cerzi então asas em minhas costas e parti. Topei com sonhos, aventuras, paixões . Lembrei daquele que mais amei um dia, mas logo determinei a independência dessa condição.
Tomei fôlego e subi o mais alto que minha coragem permitiu.
Uma palavra resvalou por minha mente fazendo- me lembrar que sai para mudar, pelo menos , vida, sentimentos e amarguras. Nada conseguiria para arrumar minha Pátria tão traída, e violentada, resolvi que iria em busca de um jeito de ser feliz.
Descosturei as asas de minhas costas e dei para um transeunte que por ali passava.
Andei até chegar no colo de minha Santa preferida. Orei, adormeci.
Passado um tempo, cansada de esperar por um mundo onde os corações batessem em sintonia, peguei na cauda de um cometa .
Fui vista dias desses por um astronauta, num “planeta indefinido”, arando sentimentos nobres para uma pessoa que no mesmo dia que dera minhas asas, desprendeu-se da sua e ofertou a alguém que desejasse . Havia também grudado na cauda de um cometa. Assim nos encontramos.
Gostaria que fosse ali minha Pátria, mas como ser feliz nessa Pátria onde nem mesmo as águas eles” lavam”, e a jogam carregadas de barro, sobre seus filhos que a amam. Desejava ser feliz, mas que essa felicidade tão desejada fosse a de todos que nela acreditavam. Foi por conta disso que “criei” asas e voei.
Assim encontramos a felicidade da maneira mais simples .
Arávamos poesias, a lua nos embalava. O sol abria seu sorriso.
Não fugimos de nada, sim fomos ao encontro da felicidade que na Terra no nunca, (por ora) não encontraríamos. Amanhã talvez.
O astronauta que um dia vira, bateu uma foto. Nela, nossas almas parecem misturadas. Foi fácil vê-las com elementos que a ideologia hodierna permite —. A luz da alegria de um, refletida na lágrima da felicidade do outro.
(Apologia do conto do livro de Alexandre Dantas).”Pequeno conto acerca da felicidade”