sexta-feira, 22, novembro, 2024

Estudantes e professores tomam as ruas do Centro em defesa da educação pública

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Ariane Padovani

Professores e estudantes dos três campi da Universidade Estadual Paulista de Araraquara (Unesp), do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia (IFSP), estudantes secundaristas, além de membros de partidos políticos de esquerda e população em geral se uniram na tarde dessa quarta-feira (15) e tomaram as ruas do Centro de Araraquara em manifestação contra o bloqueio de verbas federais para as áreas de Educação, Ciência e Tecnologia, incluindo o corte de pagamento de bolsas de mestrado e doutorado, anunciado pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. A multidão seguiu pelo percurso gritando palavras de ordem contra o governo Bolsonaro como: “Ai, ai, ai, ai, se empurrar o Bozo cai”, “Tem dinheiro pra milícia, mas não tem para a educação” e “Não vão pôr a mão na educação”, foram algumas das frases entoadas.

Aproximadamente 5 mil pessoas se concentraram na Praça Santa Cruz e, acompanhando um carro de som da Central Única dos Trabalhadores (CUT), percorreram a Rua São Bento, protestaram até chegarem a frente da Câmara Municipal onde fizeram um “ola” e, em seguida, desceram a Avenida Portugal até a Rua Nove de Julho de onde seguiram até a Praça Santa Cruz, chamando a atenção dos comerciantes e pedestres com cartazes e faixas.

Insatisfação com o governo
As estudantes da Unesp Gabriele Figueiredo, Mariana Castro e Letícia Turquiai fizeram questão de participar da manifestação para registrar suas insatisfações com as medidas tomadas pelo atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).“A gente acha um absurdo o que está sendo esse governo, todas as propostas, e a gente veio aqui por uma boa causa, para impor o nosso lado e mostrar para todo mundo que isso aqui é um absurdo, uma injustiça”, relatou Mariana, aluna do curso de Química.

Já Márcia Camargo, de 42 anos, estava acompanhada dos três filhos, Kauê Ramiro, de 13 anos, Inaiá Ramiro, de 12 anos, e Henri Ramiro, de 8 anos, estudantes do ensino fundamental, para engrossar os protestos e garantir que as crianças tenham o ensino público quando chegar a hora de irem para a universidade. Eles escreveram uma carta para o ministro da Educação, Abraham Weintraub, fazendo um apelo pela educação. “Nós perguntamos por que ele está fazendo isso e falamos sobre a situação do Instituto Federal aqui de Araraquara, que está em estado precário”, contou Kauê.

O professor do curso de Pedagogia e presidente da Associação dos Docentes da Unesp (ADUNESP), Ricardo Ribeiro, falou com exclusividade ao O Imparcial e disse que esse é primeiro movimento robusto na ruas para manifestar a insatisfação das pessoas com a ‘nau sem rumo’ que se transformou o Brasil. “Esse movimento é muito significativo. A gente assegurou uma unidade no campo democrático. A gente deixou claro para o Bolsonaro que não dá para governar assim, não é uma aceitação plena e absoluta dos absurdos que estão acontecendo no país nesses últimos meses. Parece até que ele está governando há anos”.

Suspensão de bolsas
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), uma fundação do Mistério da Educação (MEC), recolheu cerca de 189 bolsas de estudos na semana passada. A entidade suspendeu 3.474 bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado em várias universidades pelo país.

A Pró-Reitoria de Pós-Graduação (Propg) da UNESP disse em nota que foram recolhidas pela Capes 89 bolsas de estudo de mestrado, 97 de doutorado e três de pós-doutorado.

Manifestações durante todo o dia
As manifestações a favor da educação tiveram início por volta de 6h30, quando estudantes dos quatro campus da Unesp de Araraquara se reuniram a princípio em frente ao Campus da Química da Unesp e, em seguida, seguiram para a portaria do campus da Faculdade de Ciências e Letras, onde um grupo de cerca de 350 pessoas, entre estudantes, professores e funcionários da Unesp debateram as reivindicações contra os cortes na educação.

Protesto nacional
Os protestos e paralisações contra o bloqueio de recursos para a educação aconteceram em todo o país, em ao menos 221 cidades. Houve atos pacíficos em todos os estados, incluindo o Distrito Federal.

 

Redação

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