sábado, 23, novembro, 2024

O adorável Rubinho Mazzoni

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Rubinho foi o primeiro cobrador da linha do Selmi Dei. A empresa era a Turismo São Carlos

Da redação

Rubinho: Alegre e brincalhão. Homem de fé e grande luta, sensível e generosoRubinho Mazzoni é único. Cheio de uma alegria contagiante. Perto dele a tristeza não tem vez e mesmo que ele próprio não esteja bem. Ele não é muito ‘dado’. É o jeito dele. Se chegar a um lugar e ficar parado e quieto, simplesmente ‘morre’. Tem que falar com alguém, dar risada e se vê uma pessoa triste faz com que também sorria e aqueles 15 minutos que ficou perto daquela pessoa e por um momento a fez rir, já valeu para ele.

Para ele, a pessoa precisa se dar o direito de ser humana, permitir que a carreguem no colo por alguns momentos. Tanto que acredita que o que mais falta para a saúde em geral é o amor. Ele acha que, principalmente nos postinhos de saúde, as pessoas deveriam ser recebidas com um belo de um bom dia, pois muitas vezes as pessoas não vão até lá em busca de consulta, mas de atenção, de carinho. Não liga que seu jeito de ser incomode as pessoas.

Um pouco de Rubinho

Rubens Mazzoni nasceu no dia 6 de junho de 1964, em Araraquara. É filho de Rubens Constâncio Mazzoni e de Aurea Gacria Mazzoni, que foi Miss São Carlos e irmão de Valmir, Jaqueline e Roberta.

Cresceu entre a Vila Xavier e o Selmi Dei. Na Vila ficou até os 15 anos, onde morava perto do Cotinha de Barros.

A infância sofrida não foi nada fácil para o menino que aos nove anos ao invés de jogar bola ia trabalhar na roça. Subia no caminhão que a cada dia ia para um lugar, mas a primeira vez foi na Fazendo Fitipaldi, onde o turmeiro era o Seo João da 13 de Maio. Colheu algodão e muita laranja. Ia junto com o irmão, de 7 anos, que de estatura mais baixa apanhava as laranjas na parte de baixo, enquanto ele mais alto pegava as de cima. Ganhavam por caixa. Para eles ganharem um dinheirinho bom, que entregavam para o pai, na semana tinham que fazer pelo menos 100 caixas.

O pai foi militar, mas depois acabou se afastando por conta de uma adversidade. Trabalhou na Cutrale descarregando caminhões de laranja.

Já a mãe, fazia de tudo um pouco: lavava roupa para fora, fazia bolão, rifa, que Rubinho, como é carinhosamente chamado, se encarregava de vender para comprar a mistura.

Nessa época teve que abandonar os estudos na Escola Lea de Freitas Monteiro. Retomava os estudos quando não havia safra e isso acabou retardando os seus estudos. Posteriormente resgatou o ensino, mas não chegou a terminar o ensino médio.

Dia de felicidade suprema: casando com Maria Cristina, o amor da sua vida

Mudando de vida

Em1978 a família se mudou dos fundos da casa do avô para o Jardim América e a vida começou a dar uma clareada: Rubinho arrumou um serviço no Sé supermercados como pacoteiro, seu irmão como guarda mirim na Zogbi e seu pai na Villares. Assim, tudo foi melhorando.

Em 1980, a família se mudou para o Selmi Dei para uma casa financiada através da Caixa Econômica. Foram os primeiros moradores do setor III, na rua 30. “Nós mudamos para lá e não tinha nada. Nenhuma infraestrutura de água e esgoto. Meu pai pegou a chave no Gigantão pela manhã e à tarde a gente já tinha mudado. Tudo parta fugir do aluguel. Lembro-me da sensação de orgulho, da alegria de entrara na casa própria, sentimento semelhante que senti ao pegar a minha própria casa quando me casei”.

A família viu o bairro ir se formando. Rubinho saia a pé pela manhã para ir comprar pão no Uirapuru. Era muito longe. E foi numa dessa que um dia o gerente da Turismo São Carlos o viu caminhando e ofereceu carona. Conversa vai, conversa vem, ele contou da intenção da empresa de colocar coletivo no bairro e Rubinho especulou se iam contratar funcionários. Como a resposta foi positiva, pediu uma oportunidade. Foi assim que começou a trabalhar como cobrador de ônibus.

Ficou como cobrador na empresa durante uns quatro anos. E foi ali o campo onde cultivou o interesse pelas pessoas. “Chega um ponto que a gente chega até a aconselhar as pessoas, pois as mesmas acabavam durante o trajeto, pegando amizade, desabafando com ele. “Todo dia você estava ali naquele horarinho, a pessoa com a marmitinha dela. Foi ali que comecei essa parte minha de querer ajudar, pois ficava sabendo de casos de pessoas passando necessidade. Ali no ônibus ficava sabendo da vida de todo o mundo”.

E foi assim, ouvindo as histórias das pessoas que seu lado solidário aflorou.

Depois que saiu da empresa de ônibus foi para a Villares, onde trabalhava no PLO, apontamentos de obras, cobrava as horas trabalhadas dos funcionários. Ficou ali por dois anos.

Da Villares foi para CTA, onde entrou como jardineiro. “Aquele jardim que tem lá frente eu ajudei a fazer. Era um gramadão”, conta.

Na CTA ocupou diversas funções, como a de jardineiro, porteiro, cobrador, trabalhou no RH e no jurídico, manobrista, motorista, onde fazia Corujão, foi chefe da oficina e saiu como supervisor de oficina. Acabou saindo por incompatibilidade de ideias quando ao expor sua opinião um superior não gostou e pediu para o prefeito tirá-lo de lá, sem considerar seu profissionalismo. “Dei graças a Deus, ele humilhava demais os funcionários e eu não aguentava isso. Para mim não deu. Amava o que eu fazia, mas depois aprendi que Deus nos prepara uma coisa diferente. Acabei indo para a OP (Orçamento Participativo). Para mim, 2011 foi um dos melhores OP’s até hoje. Foi muito bom trabalhar lá. Voltaria correndo pra lá. É muito empolgante mobilizar os bairros, as pessoas, ‘vender’ uma ideia do que as pessoas estão precisando. Era uma competição sadia para o bairro, pois cada assessor tinha sua região. Eu atuava no Vale do Sol e Maria Luiza”.

Na OP aprendeu tudo o que o povo gosta e que a frase ‘pão e circo’ realmente tem fundamento. Um entretenimento, como um show no bairro é muito bom, ameniza a dureza do dia a dia.

Depois foi para a Saúde para ajudar Delorges na implantação e fiscalização do ponto dos médicos e vários outros tipos de serviço. Ficou até dezembro de 2016.

A família é o seu maior tesouro

Mais um capítulo: Câmara Municipal

Quando Zé Luiz (Zé Macaco), um dos parceiros de Rubinho na época de OP e um de seus mais fiéis aliados na luta pelos mais necessitados, foi eleito vereador nesta última eleição, o convidou para ser um de seus assessores – não está mais lá por conta das novas regras da câmara que exige ensino superior para assessores. “A minha experiência na Câmara foi que descobri que a maioria do povo não sabe distinguir uma Casa de Leis, onde o vereador tem que ver projetos para a cidade, fiscalizar tudo que diz respeito a cidade. Grande parte da população acha que ali é a porta da esperança e que tudo vai ser resolvido. O vereador pode ir até a página 3,4, conseguir um pedidinho com prefeito de tapa buraco, que não pé a função dele como vereador, mas o povo confunde muito essa questão”, diz acrescentando que pensa muito em grêmio estudantil, forte, começar a se ensinar política nas escolas abordando questões como se faz política, o primeiro voto. Acredito em ajudar os jovens. Hoje estão todos absorvidos pelo celular. Aumenta, por exemplo, a gasolina todo dia e ninguém se mobiliza pra nada. Ou a gente acorda ou vamos todos para o buraco”.

Paciência e respeito

Rubinho é casado com Maria Cristina. Conheceu aquela que viria a ser sua esposa no Melusa, em 84. “Do meu lado foi amor à primeira vista. Ela deu trabalho, cerquei muito (conta rindo). Foi muito chaveco, muito paquera. Não via a hora de chegar o sábado para ir ao clube para encontra-la. Até que em um baile do Havai em 17 de novembro de 1984, a gente estava dançando eu ‘chavequei’ e dei lhe um beijão”.

O casal contraiu matrimônio em 88 na igreja Nossa Senhora Aparecida. O celebrante foi o padre Bento. Dessa união nasceu Bruno, hoje com 27 anos e Gabrielli com 18.

Esse seu jeito extrovertido de ser vem de tudo que passou na vida. Sempre procurou fazer diferente aquilo que via que causava mal. É um pai presente, amoroso e incentivador dos filhos, orientando-os a estudar. “Família é tudo. Hoje estou aprendendo a separar serviço, família. Quando estava na saúde até 2016 não sabia fazer isso. Tirava as coisas de casa para ajudar os outros. Não conseguia ir embora para casa se a pessoa não tinha o que comer. Ia pegar comida em casa, remédio e levava. Mas hoje o Dr. Wladimir está me fazendo enxergar que existe uma barreirinha que preciso separar para minha família. Primeiro eu não tinha hora. Praticamente 24 horas ajudando os outros. Tenho que curtir meus filhos que estão grandes. Sempre tive o apoio deles que muitas vezes me acompanhavam em eventos solidários para também ajudar bem como minha esposa. Até hoje encontro pessoas que ao me encontrar chamam pelo meu nome cheios de gratidão”.

Como sempre foi envolvido com a população, briga muito pelo primeiro emprego para tirar a criançada da rua. “Comecei a trabalhar cedo. Não mata, não dói e ainda forma as pessoas. Quanto a cidade, o povo é bom, mas desconhece a força que tem, aceita muito fácil coisas. Não tenho uma religião certa. Tenho fé. Estando tudo bem com todo mundo para mim está tudo certo”.

Redação

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