Por_José Maria Viana de Souza
Me contive até agora em meter a colher na guerrilha radical em que se tornou a eleição
presidencial brasileira. Tenho visto de tudo: da mais inocente insipiência a mais sórdida falta
de caráter em fazer vista grossa à ladroagem, a corrupção e a mentira. Não obstante o caráter
do voto se compor mais de emoção que de racionalidade, me deixa perplexo a profunda
ausência da sensatez nesse momento nacional.
É certo que apesar de vivermos numa democracia, os verdadeiros valores democráticos ainda
não estão completamente introjetados na alma brasileira. A democracia é falada e exigida,
todavia não é vivida nas instituições, no respeito entre as pessoas e principalmente na família.
Não há democracia na família, no trato com as minorias e com a posição do outro. Esta
compreensão de hoje me deixa uma sensação ruim… Negativa.
O Centro se esfacelou. Sobraram radicalismos de “direita” e da autodenominada “esquerda”
(que de esquerda não tem nada ou não conheço mais este conceito que no Brasil deixa a
desejar ou é no mínimo discutível…). E por incrível que pareça todas às vezes em que o centro
se esfacela no Brasil ocorre “Golpe de Estado”. Foi assim na Proclamação da República, na
“Revolução de 30”, no Estado Novo e no Golpe de 64.
Quando falo do radicalismo me refiro ao esgarçamento em que se tornou a grande política.
Sobraram os dois lados não tão desejados – portanto sem apoio da grande maioria – e que
juntos compõem quase a metade da nação. Um lado é a incerteza, o ódio fascista e a ameaça à
democracia; o outro já se conhece bem: é a “competência” medíocre, a mentira deslavada e a
ladroagem mais aviltante com achaque aos cofres da viúva.
O que nos sobra diante à cilada em que nos metemos? E sobra minha gente… Não com tanta
representação, mas com um mínimo de sensatez e espírito republicano. Dos oito candidatos
melhores colocados, os extremos deveriam ser descartados sobrando seis que a racionalidade
e em nome da união do país com exceções aqui e ali representariam um caminho: Geraldo
Alckmin, Henrique Meirelles, Ciro Gomes, Marina Silva, Álvaro Dias e Amoedo.
E para finalizar, diria que não tenho a intenção aqui de convencer ninguém até porque não
tenho mais ilusão sobre quase nada… É apenas uma opinião de quem estuda muito o tema,
vive e trabalha em meio dele, mas precisamente leva muito sério a política, principalmente a
nova política – única arte da qual o humano não pode prescindir. No final só resta ela e sem a
política é o caos, ou a barbárie absoluta! Tenho dito!