Araraquara escolhe nomes, não partidos
Polarizada entre a direita e a esquerda nas redes sociais desde o pleito de 2018, que levou Bolsonaro e o PSL ao poder no Brasil, as eleições municipais de Araraquara ainda parecem passar longe de serem decididas por siglas, ou ideários políticos. Por aqui, os nomes ainda são muito fortes e desequilibram. A cidade tem o hábito histórico de adotar alguns de seus homens públicos de tempos em tempos, e ser fiel a eles também por muito tempo. Foi assim com Rômulo Lupo, Clodoaldo Medina, e Waldemar de Santi. Tem sido assim também com Edinho Silva e Marcelo Barbieri. Outros beneficiários, agora para a Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados foram Roberto Massafera, Márcia Lia e Dimas Ramalho. Todos com mais de um mandato obtidos com apoio dos araraquarenses.
A direita busca consolidação na cidade
Sob o ponto de vista ideológico, a esquerda de Araraquara já está consolidada, o centro tem bastante influência na política local, e a direita, leia-se Patriotas, e agora, ao que parece, o PSL também, ainda buscam se consolidar junto ao eleitorado. Voltaremos ao assunto logo, logo para destrinchar isso.
Com olhos voltados para 2022
A verdade, no entanto, é que embora viva grande turbulência nos bastidores já há algum tempo, Araraquara segue com boas perspectivas políticas para os próximos anos. O prefeito Edinho Silva segue como um dos maiores nomes de seu partido no País, e Marcelo Barbieri, muito forte e respeitado nos bastidores da política em São Paulo e Brasília, é nome sempre colocado na mesa pelo seu partido quando se pensa em qualquer tipo de eleição. Ambos podem se enfrentar pela Prefeitura de Araraquara em 2020, mas também não podem ser descartados para a disputa de 2022.
Carta na manga
A cidade tem ainda Roberto Massafera que, embora não tenha sido reeleito deputado em 2018, ainda conta com bom lastro político, baixa rejeição e é sempre levado em conta para qualquer embate. Há quem acredite nos bastidores que o nome de Massafera pode ser a surpresa do PSDB na disputa para a Prefeitura em 2020. O que se sabe, porém, é que o governador João Dória aposta suas fichas em Edna Martins, primeira, e única mulher presidente da Câmara Municipal na história de Araraquara. Edna já disputou a Prefeitura duas vezes: em 2008, pelo PT e em 2018, pelo PSDB.
Buscando mais
Márcia Lia, deputada estadual do PT, Nino Mengatti, do PSB de Márcio França, e o incansável Coca, do PSD, também são nomes a serem considerados na política araraquarense. Lapena é outro que se apresenta como opção. Os três últimos podem se apresentar em 2020, mas certamente olham com muito interesse para 2022. Não podemos esquecer também de Dimas Ramalho, que mesmo fora da política tem bastante peso em todo o contexto, seja por suas opiniões, por sua experiência, conhecimento e ademais. Muita água ainda vai passar por baixo da ponte até o meio do ano que vem, é verdade, mas o que sair do pleito municipal apontará para o tamanho político que a cidade terá em nível nacional e federal a partir de então.
Cidade pode fazer mais deputados
O fato de ainda contar com nomes de potencial para voos maiores na política estadual e nacional pode ser fundamental para o futuro de Araraquara. É certo que o País passará por uma Reforma Política mais profunda logo, logo, e uma das propostas mais fortes dentre as que estão nas mesas dos deputados e senadores, em Brasília, é aquela que adota o voto distrital misto. Se essa reforma passar, Araraquara terá grandes chances de contar com boa representação, tanto na Assembleia Legislativa, quando na Câmara dos deputados.
Edinho e Barbieri em outras frentes
Essas considerações da Coluna levam em conta, principalmente, a grande influência, e o potencial de votos que os principais protagonistas políticos de Araraquara têm junto ao eleitorado da cidade. Isso, somado ao trânsito fácil que eles têm nas altas instâncias de seus partidos em Brasília e São Paulo, faz com que seja muito difícil imaginar nomes como os de Edinho e o de Barbieri fora da disputa de 2022.
E tem mais gente interessada
A disputa pela Prefeitura de Araraquara, portanto, pode ser decisiva para alavancar projetos políticos para alguns partidos e alguns personagens da política local, o que pode, e deve colocar Araraquara como protagonista no novo modelo político que deve nascer no País. Edinho, Marcelo, Nino, Edna, Coca e Massafera certamente estarão envolvidos, ou na disputa direta, ou na composição de alguma frente para 2020. Todos, olhando para 2022.
Crescimento político passa pela Câmara Municipal
Todos eles, aliás, já estão trabalhando para reforçar a musculatura política de seus partidos e chegar ao pleito legislativo de 2020 fortes e com chances de eleger uma bancada na Câmara de Araraquara. Eleger vereadores pode ser muito importante, e até fundamental para definir o sucesso ou o fracasso de seus projetos. E a tarefa não vai ser fácil para alguns…..
Fazendo contas
Com as mudanças na Legislação eleitoral implantadas pela minirreforma de 2017 debaixo do braço, os partidos locais sabem o tanto que têm de correr para fortalecer suas chapas de candidatos e entrarem com chances de eleger alguém na Câmara Municipal em 2020. O fim da coligação partidária na Eleição Proporcional (para vereadores) mudou as expectativas de todos e acabou com as chances daqueles que esperavam se eleger escorados nos candidatos mais votados. A partir de agora o sujeito tem de ser bom de voto, ou está fora.
Como funcionava
Na regra anterior, que permitia as coligações, vários partidos podiam se unir e lançar uma chapa de candidatos. Terminado o pleito, os votos de todos eram somados aos votos das legendas (votos direcionados aos partidos) da coligação, e divididos pelos votos válidos. Saía daí o quociente eleitoral, ou número de votos exigidos para eleger um vereador (por exemplo: no caso de 100 mil votos divididos por 10 cadeiras, cada vereador precisaria de 10 mil votos para conseguir se eleger). Ou seja: eram as coligações, e não os partidos individualmente, que conquistavam as vagas no Legislativo.
Como ficou
Com a minirreforma política de 2017, os partidos não mais poderão se coligar em eleições proporcionais. Isso não significa que o sistema proporcional deixará de existir, mas apenas que os partidos concorrerão em chapas separadas, sem alianças. Ou seja, contarão apenas com seus próprios votos.
Número menor de candidatos
O novo texto da legislação também mudou o número de candidatos que cada chapa poderá ter na disputa em 2020. Como era: Antes das novas regras eleitorais, as coligações podiam lançar até 200% da quantidade de vagas. Para exemplificar: no caso de Araraquara, que tem 18 cadeiras na Câmara, cada coligação poderia lançar em conjunto 36 candidatos a vereadores. Como ficou: Com a vigência da nova legislação, cada partido isoladamente deverá lançar até 150% do número de cadeiras. Ou seja, cada partido poderá lançar sozinho, 27 candidatos. Lembrando ainda, que se nada mudar em Brasília, 30% das vagas devem ser reservadas para mulheres.
Abstenção pode ser grande
Entra aí um ingrediente que deve carregar bastante o tempero da “sopa eleitoral” que os partidos e candidatos terão de tomar em 2020. Trata-se do evidente desprezo que a população desenvolveu pela política nos últimos anos, que se materializa a cada eleição no aumento significativo na abstenção de eleitores. Historicamente em torno de 18%, ela tem aumentado substancialmente e pode bater recordes em 2020. Apenas para se ter uma ideia do problema, a campanha de recadastramento biométrico não vem obtendo bons resultados em Araraquara. Números recentes apontavam que apenas pouco mais de 51% dos eleitores araraquarenses fizeram o procedimento. Ou seja: o número de votos válidos por aqui em 2020 pode despencar.
A conta para eleger – 1
Explicando melhor, Araraquara conta hoje com quase 167 mil eleitores. Se todos resolverem votar em 2020, o quociente eleitoral seria de 9.278 votos. Nesse caso, soma-se todos os votos dentro dos partidos e a partir daí é que se saberia quem seriam os eleitos. Como exemplo, se uma chapa de 27 candidatos conseguisse um total de 30 mil votos, três vereadores já estariam garantidos. Outra conta que deve ser feita é que para se eleger o candidato teria de obter pelo menos 10% do quociente eleitoral, no caso acima, pelo menos 928 votos. Há ainda outro cálculo, mas este dependeria da votação obtida por todos os partidos envolvidos na disputa e só seria levado a efeito caso fosse necessário para fechar as 18 vagas na Câmara local.
A conta para eleger – 2
Ou seja: caso a abstenção seja maior do que a média histórica na cidade o quociente eleitoral cai. Isso, no entanto, não muda o alto grau de exigência que cada partido terá ao montar sua chapa para 2020: todos terão de conseguir bons nomes para completar os 27 necessários para a disputa. Para obter sucesso nas urnas será fundamental uma melhor distribuição de votos entre eles. Será esse o fator que desequilibrará o pleito a favor desse, ou daquele partido.
Nova Câmara deve ter maioria do MDB, PT e PSDB
O resumo é o seguinte: serão beneficiados aqueles com maior e melhor estrutura, os partidos mais fortes. Serão eles os bichos papões das urnas em 2020. Sendo assim, espera-se que o MDB, de Marcelo e o PT, de Edinho, aumentem suas representações na Câmara Municipal nas eleições de 2020. O PSDB, de Dória, também deve aumentar sua representatividade. É difícil fazer o cálculo agora, mas a estimativa é que restem umas três ou quatro cadeiras (no máximo cinco) para os demais partidos dividirem entre si.