Não faz muito tempo, a política era um campo muito mais calmo e tranquilo. Existiam os candidatos que criticavam o adversário, as instituições, mas tudo de uma maneira mais educada. Hoje estamos assistindo os acontecimentos de uma forma muito deseducada. Os adversários se tratam como se fossem inimigos e há um clima no ar de absoluta intolerância. A própria presidente do Supremo Tribunal Federal, a mineira Carmen Lúcia, enfatizou a semana passada, numa conferência,que gostaria de voltar ao tempo em que efetivamente o Brasil era uma pátria gentil.
Essa briga alvoroçada que vemos na política transborda para sentimentos impuros e aí plantamos a discórdia, que é a mãe de todas as infelicidades. Como seria bom se todos os partidos se unissem para falar educadamente ao povo. A radicalização dos sentimentos políticos SÓ pode nos levar a caminhos desastrosos.
O que tem salvado o Brasil de um desastre maior é que nosso povo tem índole trabalhadora e foi ensinado a ter raiva à guerra e às revoluções. Tivemos muitas delas no passado, todas vertidas nos ressentimentos das elites ou de ideologias partidárias raivosas.
A última revolução que tivemos foi em 1932 e desde então o Brasil se pacificou. As diversas tentativas de sublevação foram sufocadas em pouco tempo. Aqui vamos abrir um espaço para falar da revolução de 1964. Aquilo não foi revolução. Constituiu-se na verdade em quartelada. A revolução de 1932, onde morreram oficialmente 938 pessoas, está sendo esquecida. As causas são conhecidas.
Interesses de fazendeiros do café financiaram o levante. Queriam as vantagens do acordo do café de 1906, que foram anuladas por Getúlio Vargas em 1930. Para entender esses acontecimento, basta ler o diário de Getúlio, no qual ele narra os efeitos dos interesses das elites sobre o orçamento da União. Em 1930, o ambiente político tinha conotações de uma guerra. Para entender o que se passava neste ambiente político, basta ler os livros de João Neves da Fontoura – Aliança Liberal e a Revolução de 1930.
Tem razão Carmen Lúcia. O Brasil precisa ser uma pátria gentil.
Enquanto os partidos se digladiam e há um crise duradoura principalmente nos grandes centros, o povo do interior trabalha. Observa a esquerda, mas pratica a liberal democracia, acreditando que está construindo o futuro. Parece que o povo trabalhador se distanciou do mundo político. O comparecimento do eleitorado ao pleito de outubro vai demonstrar isso.
Assim como a Nação precisa de gentileza, as pessoas também necessitam ser gentis. Uma nação se constrói com a paz, principalmente com os corações calmos e felizes.
Artigo por _Geraldo Gattolini