quinta-feira, 4, julho, 2024

Ponte dos Machados: produtores rurais e moradores sofrem com atraso da obra

Depois de sucessivos atrasos, Prefeitura pode contratar outra construtora o que deve retardar ainda mais a entrega

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José Augusto Chrispim

A ‘novela’ da obra da Ponte dos Machados que já se arrasta desde julho de 2021, pode ter novos capítulos que devem atrasar ainda mais a sua conclusão. É que a atual construtora responsável pela construção da nova ponte, não conseguiu cumprir o prazo de entrega que seria neste último mês de fevereiro e a Prefeitura ameaça realizar outra licitação para a contratação de uma nova empresa para o término das obras.

A Prefeitura alega que, desde o início do processo, vem acompanhando cotidianamente todo o andamento da obra da ponte, que está sendo construída a partir de convênio com o governo do Estado de São Paulo.

Questionado pela redação do O Imparcial, o Executivo disse que “já notificou a empresa responsável pela obra da Ponte dos Machados cobrando explicações sobre o atraso no cronograma e sobre questões técnicas complementares”.

“Diante de todas as adversidades, do descumprimento dos prazos estabelecidos em contrato e seguindo todos os trâmites legais, o próximo passo agora será notificar a empresa responsável pela obra da rescisão contratual. A partir daí, a mesma deverá ser apenada e outra licitação será realizada para a conclusão do remanescente da obra e entrega à população o mais rápido possível”, respondeu a Prefeitura.

No início das obras, a empresa Verdebianco Engenharia foi contratada com prazo estimado de 180 dias para a entrega, porém, a construtora precisou parar os trabalhos, porque os autores do projeto não tinham a informação de que dutos de esgoto industrial da fábrica de sucos Cutrale passavam sob o leito do córrego e, que os mesmos, poderiam não resistir aos impactos da construção. Outro problema técnico apresentado foi a necessidade de intervenção da CPFL para remoção de fiação existente na região da ponte.

O investimento nas obras é de R$ 2.209.421,36. Desse valor, R$ 2.140.428,92 são do Governo do Estado, via Secretaria de Desenvolvimento Regional, e R$ 68.992,44 são de contrapartida municipal.

A ponte liga Araraquara a Guarapiranga, Ribeirão Bonito, Assentamento Bela Vista e propriedades rurais daquela região.

Três anos de espera

Apesar da assinatura que previa o início das obras ter sido realizada pelo então governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), em 2 de julho de 2021, em um evento na Igreja do Bairro dos Machados, em Araraquara, os moradores e principalmente produtores rurais daquela região da cidade sofrem desde dezembro de 2019, quando foi feita a proibição da passagem inicialmente de veículos pesados sobre a ponte, pois o caminho era usado para o escoamento da produção de pequenos e médios produtores agrícolas. Com a criação do desvio, o custo de transporte subiu e também o tempo de entrega, além dos constantes prejuízos com problemas mecânicos apresentados nos veículos dos usuários do caminho feito por uma estrada de terra que apresenta vários problemas de conservação.

Descaso total

“Para mim, está muito ruim, venho para o trabalho e não consigo mais ir para casa almoçar devido à distância, principalmente porque tenho moto e com a chuva tudo piorou. Sem contar que nem passagem para pedestres tem. Descaso total com a população que mora depois do rio, onde existem também muitos moradores idosos”, disse a moradora Rosângela à reportagem.

Vergonha

“Eu moro na fazenda Ouro Fino. Nessa ponte interditada, há 3 anos ainda passava carro, mas já fez um ano dia 28 de janeiro que derrubaram tudo e, a partir de então, temos que usar um desvio que tem muitos buracos, muito barro. Eu acabei com meu carro em um buraco em um dia de muita chuva. É uma vergonha”, reclama a moradora Neide.

Três anos de prejuízos

“Eu tenho propriedade rural naquela região onde planto cana-de-açúcar e sofro há 3 anos, pois não posso mais passar na ponte com meus caminhões, desde que foi proibida a passagem de veículos grandes. Agora, já faz mais de um ano que nem carros estão passando no local desde o início das obras, isso traz muitas dificuldades tanto para mim como para meus funcionários que vão trabalhar de carro ou de moto e têm que usar o desvio, onde frequentemente tem pneus e outras peças de seus veículos danificados pelos buracos, além do aumento do consumo de combustível devido à maior distância do percurso”, relatou o comerciante Bruno.

Sem solução

“Desde que foi proibida a passagem de caminhões na ponte, fizemos várias reuniões com usineiros e pessoas interessadas com a Prefeitura, porém, em nenhuma oportunidade fomos recebidos pelo prefeito. Além disso, nunca se chegou à uma possível solução para o problema, eles sempre falavam que não tinham dinheiro e que a obra não é do governo municipal. Chegamos até a propor de arrumarmos a ponte por conta própria, mas a prefeitura alegou que teria problema com o meio ambiente e não nos autorizou. Enfim, estamos sofrendo há três anos com esse problema”, destacou Nelson, proprietário de uma pedreira localizada naquela região. 

Redação

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