A Prefeitura de Araraquara, por meio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Participação Popular, Coordenadoria de Políticas Étnico-Raciais e Coordenadoria de Políticas para Mulheres, inicia nesta segunda-feira (22) a edição 2024 do “Julho das Pretas”, programação que não tem o propósito de comemorar, mas sim de fortalecer as organizações protagonizadas por mulheres negras, reforçar as pautas de gênero e raça, trazer mais visibilidade à essa luta e exigir políticas públicas. A agenda também é inspirada no fato de julho ser o mês de fortalecer o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha (dia 25), o Dia Nacional de Tereza de Benguela (25) e o Dia da Mulher Africana (31).
Alessandra de Cássia Laurindo, coordenadora de Políticas Étnico-Raciais, destaca o propósito da ação. “A agenda Julho das Pretas se justifica, porque a dupla opressão produz efeitos que se relacionam e se complementam, promovendo condições de falta de oportunidades, exclusões e estratégias e superação. As representantes do público que passam por esses problemas são as mulheres negras, as quais ocupam a base da pirâmide das desigualdades”, comentou.
Para Grasiela Lima, coordenadora de Políticas para Mulheres, a parceria entre as Coordenadorias de Relações Étnico-Raciais e de Mulheres traz, neste Julho das Pretas, ações conjuntas e uma programação muito potente, tendo em vista a maior visibilização e problematização das desigualdades de gênero e étnico-raciais, buscando conscientizar a sociedade e fortalecer as demandas das mulheres pretas no âmbito das políticas públicas.
“A importância dessa mobilização, portanto, é promover a articulação das lutas antirracistas e antipatriarcais com objetivo de melhorar as condições de vida das mulheres pretas, cis e trans, valorizar seus corpos, sua existência, espiritualidade e ancestralidade. Assim, o Julho das Pretas se destaca por promover um sentimento de aquilombamento das mulheres pretas, a partir da construção de espaços coletivos de afeto, de acolhimento, de escuta, de trocas e de fortalecimento de laços, memória, identidade e lutas”, enfatiza Grasiela.
Programação
A abertura oficial está marcada para o dia 22, às 9h na Casa SP Afro Brasil “Oswaldo da Silva – Bogé”, com o lançamento do Projeto “Cartas para minha avó”, que tem a parceria da FliSol (Feira Literária da Morada do Sol), juntamente com a pesquisadora Professora Doutora Valquíria Tenório, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) Matão e Coordenadora do Clube de Leitura Ubuntu, e a orientação da roteirista, diretora, produtora, atriz e arte educadora Jacqueline Durans.
O projeto é inspirado no livro de mesmo nome da escritora Djamila Ribeiro, (homenageada da FliSol 2024) e propõe cinco encontros especiais, com públicos e locais diferentes, para estimular a leitura e também incentivar as mulheres a escreverem através de cartas sobre suas vivências (considerando as escrevivências da escritora Conceição Evaristo), resgatando memórias e fortalecendo vínculos familiares. A preservação e valorização das histórias serão resgatados através das oficinas, onde as narrativas poderão ser compiladas e entregues em formato de um documento narrativo durante a Feira deste ano, fortalecendo e empoderando as participantes.
Os outros encontros serão com a juventude, com as 60+, com a comunidade LGBTQIAPN+ e um encontro com as mulheres da Zona Norte.
No dia 25, às 19h, também na Casa SP Afro Brasil Oswaldo da Silva Bogé, acontecerá a 9ª edição do Prêmio Dra. Rita de Cássia Correia Ferreira, que homenageia anualmente dez mulheres negras (pretas, pardas, latino-americanas e caribenhas) que se destacaram profissionalmente ou prestaram relevantes serviços na área social, tendo como objetivo a valorização da mulher afrodescendente no contexto da cidadania na Casa SP, e mais uma edição da FeirAfro.
No dia 26, a partir das 17h30, ocorrerá, na Casa da Mulher Paulista “Luzia Conceição Pedroso Legramandi”, a FeirAfro com a valorização do empreendedorismo Afro.
Haverá o lançamento do livro “Zará e as metamorfoses do amor”, da escritora Ana Maria Ramos. Nesta obra a autora traz uma história de amor malsucedida sobre Zará, uma mulher preta que vive em mundo onde o amor é sempre representado como um final feliz, mas a vida dela não é assim. Após sofrer muitos desamores, passa por uma jornada de autoconhecimento e superação, aprendendo lidar com suas dores e amar a si própria.
A atividade terá ainda a participação de mulheres da cultura hip hop.
No dia 30, às 9h, a Coordenadoria de Políticas Étnico-Racial e a Coordenadoria de Política para Mulheres vão organizar um Letramento Racial com as psicólogas e demais funcionárias da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Participação Popular.
No dia 31, o Letramento Racial será com as jogadoras da Ferroviária. Ressaltando que, na gramática, o letramento é um estágio posterior à alfabetização. Depois de decodificar a linguagem a ponto de ler e escrever, o aluno está apto a compreender que ela é, ao mesmo tempo, produto e produtora da realidade. Assim, o letramento racial é um conjunto de práticas que nos ensina a enxergar como as relações raciais modelam o mundo e como elas são modeladas por ele. Trata-se, portanto, de um elemento crucial para uma (re)educação antirracista.