Por José Augusto Chrispim
A Prefeitura de Araraquara não deve renovar o contrato de prestação de serviços com a Cooperativa Sol Nascente que vence no dia 31 de março de 2025. Formada em 2020, a Cooperativa Social de Trabalho em Recuperação de Materiais dos Egressos Prisionais de Araraquara Sol Nascente visa inserir egressos e egressas prisionais do Estado de São Paulo no mercado econômico por meio do trabalho fundamentado no interesse geral da sociedade.
Hoje, a Sol Nascente conta hoje com 104 cooperados e cooperadas, e é responsável pela coleta, triagem e destinação de resíduos sólidos encontrados em áreas de preservação permanente do Município.
A cooperativa está apta a desenvolver atividades de recuperação de materiais e paisagismo, através da coleta, beneficiamento e comércio de resíduos não perigosos, limpeza, jardinagem e também compostagem.
O que diz a Prefeitura
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Araraquara, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, informou que está em andamento um estudo jurídico referente à situação contratual da Cooperativa Sol Nascente e, que neste momento, ainda não há como emitir um parecer oficial sobre a questão.
“A Administração Municipal reitera seu compromisso com a transparência e a legalidade em todos os processos e, assim que houver uma definição, as informações serão devidamente comunicadas”.
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Apoio
Representando a Sol Nascente, Edgar participou na última quinta-feira (13) de uma reunião com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, em Brasília. Além dele, representantes das cooperativas Morada Car e Acácia participaram da reunião representando a ARACOP, que é a união de cooperativas de Araraquara. O encontro contou também com a presença da deputada estadual, Thainara Faria (PT) que colocou seu mandato à disposição dos cooperados em busca de soluções para as suas demandas.
Insegurança
A reportagem falou com o presidente da Cooperativa Sol Nascente, Edgar Gomes Martins, que relatou a situação atual da cooperativa e falou sobre as expectativas de seus membros para o futuro da entidade com a insegurança gerada pela incerteza na continuidade do contrato com a Prefeitura de Araraquara que hoje é o único cliente deles.
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Veja a entrevista na íntegra:
O Imparcial: Quantos cooperados tem a Sol Nascente hoje?
Edgar: “Atualmente a cooperativa sol nascente conta com 104 cooperados”.
O Imparcial: Quais os tipos de serviços prestados pela Cooperativa?
Edgar: “A cooperativa está atuando na zeladoria das APPs com recuperação de nascentes, fazemos prevenção contra incêndio em época de estiagem, combate contra a dengue em áreas de difícil acesso, recolha de material descartado de forma incorreta do tipo reciclável, entulho, resto de poda, fazemos a desobstrução de pontes, mas temos um leque bem amplo. Esse trabalho nas pontes nunca tinha sido feito na cidade e não está sendo feito atualmente. Não podemos nos esquecer que uma família perdeu a vida devido à uma ponte que caiu a Avenida 36. Quem sabe se o local tivesse sido desobstruído antes do período das chuvas, essa tragédia não tinha sido evitada”.
O Imparcial: Além da Prefeitura, vocês têm contrato com outras empresas?
Edgar: “No momento só temos contrato com a prefeitura”.
O Imparcial: Caso a Prefeitura não renove o contrato com a Cooperativa, quais impactos isso vai trazer para os cooperados?
Edgar: “Caso a prefeitura não renove nosso contrato, ela deixará 104 cooperados sem renda. Cada cooperado é responsável por cerca de 3 a 4 pessoas. Sem contar que são 104 ex-traficantes, ex-criminosos que agora se encontram inseridos na sociedade e no mercado de trabalho”.
O Imparcial: Existe alguma alternativa para reduzir os impactos de uma possível perda do contrato da Prefeitura?
Edgar: “A única alternativa é a gente conseguir ingressar no mercado privado, mas, não é do dia para a noite”.
O Imparcial: O que vocês acham da ideia que foi citada nos bastidores de a Prefeitura criar uma nova Cooperativa que abranja todas as Cooperativas?
Edgar: “Acho que ao invés da Prefeitura criar novas cooperativas, ela deveria apoiar e formentar as já existentes, pois, cooperativa não é para carregar bandeiras de partidos, mas para geração de trabalho e renda, inclusão social, e é formada de forma voluntária, são pessoas que se unem em busca de um mesmo objetivo. Não tem sentido criar cooperativas para realizar o trabalho que as que já existem fazem, fica difícil de entender. Não sei se é preconceito pelo fato de sermos egressos do sistema prisional. E se a cooperativa que eles venham a criar não tiver êxito no desempenho do trabalho? Além disso, a nossa cooperativa tem o fator social que faz o trabalho de inclusão social dos egressos no mercado de trabalho, que recebe as pessoas que saem da prisão. É algo bem mais complexo do que eles imaginam”.
O Imparcial: O que vocês trouxeram de positivo da reunião com o ministro do Trabalho em Brasília?
Edgar: “Nós fizemos a nossa proposta e eles ficaram de pensar em uma solução junto com o secretário de Economia Solidária que faz parte do Ministério do Trabalho. Foi uma reunião muito proveitosa com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, onde fomos muito bem recebidos e nos foi dito que eles estão dispostos a nos ajudar no que for necessário para fortalecer o cooperativismo na cidade de Araraquara”, finalizou.