sábado, 6, julho, 2024

Um marco da medicina

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Genê Catanozi

Há cerca de 200 anos, o inglês Edward Jenner iniciava sua descoberta que evitaria a morte de milhões, ou mesmo bilhões de pessoas no mundo inteiro.

Médico rural, ele percebera que as mulheres ordenhadoras de leite de vaca, que tinham sido contaminadas com o “cowpox” (varíola das vacas), mantinham-se imunes à varíola humana. Já Edward Jenner, após seus estudos sobre a “vacina”, inoculou em 14 de maio de 1796, um menino de 8 anos, James Phipps, com o pus retirado de uma vesícula de uma ordenadora contaminada por “cowpox”, um tipo de experimento que, por envolver teste em humanos, talvez hoje deveria adotar diversos critérios que regem a ética e seus fundamentos em pesquisa.

O menino contraiu uma infecção benigna e, dez dias depois estava recuperado totalmente. Meses após, o médico introduziu pus da varíola humana no garoto que surpreendentemente, não adoeceu. Era a descoberta da “vaccina”; que em português se conhece com vacina.

Contudo, a forte rejeição inicial não impediu que a descoberta logo se espalhasse pelo mundo. Em 1880, a marinha britânica começou a dotar a vacinação contra a varíola. Napoleão Bonaparte introduziu-a em seus exércitos e imunizou seus filhos. Em 1801 o presidente americano Thomas Jefferson foi vacinado. A imunização chegou a Portugal em 1799, e o futuro imperador do Brasil Dom Pedro I e seu irmão foram vacinados. Assim, a vacina foi trazida para o Brasil em 1804, por meio do marquês de Barbacena.

Apesar da aceitação da vacina em vários lugares do mundo, a cidade do Rio de Janeiro foi o grande palco, no início do século 20, de uma insurreição popular, conhecida como “Revolta da Vacina”. O estopim foi a campanha de vacinação obrigatória, posta em prática pelo grande sanitarista Oswaldo Cruz, a mando então do presidente da república Rodrigues Alves.

A demolição de cortiços e favelas, além da implantação de brigadas autorizadas a invadir, vacinar e deter à força os habitantes resistentes, fomentaram o sentimento de insatisfação da população. A lei da vacina obrigatória fora aprovada em 05 de novembro de 1904, provocando a criação da liga contra a vacina obrigatória. Dias depois, ao perceberem que o governo manteria a obrigatoriedade, estourou uma rebelião.

A rebelião durou 6 dias, durante esse período, lojas foram saqueadas, bondes queimados e trilhos arrancados. No último dia do protesto, o governo fingiu ceder à revolta popular e suspendeu temporariamente as brigadas de vacinação. Mas, ao mesmo tempo, declarou estado de sítio e cercou o Rio de Janeiro com tropas. Em 17 de novembro de 1904, as tropas adentraram à cidade e prenderam grande parte dos revoltosos, assim que, o município foi considerado seguro, a campanha de vacinação voltou à ativa.

(artigo extraído da revista Ser Médico, nr. 85, ano XXI)

Redação

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