Hamilton Mendes – Colaboração
Com forte crescimento, e os trilhos cortando o centro da cidade desde o final do século 19, as forças políticas se uniram e iniciaram uma nova era em sua urbanização, construindo a Via Expressa e viabilizando junto ao Governo federal o novo Contorno ferroviário. Com isso, um novo impasse se apresentou: o que fazer da área remanescente dos trilhos, que afinal de
contas, não pertence ao município.
Por mais de 70 anos Araraquara conviveu com o córrego da servidão atravessando a cidade ao meio, com o movimento de composições ferroviárias e com a cidade geograficamente dividida.
Era um desafio a ser vencido, mas as coisas tiveram de ser feitas aos poucos. O trabalho exigiu união política e força de vontade por parte das autoridades locais através dos tempos, já que quem deixava o poder passava o bastão para quem entrava, e este continuava o que o outro já
tinha feito.
Foi assim, por exemplo na grande obra para a construção da Via Expressa, um projeto que já enxergava às necessidades da cidade do futuro e existia desde 1937 (o jornal O Imparcial publicou foto da planta na época).
Ao mesmo tempo em que esse esforço se registrava, diferentes governos municipais começaram as ações junto aos Governo do estado e Federal, para a construção do Novo Contorno Ferroviário, visando tirar do centro da cidade o grande fluxo de composições, que apesar de ter registrado alguns graves acidentes, felizmente não fez vítimas. E tudo virou realidade: a Via Expressa e o novo Contorno ferroviário.
Uma nova dor de cabeça e uma revolução a caminho
O sucesso dos empreendimentos causou uma nova preocupação: o que seria da área remanescente dos trilhos que cortam o centro da cidade. Afinal, toda essa área de terras não pertence ao município, e sim, à União.
No caso, com a área deixando de ser operacional, a empresa Rumo poderia tirar seus escritórios e a oficina do centro da região central concentrando suas atividades em Tutóia, o que geraria sérios problemas ao município que passaria a ter uma grande área abandonada em pleno coração da cidade.
Tais preocupações, no entanto, parecem já estar no passado. E isso, depois que o governo municipal anunciou a cessão ao município, por parte do Governo federal, de grande parte da área central dos trilhos e o início das duas, de três fases das grandes obras de revitalização do local.
De acordo com o projeto já em andamento, cujo custo estumado é de R$ 143 mi, as obras devem modificar a cara de Araraquara, não apenas evitando enchentes por dezenas de anos, mas também criando quatro parques e reservatórios, com áreas de lazer, um no centro e
outros no entorno da cidade (Parque São Paulo, Jardim Nova Época e nas proximidades da rodovia Abdo Najm), além de viadutos ligando o centro com a Vila Xavier.
Já com a primeira fase concluída e a segunda em andamento, o grande projeto segue em obras. A expectativa, agora, é pela terceira e última fase, que é justamente a maior e mais cara delas: a construção dos parques, lagos, viadutos e ademais.
Segundo o prefeito Edinho Silva, a fase três já está protocolada na Caixa Econômica Federal para liberação de recursos, e ainda depende de certidões de órgãos de Controle, mas as obras, ainda segundo ele, devem estar concluídas em 2026.
Na foto acima é possível ver uma composição carregada ocupando parte das terras que cortam o coração da cidade. Dos trilhos e do córrego da servidão, nasceram a gigante Via Expressa, e o novo Contorno Ferroviário. Araraquara não tem mais o tráfego de grandes composições nos trilhos ao lado da Via Expressa. Agora, elas passam ao largo da cidade, com os novos trilhos instalados acima do Parque do Pinheirinho.