sexta-feira, 22, novembro, 2024

Volta ao Passado

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Por José Renato Nalini

Em tempos de 4ª Revolução Industrial, a alternativa é reinventar-se. E não é necessário dominar a Inteligência Artificial, a robótica, a internet das coisas ou a biogenética. Talvez seja o momento para alguns voltarem à singeleza de um passado de que muitos têm saudades e a maioria não chegou a conhecer.

Já existem exemplos de subsistência digna e rentável com a exploração daquilo que era uma tradição de família e, aos poucos, foi sendo engolido pela modernidade.

Na região serrana de Espírito Santo, por exemplo, descendentes da imigração italiana vivem hoje da produção artesanal daquilo que a automação não pode fazer. Alia-se o turismo rural à venda de alimentos como o talharim de palmito. A base da planta, considerada muito dura vendida a 2 reais o quilo, hoje é vendida a 75 reais. Porque os produtores viram que, transformado em fios como talharim e bem cozidos, tornou-se iguaria disputada.

O mel é outra riqueza bastante procurada, principalmente em tempos de eliminação das abelhas, resultado do uso indiscriminado e ignorante do agrotóxico. Há quem viva de venda de mel com lavanda, manjericão ou macadâmia e ganhe dinheiro com a fabricação do hidromel.

Simultaneamente, desenvolve-se um turismo com a Festa da Polenta, por exemplo. Milho cultivado sem veneno e transformado em farinha à moda antiga, faz enorme sucesso.

Pão caseiro, geleias feitas em casa com velhas receitas, bordados, crochê e tricô, ordenha para mostrar às crianças que leite nem sempre veio em caixinhas, tudo isso permite a preservação da agricultura familiar, algo que aos poucos foi sendo substituído pela mecanização, que em alguns casos suprime também a alma do campo.

Quanta coisa se fazia em casa como torrar o café, moê-lo e servir com aquele aroma que hoje só reside na memória? Queijo, coalhada, doce de leite, manteiga. Há uma infinidade de excelentes alimentos que são os preferidos de uma geração que procura se cuidar e abandonar o artificialismo. É uma forma de garantir sustento, preservar a história e de sobreviver, a despeito da desumanização que a implementação forçada de tudo o que a tecnologia oferece pode gerar.

O amanhã chegou, mas uma revisita ao ontem pode auxiliar a tornar a juventude um pouco menos ansiosa, menos angustiada e adquirir outro sentido para uma vida que é difícil, com a presença inevitável do inesperado, mas que pode mostrar encantos que só os mais experientes sabem ainda ser possível.

*José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente universitário, palestrante e conferencista, autor de “Ética Geral e Profissional”, 13ª ed., RT-Thomson.

Redação

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