terça-feira, 2, julho, 2024

Agronegócio vence queda de braço com pequenos agricultores na Câmara

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Da redação

O destaque na sessão da Câmara dessa terça-feira (12) ficou por conta do Projeto de Lei, de autoria do vereador Edio Lopes (PT), que tinha o objetivo de proibir completamente a prática de pulverização aérea em todas as plantações de cana-de-açúcar do município de Araraquara.

Caio Humberto Perego falou em defesa do pequeno agricultor

Caio Humberto Perego, credenciado à Tribuna Popular para falar favoravelmente ao projeto, afirmou que o mercado de commodities, como a laranja e a cana-de-açúcar traz miséria ao município. Caio foi vaiado pelo plenário que estava repleto de grandes agricultores de cana. Como produtor orgânico, ele disse que sua categoria não consegue o selo de certificação dos produtos, devido à pulverização aérea que acaba transpondo os limites das fazendas de cana e caindo sobre as plantações vizinhas, mas pouco soube argumentar diante das constatações técnicas feitas pelos representantes dos produtores de cana.

Renata Camargo e Tatiana Caiano Teixeira defenderam o uso da pulverização aérea

Instrumento necessário

Tatiana Caiano Teixeira, vice-presidente da Canasol (Associação dos fornecedores de Cana de Araraquara), que também usou a Tribuna, falou sobre a importância que a produção de cana tem no município, como geração de empregos e a conservação do meio ambiente. A Canasol representa mais de 1.200 produtores da lavoura canavieira e, de acordo com Tatiana, a aprovação desse projeto iria gerar impactos econômicos e sociais de tamanhos imensuráveis. “Perderemos inúmeros empregos, porque a região é cercada por canaviais e é a agricultura de subsistência de muitas famílias, é o ganha pão deles”, ressaltou.
Já Renata Camargo, advogada da ÚNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), disse que a cana é dependente do uso do instrumento aéreo, pois, depois que a planta cresce você não consegue entrar no meio do canavial com um trator, por exemplo, para aplicar o herbicida necessário. Disse ainda que “o setor é responsável por 910 mil postos de trabalho diretos e indiretos e a quebra de safra decorrente dessa proibição, é estimada em 40%, e esse projeto resultaria em uma redução nesses postos. Imagina o impacto que isso traria, e o setor de aviação agrícola brasileira é a motriz do agronegócio, caso contrário não seriamos tão fortes sem esse instrumento”, argumentou a advogada.

Defesa do pequeno agricultor

O vereador Edio Lopes se exaltou em seus argumentos e disse que o agronegócio não respeita o meio ambiente e não respeita ninguém, e que alguns vereadores disseram que votariam favoravelmente ao projeto, mas depois de alguns telefonemas, mudaram de opinião. Disse ainda que vai para a cova defendo o pequeno produtor e suas convicções. O poder econômico corrompe e compra as pessoas. O setor do agrotóxico foi o que mais comprou políticos nesse país.
Embora os debates tenham sido acirrados, o projeto não foi aprovado pela Casa de Leis por 10 votos a 6 para os produtores de cana, deixando o pequeno produtor com sentimento de derrota diante das perdas que vêm sofrendo nos enxames de abelhas, hortas e frutas, entre outras.

Votos contrários ao projeto:
Rafael de Angeli (PSDB)
Elton Negrini (PSDB)
José Carlos Porsani (PSDB)
Elias Chediek (MDB)
Magal Verri (MDB)
Tenente Santana (MDB)
Gerson da Farmácia (MDB)
Lucas Grecco (PSB)
Edson Hel (PPS).

Votos favoráveis ao projeto:
Edio Lopes (PT)
Paulo Landim (PT)
Toninho do Mel (PT
Thainara Faria (PT)
Zé Luis (PPS)
Pastor Raimundo (PRB).

Redação

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