Por José Augusto Chrispim
A bancada do Partido Progressistas (PP) formada pelos vereadores João Clemente e Marcelinho, declarou na noite desta terça-feira (21), que deixou a base do governo Lapena na Câmara Municipal de Araraquara. O vereador Michel Kary (PL) já havia anunciado que seguiria com mandato independente na semana passada. Agora já são três vereadores que deixam a base que pode ficar enfraquecida.
Motivação
O vereador João Clemente emitiu uma nota onde detalha os motivos que levaram a bancada do PP a deixar a base e seguir com um mandato independente.
Veja a nota na íntegra:
“É com espírito de grande responsabilidade e firmeza de propósito que hoje me dirijo a vocês, como vereador – na missão que me foi confiada pelo voto de 1.118 araraquarenses na eleição de 2024.
Sou João Clemente, líder de bancada do Progressistas (PP), e desejo compartilhar uma mudança estratégica – e acima de tudo, de princípios – na forma como atuaremos nesta Casa e perante o Executivo municipal.
Sobre a relação com o Executivo e a base de governo
Em política municipal, assim como em outras esferas de poder, vive-se o fenômeno do que se chama “governo de coalizão”. Trata‑se de uma aliança, por vezes informal, entre diferentes partidos, grupos e lideranças, que se unem para dar sustentação ao governo‑executivo, facilitar a aprovação de políticas públicas, e construir uma agenda conjunta de ação. Essa é uma prática legítima e democrática, quando bem conduzida.
No entanto, assim como em qualquer coalizão, há momentos obrigatórios de reflexão:
• Quando os rumos traçados não condizem mais com os valores e os princípios que defendemos;
• Quando o diálogo se estreita, a participação se reduz e decisões importantes são tomadas sem plena transparência ou sem ampliação de vozes;
• Quando a coalizão deixa de cumprir seu papel de promover o interesse público de maneira ampla e passa a priorizar interesses restritos.
É exatamente nesse ponto que declaramos uma nova etapa: a partir de agora, o Progressistas em Araraquara deixa de integrar de forma automática a base de sustentação imediata do governo Dr. Lapena (PL) na Câmara Municipal. A partir deste momento, nosso mandato será independente em nossa atuação legislativa.
Justificativa dessa decisão
Gostaria de explicar com clareza por que tomamos essa decisão:
Correção de rotas
Nós acreditamos que é dever do representante público rever seus posicionamentos quando percebe que a trajetória não está mais atendendo ao que prometemos ao eleitorado — ao cidadão e à cidadã que paga imposto em Araraquara, ao contribuinte que exige transparência, eficiência e honestidade.
Nós queremos exercer uma vigilância mais firme, uma postura crítica, mas sempre com coerência.
Ampliação do diálogo
A política não deve ser um clube fechado. O cidadão deve ter voz, as associações de bairro, os empreendedores, os jovens, os mais vulneráveis — todos devem poder participar. Um mandato independente significa que estaremos abertos ao diálogo com todos os setores da sociedade, e não apenas com o meio‑governo ou com interesses já consolidados.
Novos arranjos políticos para o futuro
Não se trata de ruptura por ruptura: trata‑se de construir uma nova configuração, mais horizontal, mais pluralista, que permita parcerias, sim — mas com clareza de que os valores e os interesses públicos são o que nos movem, e não simplesmente a manutenção de postos ou privilégios.
Em analogia, podemos dizer que uma coalizão política é como um veleiro que se une a outros barcos para cruzar o mar rumo a um porto comum. Porém, se esse veleiro percebe que o curso traçado não leva mais ao destino acordado, ou que alguns tripulantes estão decidindo por si sem consultar a todos, então é hora de ajustar velas, mudar rota, quem sabe seguir solo ou com novas companhias — mas sempre mantendo o norte: o bem da cidade.
O que isso significa na prática para Araraquara
Estaremos livres para avaliar cada proposição do Executivo com base em seu mérito, em sua contribuição para o interesse público, e não simplesmente em lealdade automática de base.
Continuaremos a apoiar medidas que sejam boas para Araraquara, que beneficiem a educação, o empreendedorismo, a prevenção às drogas — e outras pautas que já defendíamos. De fato, em legislaturas anteriores indiquei políticas públicas de igualdade racial, incentivo ao empreendedorismo e intervenção na prevenção às drogas.
Ao mesmo tempo, advertiremos e iremos nos contrapor quando for necessário: quando houver risco de comprometimento de recursos, de redução de transparência, de centralização de decisões.
Reforçamos nosso compromisso de ser fiel aos valores e princípios que nortearam nossa candidatura: honestidade, respeito ao cidadão‑pagador de impostos, respeito ao funcionamento democrático e ao direito à participação.
Convite à população
À população de Araraquara, faço este convite: acompanhem nosso mandato, participem. Não sejamos meramente expectadores. Vamos construir juntos uma cidade melhor. Somos os vereadores de todos — daqueles que nos elegeram, daqueles que não nos elegeram e daqueles que acreditam em outras formas de fazer política.
Conclusão
Gostaria de encerrar com esta mensagem:
Nossa escolha de sair da base, ou ao menos não manter uma subordinação automática, não é gesto de ruptura irracional, mas sim de maturidade política. É reconhecer que a coalizão — assim como a vida — exige revisões, exige coragem para corrigir rota, exige honestidade para admitir que o caminho precisa mudar.
Faremos isso não pelo protagonismo, mas em favor do melhor interesse da cidade e das pessoas que aqui vivem.
Obrigado.
Contem comigo — e contem com o mandato do Progressistas independente. Que tem como lema Oportunidade para todos!”.