Brasil pode exportar caças Gripen para a Ucrânia

Aeronaves serão fabricadas na planta da Embraer, em Gavião Peixoto (SP)

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Em uma cerimônia de grande relevância geopolítica realizada na cidade de Linköping, na Suécia — sede da fabricante Saab AB — o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky assinou uma carta de intenções para a aquisição de até 160 caças Gripen E, o mais moderno vetor de combate desenvolvido pelo consórcio sueco, em parceria com o Brasil.

O programa Gripen NG, selecionado durante o governo Dilma Rousseff, marcou um divisor de águas na indústria de defesa nacional. Seu desenvolvimento foi parcialmente financiado pelo governo brasileiro, e o contrato de transferência de tecnologia (ToT) firmado com a Saab permitiu ao país estabelecer uma base industrial aeronáutica de defesa de padrão internacional.

Atualmente, partes significativas do caça são produzidas no Brasil: a fuselagem central é fabricada na unidade da Saab Aeronáutica Montagens (SAM), em São Bernardo do Campo (SP), enquanto os sistemas eletrônicos, displays e painéis da cabine são produzidos pela AEL Sistemas, em Porto Alegre (RS). A integração final e testes de voo do modelo destinado à Força Aérea Brasileira (FAB) são realizados na planta da Embraer Defesa & Segurança, em Gavião Peixoto (SP).

O novo contrato, estimado em 10 bilhões de euros, representa não apenas um impulso estratégico para a indústria sueca, mas também uma oportunidade inédita para o Brasil participar indiretamente — e possivelmente diretamente — na cadeia de fornecimento global do programa, consolidando-se como parceiro tecnológico do Gripen.

A Força Aérea Brasileira encomendou 36 aeronaves Gripen E/F, das quais 10 já foram entregues. Entretanto, com a nova prioridade de produção voltada à Ucrânia, discute-se a possibilidade de utilizar a linha de montagem de Gavião Peixoto para acelerar entregas e ampliar a capacidade de produção, tanto para atender a demanda ucraniana quanto para manter o cronograma brasileiro.

O movimento reforça o protagonismo da cooperação estratégica Brasil–Suécia e pode reposicionar a Embraer e empresas nacionais como Akaer e AEL no cenário da exportação de sistemas de defesa de alta complexidade, abrindo caminho para futuras parcerias internacionais em projetos de aviação militar.

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