domingo, 24, novembro, 2024

CÃOPEÃO

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Francisco Habermann

É no dia-a-dia da vida profissional que se aprende as lições de vida. Quando o assunto
é preservação da saúde, mais ainda. Alguns dizem que é vivendo, observando,
experimentando e aprendendo que se evolui. Pois é assim que aprendo com os relatos
dos pacientes do ambulatório onde presto atendimento no HC da Faculdade de
Medicina de Botucatu-UNESP, mesmo aposentado. Um deles me surpreendeu
recentemente.
Conto aqui a história de paciente que me intrigou, destacando apenas detalhes
instrutivos não confidenciais, claro.
Acompanhado durante longo tempo, o paciente não apresentava os resultados
terapêuticos desejados. Por mais recomendadas fossem, as orientações eram
rotineiramente negligenciadas. A compreensão médica e o próprio conhecimento das
dificuldades humanas que todos temos aguardaram o momento da auto
conscientização tão necessária. Medicado sucessivamente, os resultados não
apareciam nas revisões médicas periódicas.
Certo dia, num retorno ambulatorial rotineiro, surpreendo-me com os bons resultados
clínicos e laboratoriais tão esperados. Chamou-me a atenção o sorriso de satisfação
apresentado pelo paciente que, muito calmo, esperava pela minha reação de surpresa.
Foi quando anunciou sua mudança de hábitos e – confessou – ter adotado uma rotina
diária de longa caminhada obrigatória e, ao mesmo tempo, prazerosa.
Mais me admirei ainda diante das transformações do, até então, caso típico de
sedentarismo. O paciente me explicou todo satisfeito: “Adquiri um cão e ando com ele
todos os dias.” Disse mais: “Convidei amigos para caminharmos juntos e o cão nos
puxa a todos. Estamos virando atletas, mas o cão é sempre o primeirão!” Acrescentou
que iriam participar de uma nova modalidade esportiva chamada ‘canicross’ – quando
o cão puxa o atleta.
Alcançou-se, assim, o objetivo maior da prevenção da saúde do paciente com a
regulação de seus dados físicos e laboratoriais. Satisfeito, tive que reduzir, e, depois,
retirar a medicação anteriormente prescrita. O paciente melhorou e permanece
controlado até hoje. Mais sadio, graças ao cão, não ao médico.
Cãopeões – verdadeiros puxadores de voluntários!

 

Redação

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