Ayrton Senna foi uma lenda na F1 e também um líder inspirador na promoção de impactos sociais positivos no Brasil. Dando continuidade à sua homenagem #ForeverSenna, Sebastian Vettel pediu à ONG Pimp My Carroça para construir uma obra de arte em homenagem a Senna e aos catadores. O resultado está em exposição no autódromo de Interlagos até este domingo, 3 de novembro.
“Graças ao trabalho das catadoras e catadores, o material que compõe o capacete pode ter uma nova vida, honrando o legado de Ayrton Senna. Esta peça convida cada um de nós a honrar os valores de Ayrton Senna, reconhecendo os catadores que tanto contribuem para a sociedade, ecoando seu chamado por justiça e igualdade”, explica Nanci Darcolléte, catadora há 30 anos em São Paulo e diretora executiva do Pimp My Carroça.
A economia da reciclagem no Brasil é impulsionada 90% pelos catadores, uma equipe de cerca de 1 milhão de trabalhadores que andam pelas ruas ganhando a vida com materiais valiosos que as pessoas jogam fora. Trabalhando de forma autônoma, os catadores empurram carroças, estruturas metálicas muito fortes sobre rodas, para coletar materiais recicláveis. Sem os catadores, as taxas de reciclagem do Brasil (4%) seriam drasticamente menores, pois eles coletam, separam e reaproveitam materiais que seriam descartados como lixo.
O capacete foi feito por várias mãos, mas principalmente pelos artistas Matthias Garff @matthias_garff (Alemanha) e Ever @namarrastopmotion (Brasil), que têm muita experiência em trabalhar com materiais recicláveis, com a assistência de Sid, Zed, Hemylly Coelho, Gabriel Santos e Patty Gonzalez. Os materiais foram adquiridos com os catadores da Cooperativa Viva Bem, que coletam, transportam, separam, prensam e vendem de volta para a indústria diferentes tipos de materiais recicláveis. Medindo 3 metros de altura e pesando mais de 300 kg, ele representa o que um único catador envia para a reciclagem em um único dia de trabalho. O Pimp My Carroça @pimpmycarroca compartilhará o making off do capacete nos próximos dias em suas redes sociais.
“Graças ao trabalho dos catadores e da nossa equipe, a escultura é feita de materiais reciclados que antes eram chamados de lixo. Por fora, polipropileno (PP), polietileno de alta densidade (PEAD), papel alumínio de embalagens de comida para viagem e pneus de bicicleta. Já por dentro, é tudo feito de isopor de caixas para transportar peixe”, descreve Matthias Garff @matthias_garff, artista alemão convidado.
“Todos os materiais recicláveis foram coletados por catadores e fixados em painéis de madeira recuperada presos à estrutura metálica pela nossa equipe, que trabalhou por dias consecutivos nesta obra. Os mesmos metais que dão forma ao capacete são usados para construir as carroças, os veículos movidos a tração humana que os catadores usam para coletar materiais recicláveis”, completa Ever @namarrastopmotion, artista radicada em São Paulo e indicada por Mundano @mundano_sp para a confecção do capacete.
A frase-tema de Ayrton Senna: “Os ricos não podem mais viver em uma ilha cercada por um mar de pobreza. Todos nós respiramos o mesmo ar. Devemos dar a todos uma chance, pelo menos uma chance fundamental” é um elemento central desta obra.
Assim como as palavras de Senna, o capacete convida os espectadores a considerar a interconexão da sociedade, enfatizando que os catadores não são apenas contribuintes para a reciclagem, mas defensores críticos da justiça ambiental e social. Com a crise climática, o trabalho dos catadores é fundamental para a cadeia de reciclagem, na redução de resíduos em aterros e na extensão da vida útil dos locais de descarte, mas muitos ainda enfrentam estigmatização e más condições de trabalho. Esta obra de arte, portanto, é um chamado para reconhecer e elevar esses trabalhadores essenciais.
Sebastian Vettel encomendou esta obra para manter viva a crença de Senna na responsabilidade coletiva e na elevação da comunidade. Ao vincular a arte a #ForeverSenna, Vettel busca fundir os valores de Senna com uma conversa global sobre equidade social e sustentabilidade.