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Carta aberta à população de Araraquara

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Araraquara, 12 de junho de 2018

Os questionamentos e debates acerca das árvores removidas pela Santa
Casa de Araraquara no perímetro da instituição fazem crer que nossa
democracia, ainda relativamente jovem, mostra seus valores à sociedade. O
mesmo não pode ser dito das árvores: eram elas que não estavam
saudáveis.
Doentes, ocas e comprometidas, elas (1) colocavam em risco a saúde da
comunidade, tanto pela iminência de queda quanto – uma delas, em
particular – por atrapalhar o trânsito de ambulâncias, que, para
estacionarem e saírem, precisavam ser manobradas diversas vezes, quando
todos sabemos que, em saúde, o tempo é um bem valioso, é um fator que
concorre para determinar o salvamento de uma vida; e (2) prejudicavam a
locomoção com cadeira de rodas – aqui, não estamos nos referindo apenas
às pessoas com necessidades especiais, com traumas irreversíveis, mas
também a diversos pacientes que se encontram temporariamente
dependentes de cadeiras de rodas em função de tratamentos.
Árvores doentes, cujas raízes levantam as pedras das calçadas,
prejudicando a acessibilidade, um conceito inegociável nas sociedades mais
civilizadas, não podem ser mais importantes do que pessoas.
Principalmente para um hospital.
É fundamental destacar que a Santa Casa recebeu autorização dos órgãos
municipais competentes para remover parte das árvores. A segunda
autorização estava em andamento, já com pareceres favoráveis, conforme o
Executivo havia comunicado à direção do hospital.
Se oito árvores deletérias foram removidas, vale destacar que nove ipês
estão sendo plantados no jardim em frente à fachada principal; que esse
mesmo jardim receberá dez palmeiras; e que a Santa Casa entregará 180
mudas de árvores nativas e exóticas à Prefeitura de Araraquara.
Resumindo: foram removidas oito árvores doentes e quase 200 estão sendo
plantadas.

Em relação ao questionamento, válido, das sombras, cumpre dizer que
ninguém precisa esperar lá fora. O princípio do acolhimento em saúde é
amplo e se estende ao conforto dos acompanhantes dos pacientes. A nova
recepção disponibiliza 150 cadeiras, em ambiente climatizado
adequadamente.
As principais tendências hospitalares de grandes centros do País e do
mundo – a saber, logística, funcionalidade, humanização, acolhimento,
gerenciamento de risco e acessibilidade – estão sendo acompanhadas pela
Santa Casa aqui em nossa cidade.
Um hospital que prioriza árvores doentes em vez de pessoas certamente
terá sua credibilidade em xeque. Disso a Santa Casa de Araraquara não
quer ser acusada.

Muito obrigado.
Valter Curi Rodrigues
Provedor | Santa Casa de Araraquara

Redação

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