Da redação
Hoje (26) é celebrado o Dia Internacional de Combate as Drogas (ou Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas). A data foi definida pela Assembleia Geral da ONU através da Resolução 42/112 de 7 de Dezembro de 1987, implementando recomendação da Conferência Internacional sobre o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, realizada em 26 de Junho do mesmo ano, ocasião em que se aprovou o Plano Multidisciplinar Geral sobre Atividades Futuras de Luta contra o Abuso de Drogas.
Para falar sobre essa importante data, o jornal O Imparcial recebeu alguns integrantes da Liga da Prevenção- Line Araraquara. A Liga é um movimento construído pela sociedade civil, dinâmico, heterogêneo e pós-moderno, focado nos três níveis de prevenção (universal, seletiva e indicada) da relação dos sistemas sociais com as drogas.
O conselheiro tutelar Márcio Servino, que é um dos membros da Liga, ressalta o trabalho desenvolvido pelo grupo nos 17 meses desde a sua fundação. “Em pouco mais de um ano e meio, já apresentamos duas sugestões de projetos de Lei na Câmara. Uma delas prevê a proibição da venda e manuseio do narguilé por menores de 18 anos, e a outra é um projeto muito completo sobre a redução da oferta de drogas e álcool para menores de idade, que apresentamos no início do ano, mas que, infelizmente, foi barrado pelo Executivo. O pior é que a Prefeitura inviabilizou o nosso projeto e não apresentou nada para substituí-lo. Nestes quase dois anos da atual gestão municipal nada, ou muito pouco, foi feito em relação à redução da oferta de drogas e álcool para menores na cidade. Como conselheiro tutelar, acompanho o crescimento do consumo de drogas e álcool entre os adolescentes, cada dia mais cedo, e não vejo nada de efetivo sendo feito nesse sentido por parte das autoridades. Esse é o nosso maior desafio como grupo da sociedade civil, agir onde o Estado não cumpre suas funções como deveria. E essa heterogeneidade do grupo com profissionais de diversas áreas faz com que a Liga seja mais forte nesse sentido”, disse Márcio.
Trazer os jovens para o debate
A livre docente da Odontologia da Unesp, Mirian Aparecida Onofre, destaca o crescente número de mulheres que estão utilizando droga e álcool cada vez mais jovens. “Antes a preocupação dos pais em relação ao uso de drogas era com os filhos homens, cabendo às filhas a preocupação com a gravidez precoce. Porém, vemos um grande número de meninas que estão usando drogas e consumindo bebidas alcoólicas, principalmente em festas universitárias e, ainda pior, estão consumindo medicamentos e energéticos para se manterem acordadas durante as aulas no dia seguinte. Isso é um dado muito preocupante e, por isso, destacamos durante o II Encontro Regional de Prevenção ao Uso de Drogas, realizado em maio deste ano, o tema: Mulheres, Mães, Filhos e Prevenção: um olhar sobre a dependência química feminina. A Liga vem trazer esse debate de forma plural e participativa para que os participantes deem sua contribuição de acordo com suas experiências e conhecimentos. Toda as pessoas que queiram de alguma forma contribuir são bem vindas à Liga, independente de sua formação ou área de atuação. O importante é a troca de informações. O papel da Liga é a orientação e a prevenção ao uso de drogas através de um projeto híbrido e multisetorial que está sempre em constante mudança. Quem quiser conhecer o nosso trabalho pode conferir em nossa página no Facebook: ligadaprevencaolineararaquara ou pelo fone (16) 997381529”, destacou Mirian.
Autoafirmação
Para a psicóloga Simone Ribeiro, um dos motivos que levam os adolescentes ao consumo de drogas é a sensação de status que isso cria. “A autoafirmação é um dos motivos que levam o adolescente ao consumo e até mesmo a se envolver com o tráfico de drogas, pois isso lhe confere status entre os amigos. O jovem questiona o porquê de o vizinho ter um tênis caro e ele não. Nós trabalhamos com orientações de forma a estimular o jovem à prevenção”, relatou Simone à reportagem.
Troca de informações
A educadora Zilma de Oliveira dos Santos Dantas, que é mediadora de conflitos do Projeto Escola da Família no bairro Parque São Paulo, desenvolve um trabalho muito importante na escola, onde trabalha os conceitos da prevenção ao uso de drogas com os estudantes. “É uma troca de informações muito enriquecedora que a gente desenvolve com os alunos e pais, através da qual são multiplicados os conceitos da prevenção. A gente não tem no país um modelo específico de prevenção, a coisa fica muito centralizada no governo. Quando surge um grupo como a Liga, que é formado por pessoas da sociedade, é muito importante. Um dos nossos maiores desafios é trazer esses jovens para os debates, por isso, estamos planejando várias ações para o segundo semestre do ano, para divulgar nosso trabalho e tentar reunir adolescentes e jovens. Precisamos ouvi-los e ter jovens atuantes até mesmo na Escola da Família, para que eles sejam os multiplicadores das nossas ideias e ações”, disse Zilma.
União
Outro ponto importante apontado pelo conselheiro Márcio Servino é a falta de união entre os órgãos que tratam do assunto na cidade. “O que existe hoje na cidade em relação à prevenção são ações muito pequenas e feitas de forma separada. Hoje não existem avaliações das nossas ações. O que a gente precisa é uma troca maior de informações, mais união entre os grupos que tratam do assunto. No dia internacional da prevenção acho que não temos muito para comemorarmos, pois a prevenção não está sendo feita como deveria em Araraquara. A sociedade civil tem um papel muito importante na questão da prevenção. Cada um tem que fazer a sua parte”, concluiu.
Também participaram da reunião na redação do O Imparcial a estudante de enfermagem, Anastácia Cristina dos Santos, o especialista em TI, Antonio Carlos Antunes Lunardi, a jornalista, Paula Cardoso e a professora e mediadora escolar, Maria Ângela.