De Araraquara para a Casa Branca

Da Chuva Artificial à Tempestade de Tarifas

Mais lido

Ronesier/Colaboração

Em junho de 2023, o conceituado The Wall Street Journal publicou um longo artigo exaltando a Semeadura de Nuvens e as Chuvas Artificiais como solução barata e comprovada para enfrentar secas e mudanças climáticas nos EUA. O que o jornal não contou é que essa tecnologia — hoje usada por mais de 50 países — nasceu entre os anos 30 e 40 em Araraquara, pelas mãos do médico e cientista brasileiro Dr. Frederico De Marco. A Organização Meteorológica Mundial já reconheceu a técnica como promissora. E assim, os investimentos americanos só cresceram. Só em 2023, o Bureau of Reclamation despejou US$ 2,4 milhões em programas de semeadura de nuvens nos estados da bacia do Rio Colorado. Em Utah, o orçamento saltou de US$ 800 mil para US$ 5,8 milhões em apenas um ano. O motivo? Lagos secando, reservatórios no limite e fazendas ameaçadas pela seca.

Enquanto isso, no Brasil, exportamos tecnologia, ideias e até chuva… mas recebemos de volta apenas uma tempestade de tarifas. Sim, os mesmos Estados Unidos que aplicam iodeto de prata nas nuvens estão agora inundando o Brasil de taxas sobre nossas exportações. Mas a patente brasileira que abriu caminho para tudo isso sequer é lembrada — muito menos paga em royalties. Quem sabe, um dia, descubramos um jeito de “modificar o clima” do comércio internacional e dissipar as nuvens tarifárias sobre o Brasil. Mas, por enquanto, seguimos assistindo à cena de sempre: a inovação nasce aqui, ganha o mundo… e o crédito e os lucros ficam lá.

De Utah ao Texas, do Colorado a Nevada e até na Califórnia, a demanda por semeadura de nuvens só cresce. É uma tecnologia made in Brazil, criada pelo Dr. Frederico De Marco, salvando plantações, recarregando aquíferos e mantendo vivo o sonho americano. E, pensar que, se os EUA reconhecessem as ideias brasileiras com a mesma voracidade com que aplicam tarifas sobre o nosso café, talvez já estivéssemos numa parceria global para enfrentar tanto as mudanças climáticas quanto os desafios da economia internacional. Ensinamos ao mundo — e aos EUA — a semear as nuvens. Mas parece que a Casa Branca prefere continuar semeando a discórdia.

Mais Artigos

Últimas Notícias