sexta-feira, 22, novembro, 2024

Edinho fala sobre Haddad, Lula, Alckmin e seu papel nas eleições de 2022

Em entrevista exclusiva, o prefeito de Araraquara fala sobre o cenário político atual e da sua participação na campanha de Fernando Haddad ao governo de São Paulo

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Por José Augusto Chrispim

Dando sequência à entrevista exclusiva com o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), a reportagem do jornal O Imparcial falou com o chefe do Executivo sobre o momento político do país e das ações de seu governo à frente do combate à Covid. Edinho também disse o que pensa sobre a união Lula/Alckmin, respondeu sobre ter sido citado nas denúncias contra o ministro da Casa Civil do presidente Bolsonaro, Ciro Nogueira, e discorreu sobre sua função de coordenador do Plano de Governo do candidato do PT ao Governo do Estado, Fernando Haddad, dentre outros assuntos.

Veja a entrevista na íntegra:

O Imparcial: A reportagem recebeu uma informação pelos bastidores de que o senhor foi convidado por Gilberto Kassab a ingressar nas fileiras do PSD e puxar a chapa de deputados federais do partido. O senhor recebeu realmente esse convite?

Edinho: “Tenho muito respeito pelo Gilberto Kassab, que inclusive foi meu colega dentro do ministério da presidenta Dilma, mas desconheço essa informação e esse convite. Minha missão é no PT”.

O Imparcial: Como o Edinho enxerga essa aproximação Lula/Alckmin, depois de décadas de enfrentamento ideológico e político entre PT e PSDB?

Edinho: “Eu vejo como um movimento importante e que vai ao encontro do que o Brasil precisa: deixar o ódio e a intolerância de lado. Temos que construir um país com capacidade de dialogar. A democracia é baseada no diálogo entre os atores e na construção de políticas públicas para a melhoria da qualidade de vida da população. Na política, não deveriam existir inimigos, e sim pessoas que possuem pensamentos diferentes, mas estão do mesmo lado: o lado da democracia. O que está em disputa em 2022 não é somente uma eleição, é o que a população brasileira quer para o seu futuro. Se o povo brasileiro quer o país no caminho da democracia, de respeito às instituições, ou se vamos caminhar para o autoritarismo, para a barbárie. O risco de vivermos uma ‘aventura’ autoritária é muito grande. Para derrotar essa ameaça autoritária, é preciso um movimento de união das forças democráticas, independentemente se essas forças já tiveram projetos divergentes no passado. Geraldo Alckmin comunga desse mesmo ideal que o projeto da candidatura do presidente Lula: a defesa de um Brasil inspirado na democracia, que gere empregos, combata todas as formas de preconceito e exclusão e faça o Brasil ser feliz de novo”.

O Imparcial: Qual é o tratamento que Araraquara recebe do Governo Federal? A cidade tem dificuldades para conseguir viabilizar projetos em Brasília?

Edinho: “De nossa parte, nós sempre iremos dialogar com todas as forças políticas, de todos os partidos, em todas as esferas, para que Araraquara receba recursos e nossa população tenha melhor qualidade de vida. Quem me conhece sabe que tomar café e sentar para conversar, com quem quer que seja, nunca foi problema para mim. Um exemplo é a nossa relação com o Governo do Estado, que tem sido um grande parceiro da nossa cidade. Não votei na chapa vencedora estadual em 2018, João Doria e Rodrigo Garcia, que não eram os candidatos apoiados pelo meu partido, mas nem por isso deixamos de dialogar e buscar investimentos para Araraquara. Isso é a democracia. Em relação a Brasília, como fui ministro, tenho muito contato com deputados e senadores de todos os partidos, que nos ajudam com emendas parlamentares, e também busco diálogo dentro do Governo Federal. Só da Caixa Econômica Federal conseguimos recursos de mais de R$ 80 milhões, do Finisa e do Finisa Ilumina. Sempre defendo e defenderei a democracia e o diálogo em benefício da população”.

O Imparcial: Depois do governador Doria, Edinho foi o principal antagonista do presidente Bolsonaro, que o criticou várias vezes em rede nacional e em suas lives nos últimos anos. Isso faz com que a população brasileira o identifique como o contrário de tudo o que o presidente defende. Como o senhor entende politicamente essa situação?

Edinho: “Nosso objetivo, desde o começo da pandemia, foi defender a ciência e a vida. Investimos em testagem, construímos o hospital de campanha, reabrimos o PS do Melhado, transformamos a UPA da Vila Xavier em uma central de atendimento da nossa população, precisamos decretar o lockdown quando a Saúde se encaminhava para o colapso e pacientes correriam risco de morrer sem assistência médica (já que não existia vacina ainda). Investimos 45% do Orçamento municipal na Saúde no ano passado, sendo que a Constituição Federal exige o índice mínimo de 15%. Tudo isso ganhou destaque na imprensa nacional e internacional e foi elogiado pelas universidades, pelos institutos de pesquisa em saúde e pelos especialistas. Muitas vidas foram salvas em Araraquara com as nossas medidas. É uma pena que o Governo Federal não tenha se atentado à gravidade da pandemia desde o início e tenha preferido se ‘abraçar’ ao negacionismo, criticando os agentes públicos que tomaram atitudes para prevenir a transmissão da doença, atrasando a compra de vacinas e prolongando o sofrimento dos brasileiros, principalmente os familiares das vítimas que poderiam ter sido evitadas se estivessem vacinadas. A história irá julgar quem agiu para defender a vida e quem se omitiu”.

O Imparcial: Há poucos dias, a imprensa divulgou um relatório da PF que cita o senhor como envolvido em uma denúncia contra o Ministro da Casa Civil do Bolsonaro, Ciro Nogueira. O relatório fala em corrupção. Como explica isso?

Edinho: “Mais uma vez, só por eu ser chamado para alguma tarefa de visibilidade, ter papel nas eleições de 2022, por “coincidência” me envolvem em fatos no qual nunca cheguei perto. Eu tive a curiosidade de ler o relatório da PF. Todos os fatos mencionados contra o Ciro Nogueira não têm nenhuma relação comigo, absolutamente nenhuma. Portanto, uma denúncia que certamente, como tantas outras, será arquivada. Eu fui coordenador financeiro da campanha de Dilma em 2014, somente isso, e as contas da campanha foram aprovadas duas vezes pelo Tribunal Superior Eleitoral, isso é fato. O restante que utilizaram para me atacar é destilo de ódio, que eu não dou a mínima. O que me importa é governar Araraquara e superar as dificuldades impostas por esse momento histórico tão difícil”.

O Imparcial: Como o prefeito pretende conciliar o trabalho de coordenação de campanha ao Governo do Estado pelo companheiro de partido Fernando Haddad com o dia a dia da Prefeitura em um período tão turbulento?

Edinho: “O Fernando me convidou para coordenar o programa de governo. Foi uma honra para mim e é um reconhecimento a tudo que Araraquara se tornou para o Brasil, um exemplo de políticas públicas. Quero ajudar que ele tenha propostas que dialoguem com os principais problemas do estado de São Paulo. Propostas que sejam instrumento de construção de um ambiente de paz e prosperidade no estado. Chega de ódio e agressão, o povo paulista quer paz para crescer, se desenvolver, gerar emprego e renda. Esse será o objetivo das propostas de Fernando Haddad. Essa tarefa é plenamente conciliável com as atribuições de prefeito. Certamente não terei mais nenhuma folga aos finais de semana, feriados e trabalharei algumas madrugadas. Mas hoje a tecnologia ajuda muito. Você reúne as pessoas do estado, nas mais diversas regiões, sem sair de casa”, finalizou Edinho.

Redação

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