sábado, 21, setembro, 2024

Elson Longo: 80 anos de Ciência e Pioneirismo

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Um dos maiores cientistas brasileiros na atualidade, doutor em Físico-Química, Elson Longo, Professor Titular Emérito da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), diretor do Centro do Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN), está completando 80 anos de vida, ciência e pioneirismo e 50 anos na UFSCar. As bodas de ouro revelam um casamento profícuo, uma história de muito trabalho, dedicação e perseverança.

A UFSCar foi criada em março de 1970 e, em primeiro de janeiro do ano seguinte, Elson Longo ingressou na universidade, sendo um dos fundadores do Departamento de Química, do qual hoje é Professor Sênior e Titular. Ao completar o cinquentenário, Longo integra a lista dos pesquisadores mais influentes do mundo em um ranking publicado recentemente a partir da base de dados Scopus.

Dentre suas contribuições na área dos materiais destacam-se os estudos em nanotecnologia, filmes finos, pigmentos cerâmicos, materiais luminescentes, refratários/cerâmica, nanomateriais, química teórica, cosmetologia, sensores, varistores e catálise.

Publicou mais de 1.223 artigos em revistas internacionais, Índice H 76, 30.045 citações, possui 39 pedidos de privilégios e gerou mais de 1300 trabalhos em congressos nos últimos 13 anos. Desenvolveu mais de 42 projetos e convênios com os governos Federal e Estadual, e também com empresas (só com a CSN foram mais de 45 Projetos).

Orientou e co-orientou mais de 170 teses e dissertações. Recebeu mais de 23 prêmios e menções honrosas. Desde 2018 integra a Ordem Nacional do Mérito Científico. Mantém forte intercâmbio com instituições nacionais e internacionais de pesquisa na Espanha, França, EUA e Itália. Membro da Academia Internacional de Cerâmica (World Academy of Ceramics), Academia de Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP), Academia Brasileira de Ciências (ABC) e professor honoris causa da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Trajetória

Elson Longo nasceu em São Paulo, no tradicional bairro do Pari, em 1941. Morou em Presidente Prudente (SP), onde atendia telefones na Rádio Prudente aos treze anos de idade, depois se tornou repórter e um dos jornalistas mais requisitados da cidade, até se tornar secretário de redação do jornal O Imparcial.

Mais tarde se mudou para São Paulo e começou a ministrar aulas de Ciências e Matemática no ensino médio em um colégio estadual, e nesse período reencontrou um antigo colega do Clube de Química do ensino médio em Presidente Prudente, José Arana Varela (falecido em 2016), parceiro de muitos anos na vitoriosa trajetória acadêmica que viria a seguir.

No ano de 1966 ingressou no curso de graduação em Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara, atual Instituto de Química (IQ) da Unesp. Realizou o mestrado em 1975 no Instituto de Química da USP/São Carlos e, em 1976 foi para a França e ingressou no Centre de Mécanique Ondulatoire Appliquée (CMOA) do CNRS (Centre Nationale de Recherche Scientifique). Naquele momento desenvolveu seus estudos teóricos e mecanismos de enzimas e substâncias esquistossomicidas. De volta ao Brasil, concluiu o doutorado no Instituto de Química da USP/São Carlos.

Com Longo na UFSCar e Varela no IQ da Unesp em Araraquara, juntamente com o professor Luiz Otávio Bulhões, os três professores pesquisadores inauguraram o “Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica” (LIEC) em 1988, com sede tanto na UFSCar quanto em Araraquara. O Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (LIEC) está completando 33 anos de forte atuação em pesquisa científica, desenvolvimento de produtos e processos inovadores, formação de cientistas e atividades de extensão.

 CDMF

Em 2013, o LIEC, juntamente com grupos de diferentes universidades paulistas, foi novamente contemplado com o projeto Cepid da Fapesp, passando a ser denominado Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF). As linhas de pesquisa inseridas no CDMF/Cepid abarcam três grandes áreas: energia, meio ambiente e saúde.

Inovações tecnológicas para combater o coronavírus

Desde o início da emergência sanitária provocada pela pandemia os trabalhos de pesquisa no CDMF foram realinhados para o desenvolvimento de tecnologias e soluções para o enfrentamento do novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da COVID-19.

Resultado desse esforço é a criação de dois tipos de testes rápidos e portáteis que podem detectar precisamente a COVID-19 usando apenas uma gota de saliva, podendo, ainda, fornecer o resultado em tempo real. O trabalho foi desenvolvido por pesquisadoras do Centro de Tecnologia da Informação, Renato Archer (CTI), em parceria com o CDMF e a startup Visto.Bio.

O CDMF, em parceria com a Nanox, a Universitat Jaume I (UJI), na Espanha, e o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), desenvolveram uma tecnologia pioneira no mundo que comprovou a eficácia de nanopartículas de prata e sílica produzidas no Centro na inativação do novo coronavírus (SARS-Cov-2).

O trabalho comprovou a ação das partículas na inativação do SARS-Cov-2 em superfícies como tecidos, máscaras, equipamentos hospitalares, entre outros, e sua utilização nesses materiais se tornaram uma importante ferramenta no combate à pandemia de COVID – 19.

As novas partículas já foram aplicadas na máscara reutilizável OTO, atualmente em produção pela ELKA, e mais recentemente em tecidos, permitindo um gama maior de aplicações que incluem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e vestimentas para uso hospitalar.

Redação

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