Aconteceu nessa quinta-feira (15), em Ribeirão Preto, o Simpósio Integração da Pesquisa Pública em cana-de-açúcar no Brasil, que debateu políticas públicas e novas tecnologias voltadas ao setor de cana de açúcar no país.
Durante o evento foi celebrado a assinatura de um projeto para o desenvolvimento de variedades de cana-de-açúcar transgênica capaz de realizar o controle biológico da broca-da-cana (uma espécie de mariposa presente nos canaviais) e facilitar o manejo da cultura com o herbicida glifosato. Uma parceria entre a EMBRAPII, o SEBRAE, a Embrapa Agroenergia e a startup PangeiaBiotech.
Atualmente, o controle da broca-da-cana é realizado por meio de inseticidas químicos e estima-se que as perdas causadas pela lagarta cheguem a R$ 4,88 bilhões por ano, se considerar a área total cultivada com cana no país. Para realização desse projeto a empresa entra com 1/3 em parceria com o SEBRAE, a EMBRAPII com 1/3 e a Embrapa Agroenergia com o restante.
“O setor sucroenergético possui um papel fundamental na economia brasileira, mas o país para se consolidar como um grande produtor e fornecedor internacional de etanol precisará investir em melhorias tecnológicas que se adequem às exigências internacionais de produção sustentável, tanto em termos ambientais como sociais. Isto envolve desde a descoberta de novas variedades de cana-de açúcar, inovações na linha de produção das usinas, até na simples expansão da área agrícola”, explica o diretor-presidente da EMBRAPII Jorge Guimarães.
Estavam reunidos no Simpósio instituições públicas e privadas que representam setores da pesquisa, produção e políticas públicas para o setor sucroenergético (que produz energia através da cana) e em áreas afins visando apresentar e discutir: pesquisa pública em cana-de-açúcar, novas tecnologias, tendências e desafios para o setor.
Para chegar com esse produto totalmente inédito no mercado foram selecionados genes com liberdade de uso, conta Hugo Molinari – pesquisador da Embrapa Agroenergia e líder do projeto. Além disso, os pesquisadores já iniciaram a transformação genética em laboratório com as variedades previamente selecionadas. Também, estão previstos os testes em campo para validar a tecnologia. Após esta etapa de validação, parcerias estratégicas com empresas interessadas poderão ser feitas, o que envolve negociações de desregulamentação do evento transgênico para posterior venda destas variedades no mercado.
De acordo com Paulo Cezar De Lucca, sócio fundador da PangeiaBiotech, as características de valor agronômico mencionadas são na verdade genes já comumente usados nas culturas da soja, milho e algodão no Brasil e que agora estão sendo adaptadas para a cana. A parceria terá duração de 4 anos.
Financiamento EMBRAPII
A EMBRAPII – A Empresa mantém contrato de gestão com o Ministério da Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e Ministério da Educação (MEC) e atua por meio da cooperação com instituições de pesquisa científica e tecnológica, públicas ou privadas, tendo como foco as demandas empresariais e como alvo o compartilhamento de risco na fase pré-competitiva da inovação.