A técnica de enfermagem Márcia Helena de Almeida, de 55 anos, entrou em contato com a redação do O Imparcial após a publicação de uma carta aberta à população da Casa Cairbar Shutel, na edição dessa quarta-feira (4).
Márcia trabalhou por nove anos na entidade até ser demitida em 11 de maio de 2014. Logo após sua demissão, outros 35 colegas de trabalho também foram dispensados, de acordo com a técnica de enfermagem, por conta de uma redução de despesas do hospital.
Logo após a demissão em massa, Márcia foi chamada ao Sindicato SINSAÚDE, onde lhe foi oferecido o pagamento de seus direitos trabalhistas de forma parcelada e, ainda faltando alguns benefícios e transparência, mas ela não aceitou, seguindo orientações de seu advogado. Márcia conta que dias depois foi entregue a ela um comprovante de rendimentos, onde constava que ela havia recebido seu décimo terceiro do ano de 2013, mas, ela relata que não recebeu e o hospital declarou à Receita Federal ter pagado integralmente.
Outro fato relatado pela técnica à reportagem é que ela teria feito empréstimos consignados que eram descontados em sua folha de pagamento pelo hospital, mas nunca repassou à Caixa Federal, por isso, seu nome foi inserido no SCPC.
Em Abril de 2014, Márcia fez uma série de denúncias ao Ministério Público quanto à gestão da entidade, incluindo falta de pagamento, pressão por parte do presidente para que as técnicas pedissem demissão, desvio de função, onde foi dito a ela que a Promotoria instauraria um inquérito civil para apurar as irregularidades relatadas por ela.
Márcia, que hoje é aposentada, vive com ajuda de cestas básicas enviadas por entidades assistenciais, pois toma vários remédios de alto custo e não consegue se manter com o que recebe do INSS. Ela disse ainda que já ganhou na justiça trabalhista seus vencimentos, mas aguarda desde 2014 para receber, porém, até o momento ninguém moveu “um dedo” para ajudar a ela e aos outros demitidos que também estão na mesma situação.
Leilão
Em 13 de fevereiro de 2017 foi feita uma avaliação técnica por um corretor de imóveis a pedido da Juíza Trabalhista, Conceição Aparecida Rocha Petribu Faria, que avaliou o prédio do hospital em mais de R$ 8 milhões, caso o juiz determine que o imóvel deva ir a leilão, segundo documento apresentado à reportagem. Ela diz ainda que já procurou a Promotoria Pública e a Câmara Municipal para pedir que alguém intervenha a favor dos funcionários demitidos, mas não obteve nenhuma resposta positiva.
Situação difícil
O presidente da Casa Cairbar Shutel, Osvalte Juraci Nogueira, afirma que na época das demissões o hospital não teve alternativa, ou demitia ou fechava, como já foi dito anteriormente em carta aberta. Cada paciente custa R$ 120,00 ao hospital, por dia, e o SUS (Sistema Único de Saúde) paga R$ 49,00 . Ou seja, 40% do que efetivamente custa.
“Esta enorme diferença, ao longo de todos estes anos de serviços prestados, é que nos coloca nesta situação difícil de passivo financeiro”. Juraci afirmou também que os processos trabalhistas estão em juízo, mas o Cairbar, juntamente com cinco entidades, recebeu de uma senhora falecida uma doação de dois terrenos que já estão à venda exatamente para pagamento dos funcionários demitidos. Ele ainda ressaltou que no caso de Márcia, eles tentarão via judiciário, direcionar o pagamento para ela e sanar os problemas que esses processos possam causar a entidade.