quinta-feira, 4, julho, 2024

Jornalismo: “Fake news” atrapalham na escolha do curso superior

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Adriel Manente

As chamadas “fake news” – termo usado para designar as notícias falsas, que se espalharam pela imprensa, principalmente na eleição passada – continuam deixando vestígios. Juntamente com a queda da obrigatoriedade do diploma de jornalista em 2009, é o principal motivo para o curso cada vez mais estar desaparecendo das grades de universidades em todo o país.

Segundo a jornalista e professora Elivanete Zuppolini Barbi, que também é coordenadora do curso de Jornalismo da Universidade de Araraquara (UNIARA), a queda da obrigatoriedade do diploma não afetou muito a busca pela profissão, nada comparada a outros fatores que foram inseridos nestes últimos anos. “No primeiro momento, em 2010, 2011, houve uma diminuição da procura pelo curso de Jornalismo. Porém, passados esses dois ou três primeiros anos, o ingresso voltou ao normal” comenta.

Elivanete aponta algumas causas que, de acordo com ela, são decisivos para essa falta de credibilidade do jornalismo atualmente. “O que afeta a qualidade do jornalismo (e não do jornalista) são: a velocidade com que a informação tem que ser processada e divulgada; a superficialidade e erros de informação decorrentes dessa urgência em colocar a notícia no ar; o volume de informação ruim, falsa e apelativa que circula nas redes sociais como se fosse jornalismo; e a queda do faturamento dos meios de comunicação que não têm como manter um padrão de qualidade mínimo por não disporem de receita suficiente. Essa conjunção de fatores mina a credibilidade do jornalismo, e imprensa sem credibilidade não cumpre seu papel”, diz a coordenadora da Uniara.

Por fim, a professora realça a importância que hoje as redes sociais têm em relação à difusão da informação, mas faz um alerta. “As mídias digitais e as redes sociais trouxeram inegáveis benefícios à produção da informação. Acesso a fontes, informações, dados nos mais diferentes setores, lugares e escalões. No entanto, também trouxe essa falsa sensação de que qualquer pessoa com um celular na mão fotografa um acidente numa rodovia, manda imagens e informações para uma emissora de rádio ou TV e está fazendo jornalismo. Vimos e estamos vivendo o impacto das notícias falsas plantadas em grupos de WhatsApp nas eleições do ano passado”, finaliza.

Segundo Norian Segatto, diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, a orientação curricular deveria mudar o foco, em vez de se ater a um ensino puramente “profissionalizante”, as escolas de jornalismo deveriam resgatar o que é fundamental no exercício de nossa profissão, e consequentemente trazer de volta a credibilidade que os jornalistas sempre tiveram. “O espírito crítico, investigativo, o conhecimento histórico e filosófico, aprofundamento da gramática e língua estrangeira, esses são exemplos que fazem um bom jornalista e deveria ser resgatados. Quanto mais tecnicista for o curso, menos irá formar bons profissionais, pois essas “técnicas” se aprendem em uma semana de redação”, conclui o diretor.

Redação

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