domingo, 22, setembro, 2024

“Julho das Pretas”: abertura nesta quarta (07) aborda “Mulheres Negras Cientistas”

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O “Julho das Pretas” tem início nesta quarta-feira, dia 07, com o encontro “Mulheres Negras Cientistas”, realizado pela Coordenadoria de Políticas Étnico-Raciais e Coordenadoria de Políticas para Mulheres, com o apoio do Conselho Municipal de Combate à Discriminação e ao Racismo e do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher.

O evento comemora o Dia Nacional de Tereza de Benguela e o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha com debates públicos virtuais sobre diversas temáticas que envolvem as especificidades de ser mulher negra, a fim de se pensar em políticas públicas para as mulheres.

As pesquisadoras Silvane Silva, Valquíria Tenório e Flávia Alessandra de Souza são as convidadas da mesa de abertura “Mulheres Negras Cientistas”, que pode ser acompanhada por meio do Facebook da Prefeitura e também pela página “Amigos do Centro Afro”. O evento tem início às 19 horas, gratuitamente, sem necessidade de inscrição prévia.

A Prof.ª Dr.ª Valquíria Pereira Tenório, professora do Instituto Federal de São Paulo (IFSP – campus Matão), irá relatar um pouco de sua vivência como pesquisadora no intuito de inspirar outras mulheres a trilhar esse caminho e colaborar para que possam reconstruir histórias e existências negras na região. “Minha trajetória enquanto mulher negra cientista, tal como tantas outras como eu, pode nos ajudar a refletir sobre uma imagem estereotipada que temos do que seria uma pessoa cientista. O meu caminho de pesquisa foi dentro das ciências humanas e tive o privilégio de ouvir muitas pessoas e suas histórias, remexendo memórias, lembranças, recortes de jornais antigos, fotografias e livros para compreender como a população negra construiu sua sociabilidade e identidade”.

Vale destacar que Valquíria é integrante do NEABI (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígena) do IFSP e coordenadora do Clube de Leitura Ubuntu, da Semana da Diversidade e Mês da Consciência Negra da mesma instituição. Ainda, é pesquisadora do Centro de Estudos das Culturas e Línguas Africanas e da Diáspora Negra (CLADIN), do Laboratório de Estudos Africanos, Afro-Brasileiros e da Diversidade (LEAD) e do Núcleo Negro da Unesp para Pesquisa e Extensão (NUPE), Grupo de Trabalho FCL-Araraquara.

Também, a Prof.ª Dr.ª Silvane Silva é convidada da mesa de abertura para compartilhar um pouco da sua trajetória acadêmica. Doutora em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), Silvane atua como professora e pesquisadora nas temáticas História e Cultura Afro-brasileira, Educação para as Relações Étnico-raciais, Educação para a Igualdade de Gênero e Educação Escolar Quilombola.

“Acredito que seja importante que meninas e mulheres negras saibam que podem ser o que quiserem. E que apesar das limitações que nos são impostas pela sociedade racista e sexista podemos alçar vôos para fora das gaiolas nas quais tentam nos aprisionar, como emprego doméstico e gravidez precoce e/ou indesejada, por exemplo. Na minha história de vida a educação foi fator determinante de transformação dessa realidade”, comenta a pesquisadora.

Silvane Silva é co-organizadora do livro “Narrativas Quilombolas: dialogar, conhecer, comunicar” (Imprensa Oficial, 2017) e autora do prefácio da edição brasileira de “Tudo sobre o amor: Novas perspectivas”, da estadunidense Bell hooks (2021). Ela lembra que toda a sua trajetória é marcada pelas lutas e conquistas do Movimento Negro brasileiro. “Foram as políticas públicas conquistadas por esse movimento social me fizeram chegar até aqui. As mulheres negras e homens negros que me antecederam abriram o caminho por onde eu pude caminhar. E hoje eu procuro retribuir e fortalecer as gerações que me sucedem. As lutas das mulheres negras perpassam sobretudo pela educação escolar e acadêmica. E dois nomes muito importantes devem ser sempre lembrados: Lélia Gonzalez e Beatriz Nascimento. É um pouco sobre isso que iremos conversar”, adianta.

Ainda, o encontro conta com a participação da Prof.ª Dr.ª Flávia Alessandra de Souza, professora adjunta de Sociologia lotada no Departamento de Filosofia e Ciências Humanas (DFCH) da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus-BA. Flávia é membro da Associação Internacional de Sociologia e tem experiência interdisciplinar em Relações Raciais, Movimento Negro e Poder Local no Interior Paulista, América Afro-Latina, Mulheres Negras e Expressões de África e da Diáspora Africana. “Julho das Pretas é mais um marco positivo politicamente construído por mulheres negras no país, por meio da mobilização histórica de negras latino-americanas e caribenhas. Assim nos posicionamos contra quem estrutura a branquitude, o sexismo e todas as desigualdades no Brasil e no mundo”, finaliza Flávia.

Programação – Depois da abertura, a programação das lives segue com as seguintes temáticas: Estética Negra (diálogos sobre cabelo e maquiagem), no dia 14; Afroempreendedorismo e Empreendedorismo Afro (dicas e ferramentas para vendas online), no dia 21; Mulheres no Hip Hop (a luta pela visibilidade), dia 22.

No dia 23 será efetuado o Prêmio Drª Rita de Cássia com a projeção das fotos de 20 mulheres homenageadas em 2020 e em 2021. A projeção será realizada no prédio da Prefeitura a partir das 17h30. De acordo com a organização, as homenageadas serão convidadas a participarem da projeção em horário pré-agendado a fim de evitar aglomeração.

Por fim, no dia 28, acontece o encerramento do Julho das Pretas, com um vídeo dedicado a todas as mulheres que participaram das atividades durante o mês, contando com as palestrantes e as homenageadas.

Toda a programação é gratuita.

Redação

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