quinta-feira, 19, setembro, 2024

Lalau

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Lalau foi a abreviação feita pelo seu heterônimo Stanislaw Ponte Preta, que por sua vez era o pseudônimo do jornalista Sérgio Porto, nascido no Rio em 1923 e morto em 1968, 74 dias antes do famigerado AI-5 (Ato Institucional nº 5) feito durante a ditadura militar, perdão, “Movimento de 64”, no dizer do ilustre Presidente do STF, Ministro Dias Toffoli. Para o Lalau a citada ditadura era chamada de “Redentora”. Sérgio Porto morreu jovem, com 45 anos de idade. Foi o criador do FEBEAPÁ, Festival de Besteiras que Assola o País, termo utilizado para se referir às besteiras que os novos políticos da “Redentora” faziam e diziam. Cinquenta e quatro anos depois, novamente voltam os militares, desta vez via eleitoral e renasce o FEBEAPÁ, tão intenso quanto o anterior. Mas, infelizmente, sem a presença do Sérgio Porto, o que é uma pena. Políticos que ascenderam ao Poder atual não se cansam de lembrar que o FEBEAPÁ continua vivo e, portanto, continua valendo a torrente de besteirol que assola o país. Suas asneiras continuam vicejando nas suas falas, impedindo que esqueçamos o Lalau. A única diferença que noto é que na antiga ditadura militar predominavam militares céticos com boa formação patriótica, nacionalistas e defensores do nosso patrimônio material, técnico e científico. Fizeram “Angra 1 e 2”, Itaipu, Tucuruí, Ilha Solteira, Jupiá e a ponte Rio-Niterói. O nosso governo atual está aureolado de místicos, predestinados e “entreguistas”, defendendo o nosso colonialismo e o lucro das multinacionais, ou seja, o velho imperialismo criado pelos ingleses e modernizado pelos americanos. Mas políticos falarem besteiras neste país é um tanto recorrente e sem o Lalau para observá-los fica sem graça. Mas vamos tentar imitá-lo, mesmo que grotescamente. Como se expressaria o Ponte Preta, com relação ao deputado federal,

Sr. Fábio Ramalho (MDB-MG) que vem lutando obstinadamente para que seu salário seja aumentado? Simplesmente o chamaria de Depufede (Deputado federal). Mas este não é o único político a fazer e dizer asneiras da atual geração. Há uma verdadeira avalanche de tolices, que nem sei se o Lalau daria conta em supervisioná-las. Entre esses áulicos das besteiras, alguns vêm se destacando nesta arte mais que os outros, de maneira louvável, temos que reconhecer. No atual governo são muitos os especialistas com frases grandiloquentes e insanas. Eis algumas: Ricardo Vélez Rodrigues, indicado para Ministro da Educação, afirmou convicto: “as provas do Enem funcionaram como doutrinação de esquerda”. Ou o chefe da Casa Civil Onyx Lorenzoni, que respondeu ao jornalista que o arguia sobre a suspeita de desvio de dinheiro público, afirmou: “que já se havia entendido com Deus” e “que fora perdoado pelo juiz Sérgio Moro”. E a sandice do Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo: “A questão climática é um dogma marxista”. Todos esses assessores, têm por guru o filósofo autodidata e astrólogo brasileiro, hoje residente nos Estados Unidos, Olavo de Carvalho. Não há dúvida que o Bolsô vai precisar de muito milagre para poder governar. Mas essa dificuldade pode muito bem ser contornada. Já temos quem possa substituir o Joãozindo de Deus, aquele que curava cancerosos por atacado e fazia milagres com sua varinha de condão. “Varinha”, disse eu? Então errei. O certo é vareta! Eis que surge no horizonte uma real promessa para substituí-lo na pirotecnia política do Lalau. Acaba de surgir a dona Damares, conhecida pelos íntimos como “Dama”. Ou a “Dama de Deus” que, com certeza, não sofre de catarata, pois anda vendo coisas que até Deus duvida. Afirmou ter visto Jesus trepando numa goiabeira! Sem querer agredir os crédulos – os quais respeito -, temos para essas duas palavras

um duplo sentido: o verbo “trepar” e o substantivo “goiabeira”. Para o verbo predomina a malícia do brasileiro e para o substantivo “goiabeira” tanto pode significar a planta que dá goiaba como quem as vende. Com esse último sentido, poderíamos imaginar a “Dama de Deus” substituindo a humorista Zezé Macedo com seu bordão na “Escolinha do professor Raimundo” do Chico Anysio: “ela só pensa naquilo!”

Redação

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