José Augusto Chrispim
Um grupo formado por cerca de 100 motoristas de ônibus da empresa Viação Paraty, em Araraquara, está se mobilizando para, de acordo com os membros, lutar por melhorias nas condições de trabalho. Porém, na semana passada, dois funcionários foram demitidos e entendem que o motivo seria uma retaliação da empresa.
Um dos líderes do grupo formado no WhatsApp, o motorista Rael Aparecido da Silva, de 35 anos, procurou o jornal O Imparcial para denunciar o que chama de ‘retaliação’ por parte do gestor da empresa que o demitiu na última quarta-feira (3) e, no dia seguinte, tomou a mesma ação contra Ivan Pereira da Silva, de 39 anos, que também era motorista há mais de 6 anos. “Eu vejo as nossas demissões simplesmente como retaliação contra a formação do grupo que a gente montou apenas para lutar por nossos direitos, já que a data base do nosso dissídio está próxima e precisamos nos organizar para passarmos nossas reivindicações para o sindicato da categoria negociar com a empresa. Nunca foi nossa intenção fazer greve ou tomar qualquer medida que traga algum prejuízo à firma ou aos usuários, só queremos lutar por melhorias nas nossas condições de trabalho e por ajuste no salário que está muito defasado. Hoje estamos registrados com o salário bruto de R$ 1.668,20, que é bem menor que o recebido pelos motoristas de cidades da região. Trabalhei por um ano e dois meses sem ter uma falta ou qualquer motivo que me desabonasse, por isso, não vejo motivo para ser demitido, a não ser a retaliação”, desabafou Rael à reportagem.
Pressão
Já Lindiomar Oliveira Santos, conhecido como Baiano, relatou à reportagem que sofre uma grande pressão tanto por parte da empresa como dos passageiros e, isso, acabou lhe acarretando um quadro de depressão. “Eu estou afastado pelo INSS faz 8 meses, pois não estou bem de saúde, a pressão sofrida por nós motoristas é muito grande, tanto dos passageiros que, muitas vezes, não têm educação e cobram da gente coisas que nem são da nossa responsabilidade, mas também por parte da empresa que faz pressão para mantermos os horários nas linhas que, muitas vezes, utilizam tabelas da década de 1980. Tem tabela de algumas linhas que são de 1989 e ainda não utilizadas até hoje, isso é um absurdo, pois a cidade cresceu, o número de veículos rodando aumentou muito e alguns bairros que constam na linha atualmente, nem existiam quando elas foram criadas, por isso, não temos que manter os mesmos horários. A nossa categoria pede socorro, nós só queremos trabalhar em paz”, desabafou Baiano.
Assembleia
Uma assembleia deve ser realizada nesta quarta-feira (10), pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários, Urbanos, e das Indústrias de Cana-de-açúcar de Araraquara e Região. Na oportunidade será apresentada a pauta de reivindicações dos motoristas da empresa, que incluem aumento salarial e no ticket, além de melhores condições de trabalho.
Demissões normais
A reportagem entrou em contato com a empresa para entender os motivos das demissões e recebeu a nota abaixo:
“A empresa desconhece as informações sobre as alegações dos funcionários, não existe grupo de WhatsApp, nem tampouco qualquer tipo de retaliação. É rotineiro que em qualquer empresa aconteçam contratações e desligamentos. A Paraty emprega mais de 1.200 pessoas, e é normal que ocorram substituições causadas por pedidos de demissão ou desligamentos.
Os salários, benefícios, encargos sociais e demais cláusulas do acordo coletivo estão sendo cumpridas regularmente”.