terça-feira, 17, setembro, 2024

Pichações lembram os tempos de chumbo

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José A C Silva

A política mais uma vez surpreende. Já tivemos ditadura militar, democracia de esquerda e centro direita. Agora os brasileiros estão diante de uma polarização de extrema direita contra esquerda, com direito a facadas, tiros, fake news e, recentemente em Araraquara, picharam pontos de ônibus, o busto do fundador d´O Imparcial, Antônio Corrêa e a fachada do Palacete Esplanada das Rosas, que leva o nome do jornalista Paulo Arruda Corrêa da Silva. O interessante que as pichações são contra Bolsonaro e ao mesmo tempo comprometem o Haddad.

Em uma das sessões da Câmara Municipal de Araraquara, os edis debateram a proposta do deputado federal Newton Lima (PT) que impede que espaços públicos homenageiem presidentes do Regime Militar – projeto que tramitava em Brasília, entre 2013 e 2014, e não foi aprovado.

O Ginásio de Esportes Castello Branco (o Gigantão), inaugurado em 1969, na gestão do prefeito Rubens Cruz, correu o risco de ser rebatizado, ou seja, ter o nome oficial trocado compulsoriamente.

Isto porque, um projeto de lei do deputado federal Newton Lima (PT), tinha a característica de vetar a denominação de instituições, edificações e logradouros públicos com o nome de ex-presidentes não eleitos pela via democrática. Mais especificamente, aqueles que ocuparam a Presidência da República durante o Regime Militar.

Além do Gigantão, duas ruas em Araraquara homenageiam presidentes do período da ditadura: Castello Branco e Marechal Arthur da Costa e Silva, localizadas no Jardim Imperador. Segundo Lima, alguns fatos o inspiraram. Um deles ocorreu quando ele tinha 17 anos e viu a inauguração do viaduto elevado Arthur da Costa e Silva, em São Paulo.

O deputado conta que ficou indignado ao ver que um ditador estava sendo homenageado. “Para mim, e para nossa felicidade, o povo paulistano trocou o nome dele na prática para ‘Minhocão’. É o ‘Minhocão’ de São Paulo, ninguém fala viaduto Arthur da Costa e Silva”, disse.

O objetivo dele era que a iniciativa em esfera federal inspire projetos municipais semelhantes. Com isso, cada município poderia criar seu projeto de lei para mudar os nomes de patrimônios públicos que levam o nome desses cinco presidentes, como ocorreu em várias cidades. Mas a medida era, e é polêmica, tanto é que o Bolsonaro ganhou o primeiro turno fazendo alusão e homenagem ao torturador Brilhante Ustra, que para o candidato do PSL é seu principal ídolo.

“Apagar o nome dos homens que presidiram o Brasil durante a ditadura militar, entre 1964 e 1985, e que foram homenageados em nomes de ruas, prédios e demais próprios públicos não vai mudar nada. Usar o nome de alguém para prestigiar um espaço público, presume-se que esta pessoa seja legal, por isso é um erro, pois a memória é um campo de disputa política, pois se trata da memória social, que não se apaga da história. Para mim, Newton Lima cometeu o erro, de agir como os ditadores, escondendo os nomes dos presidentes, como eles escondiam os corpos. Sei que é uma comparação forte, mas é isto, ele não quer deixar vestígios de quem foram aqueles políticos. É uma medida errônea de lidar com a história, a qual tem que ser mostrada para todos, inclusive para as crianças. É lógico que não sou a favor das homenagens, mas basta explicar quem foram aqueles homens e contar o que fizeram com a nossa sociedade, durante a ditadura”.

Fotos: Suze Timpani

 

Redação

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