Por José Augusto Chrispim
Um surto de diarreia vem assustando a população de Américo Brasiliense há cerca de um mês. Já são 2.111 casos e uma morte provocada pela doença.
De acordo com o relatório da Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, em 24 de outubro último a vigilância epidemiológica municipal (VE) comunicou ao Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) Araraquara, ao qual Américo Brasiliense pertence, um aumento significativo de DDA, caracterizando um surto da doença, que foi notificado efetivamente pela VE em 31 de outubro e dada ciência ao CVE e CVS nesta data.
Uma avaliação preliminar por parte do CVS, na base de dados registrados no Sistema Nacional de Informações de Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), indicou alterações relevantes em 2025 da potabilidade da água da rede pública, com deficiências recorrentes na desinfecção (cloração) e a presença de coliformes totais, apontando desconformidades críticas no tratamento da água. Amostragens de água da rede pública mais recentes, realizadas em outubro pela Vigilância Sanitária Municipal (VISA) no âmbito do Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Proagua), ratificam as deficiências de cloração e apontam a presença de “coliformes totais” na água.
A mostra coletada em 21 de outubro na área urbana do município apontou a contaminação da água por Escherichia coli. Dada a situação sanitária e epidemiológica, foram realizadas, entre 10 e 12 de novembro, inspeções técnicas conjuntas e reuniões emergenciais em apoio às instâncias regionais (GVE e GVS) e às vigilâncias do município. Nas reuniões com as instâncias regionais e municipais, envolvendo também a prefeita e outros órgãos da prefeitura – com destaque para a Secretaria de Saúde e o Departamento de Água, Esgoto e Meio Ambiente (DAEMA) –, foi apresentado o cenário epidemiológico, bem como a situação de risco sanitário decorrente dos problemas de potabilidade de água distribuída, realçando os fortes indícios da correlação do surto de DDA em curso com as condições inadequadas de abastecimento de água à população.
Contestação
Durante coletiva de imprensa realizada na manhã dessa segunda-feira (17), a prefeita Terezinha Viveiros (Republicanos) lembrou que o laudo ainda não foi finalizado.
“A Vigilância do Estado apontou a água como possível causa, mas baseada em um único ponto — no bairro São Judas Tadeu — analisado em outubro, sem contraprova. Considerando que a água é de uso coletivo e que a transmissão de viroses pode ocorrer tanto por água quanto por alimentos, entendemos que pode ser a água. Estamos com a água normalizada. Foi um único ponto que apresentou E.coli em outubro. A preocupação da população é legítima — eu mesma moro aqui, minha família mora aqui e bebemos água da torneira. Precisamos de uma definição se a causa é realmente a água ou não. Mas reforço: hoje a água está normalizada e todos os laudos estão disponíveis. Não houve qualquer inverdade por parte da administração. Se a água estivesse imprópria, nós teríamos cancelado o fornecimento”, destacou a prefeita.
Apreensão
O problema já causou suspensão de aulas em escolas do município, mas a situação foi normalizada. A população de Américo Brasiliense acompanha com apreensão o caso e espera uma solução rápida e eficaz para o grave problema.
Uma moradora da cidade fez um apelo para que essa situação se resolva logo, pois, ela relata que está sentindo os sintomas da virose pela segunda vez. “Eu não aguento mais, já fiquei três dias de atestado no meu emprego e, agora que eu voltei a trabalhar, estou ruim de novo. Minha filha também ficou mal por alguns dias e só agora pode voltar ao trabalho”, reclamou a moradora que preferiu não se identificar.
O que diz o DAEMA
O departamento de Água, Esgoto e Meio Ambiente (DAEMA) e a Prefeitura de Américo Brasiliense garantem que o abastecimento de água na cidade está funcionando normalmente e que toda a água distribuída passa por rigorosos controles de qualidade.
Análises realizadas pelo DAEMA indicaram que o nível de cloro na água está dentro da faixa ideal estabelecida pelo Ministério da Saúde (entre 0,2 e 5,0 mg/l), o que significa que o tratamento da água fornecida à população é eficaz e seguro.
De acordo com a responsável pela Vigilância Sanitária do Município, Vanessa Veronez Leme, a análise mensal da água — prevista para 18 de novembro — foi antecipada em razão do surto. “A coleta foi realizada no dia 10 e, no dia 13, os relatórios saíram como satisfatórios”, alegou.
Foto: O Imparcial/Arquivo






























