segunda-feira, 25, novembro, 2024

Projeto ‘Parque dos Trilhos’ pode se tornar realidade

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Ariane Padovani

No dia 26 de setembro, o prefeito Edinho Silva (PT) esteve em Brasília participando de uma audiência pública no Tribunal de Contas da União (TCU), para abordar a prorrogação antecipada da concessão da Ferrovia Malha Paulista. O atual contrato de concessão da malha ferroviária termina em dezembro de 2028, mas o Ministério da Infraestrutura e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) apresentaram proposta de prorrogar a concessão até 2058.

A empresa Rumo, que opera a concessão atualmente, comprometeu-se a realizar obras de ampliação da capacidade e de resolução de conflitos urbanos no valor de R$ 5 bilhões nas cidades paulistas que são atravessadas pela ferrovia, incluindo Araraquara, que receberia R$ 245 milhões para a retirada dos trilhos, a construção da nova oficina de manutenção de locomotivas e de vagões, e a construção do novo posto de abastecimento para as composições que passam pela nossa cidade.

Ainda em Brasília, Edinho fez uma transmissão ao vivo pelo seu facebook dizendo que, apesar de as obras do novo contorno ferroviário terem sido concluídas em 2008, parte dos trens continua cortando Araraquara porque as oficinas estão na área da Facira, e o posto de abastecimento está na rotunda ao lado da Via Expressa. “Com a nova oficina e o novo posto de abastecimento, as composições não vão mais passar pelo antigo pátio de manobras e toda aquela área será desativada. Aí abriremos um novo debate: a utilização daquela área que divide a Via Expressa da Vila Xavier”, explicou o prefeito. “É uma notícia muito boa. Saí muito animado da audiência. A retirada dos trens de dentro de Araraquara é um sonho antigo. Um sonho da população que sofre com o ruído, com o barulho. Nossa cidade é dividida. Faltam ligações entre o Centro e a Vila Xavier. Muitos problemas serão resolvidos com essas obras”, concluiu Edinho.

Parque dos Trilhos

Projeto da Estação Bonifácio para o ‘Parque dos Trilhos’

 

Segundo o vereador Elias Chediek (MDB), que também é engenheiro aposentado, a retirada dos trilhos e a implementação de seu projeto ‘Parque dos Trilhos’ é um sonho que está difícil de concretizar, mas que aos poucos pode se tornar realidade. “Eu entrei e me aposentei na ferrovia, então conheço como a palma da minha mão esse pátio. Na ferrovia a gente já discutia, antes de pensar em privatizar, a modernização do pátio e de fazê-lo em Tutóia. Eu estou indo para o 20º ano como vereador e uma das nossas pautas é desenvolver esse projeto do parque. Nós não pusemos um tostão, estamos fazendo na raça, de grão em grão, chamando a prefeitura, participamos de seminário em São Paulo, vamos para todos os lugares discutir sobre isso”, contou o vereador.

O projeto, que inicialmente era o trabalho de conclusão do curso de Gerência de Cidades que Chediek fez na Unesp, consiste na implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na cidade para desafogar o trânsito. Além disso, seriam construídas estações para as conexões com as linhas dos transportes coletivos e um parque com muitas árvores, sistema de retenção de águas pluviais, ciclovias, pista de caminhada e academia ao ar livre.

“Vai ser uma grande área de vegetação, um pulmão para a cidade. A nossa vantagem é que já temos a linha, então não terá desapropriação. Nós vamos aproveitar grande parte dos trilhos que já estão aí, talvez acrescentar algo que precise de adequação. A princípio, o VLT passaria no mesmo trilho, duas linhas do VLT serão a salvação para todos nós. Nesse projeto tem os acessos entre bairros e o nosso estudo abrange não apenas o centro, mas bairros em que você sai de um ponto e chega ao outro sem precisar dar toda aquela volta que é necessária hoje. É algo que estamos criando ao longo dos anos e conversando com a cidade inteira. Nós queremos requalificação urbana, valorização da área, desenvolvimento imobiliário e qualidade de vida”, narrou o vereador.

O ‘Parque dos Trilhos’ foi incluído no Plano Diretor em 2005 e está lá até hoje. “Há 15 anos criamos uma comissão especial de estudos, eu, o Jefferson Yashuda e o José Carlos Porsani. Onde está a linha da Paulista, margeando a Vila Xavier, será uma outra via expressa. A ideia é colocar a futura Câmara Municipal e Prefeitura nessa área do parque, além de preservar os prédios históricos. Serão 12 estações no total, mas no início construiríamos seis, por conta do custo”, ressaltou Chediek.

Dados

O vereador Elias Chediek quer a implantação do VLT na cidade

 

Chediek destacou que, para o projeto avançar, é preciso a coleta de informações, como quantas pessoas pegam determinada linha de ônibus e os horários de maior movimento, além do valor de investimento. “Eu preciso de dados para continuar o trabalho, mas eu já falei com o prefeito, com a controladoria, com todo mundo e ninguém tem esses dados. Eles dizem que tem os dados, já que é bilhetagem eletrônica, mas não tiram relatórios, pois teriam que pagar para a empresa que forneceu o software fazer isso. Eu pensei em fazer uma parceria com a Uniara e os alunos de arquitetura elaborariam um TCC com todos os levantamentos desses dados que precisamos”, revelou o vereador.

“Precisaria de um envolvimento maior, porque o envolvimento teórico a gente consegue, fazemos reuniões com a prefeitura, universidades, secretarias, mas são pessoas que dão opinião e vão embora, quando eu falo que preciso de informações, não tenho, então fico patinando”, completou o vereador.

Transporte Público

Elias Chediek citou a baixa qualidade do transporte público e a alta concorrência com moto, carro e Uber. “Daqui a pouco vai chegar patinete, bicicleta e um monte de outras coisas. É a política comportamental equivocada, que incentiva a compra de veículos particulares ao invés de diminuir a taxação do imposto dos veículos para transporte público e falta de investimento. Hoje nós trazemos toda a frota para o centro e o terminal. Na época que o terminal foi construído foi bom, mas hoje já não dá mais. A única área livre da cidade que pode permitir uma revolução na melhoria na qualidade de vida é o pátio ferroviário, que tem mais de um milhão de metros quadrados. É uma área muito grande, que a gente não pode deixar passar de qualquer jeito”, discursou o parlamentar.

Chediek afirmou que o VLT aliviaria o trânsito do centro da cidade, já que, quando é fornecido um transporte rápido e confortável para a população, elas são praticamente obrigadas a usarem, assim como em muitos outros lugares no mundo. “Araraquara vai continuar crescendo e não temos como fornecer esse transporte que está agora. Por mais que os ônibus sejam relativamente novos, o tempo de deslocamento e as condições de circulação não são ideais. O ônibus não funciona sem o trem e o trem não funciona sem o ônibus. O VLT anda no máximo a 70 km por hora, mas em média andaria a 40. O tempo de deslocamento entre o Jardim Biagioni até o Yolanda Ópice, por exemplo, levaria 13 minutos e 35 segundos para chegar”, esclareceu o vereador.

Espera

De acordo com Elias Chediek, apesar de o prefeito Edinho ter dito que a notícia sobre a retirada dos trilhos ser boa, não tem nada realmente definido. “Cada hora é uma notícia que vem. O Edinho foi para Brasília como parte interessada, escutar o que estavam decidindo no TCU junto com o governo federal. Ele falou que já assinaram o contrato de renovação, mas eles têm prioridades de investimento desses R$ 5 bilhões, está tudo muito no ar ainda”, admitiu o parlamentar. “Se a Rumo sair de Araraquara amanhã, quem vai tomar conta disso tudo? Ninguém. Nós não conseguimos tomar conta nem dos nossos prédios que estão ocupados, imagina os desocupados? Vão destruir tudo. Faz 19 anos que estou falando a mesma coisa. Não é quando eles saírem que vamos pensar no que fazer, temos que estar preparados”, advertiu.

Redação

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