Rotatividade no varejo exige planejamento dos empregadores em Araraquara

Setor, que concentra 70% do comércio local, apresenta altos índices de substituição de trabalhadores formais

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A taxa de rotatividade no varejo de Araraquara chama atenção: responsável por cerca de 70% do comércio local, o setor registra índices elevados de substituição de trabalhadores com carteira assinada, segundo análise do Núcleo de Economia do Sincomercio com base em dados do Ministério do Trabalho. O cenário reforça a necessidade de os empregadores avaliarem com cuidado esse movimento para evitar custos e burocracias decorrentes de demissões e contratações não planejadas.

Na análise comparativa do período de janeiro a julho de 2021 a 2025, a rotatividade no setor varejista araraquarense cresceu, sendo o valor atual o mais alto da série do Novo CAGED. Dessa forma, 40,4% dos quase 11,6 mil vínculos de carteira assinada ativos no fim de 2024 foram ocupados por pessoas diferentes até o fim do último mês do período.

Também é possível distinguir taxas distintas entre as subcategorias do varejo do município, com os minimercados, mercearias e armazéns (53,9%) liderando o ranking com a maior rotatividade, seguido pelos hipermercados (52,2%) e pelo comércio varejista de produtos alimentícios, bebidas e fumo (43,5%). Na tabela abaixo, inclusive, estão destacadas as dez subcategorias do varejo que mais empregam funcionários na cidade e suas respectivas taxas de rotatividade de janeiro a julho deste ano.

No caso particular do comércio varejista de Araraquara, a taxa de rotatividade se mostrou maior do que aquela observada no estado paulista e no Brasil, no período analisado em 2025. No cálculo mensal, as maiores rotatividades ocorreram entre março e maio.

Considerações

O trabalho remoto, aderido expressivamente no pós-pandemia, os menores níveis históricos de desemprego e a rápida digitalização da economia são fatores que levaram a rotatividade do mercado de trabalho a atingir patamares recordes no Brasil e em Araraquara, particularmente. Entre os graus de instrução, a maior rotatividade no comércio varejista do município ocorre entre as pessoas com ensino médio completo e incompleto, cuja taxa atingiu 33,5% no período.

No caso específico do varejo, é um segmento relacionado frequentemente a uma fase de transição profissional, resultando na elevada circulação de trabalhadores. A questão é que esses movimentos geram custos para as empresas, em termos de processos seletivos, admissões, treinamento e desligamentos de funcionários. Ainda, a contratação temporária em datas comemorativas aliada às mudanças no orçamento familiar são elementos que impactam diretamente nos índices de rotatividade.

Portanto, as empresas devem encarar os desafios relacionados à retenção de mão de obra desejada, entendendo os custos envolvidos no processo de formação de carreiras profissionais. “Algumas medidas que podem ser adotadas visando reverter esse quadro são os investimentos em capacitação interna, o oferecimento de benefícios, a melhoria na qualidade (física e mental) do ambiente de trabalho e a fomentação de parcerias com universidades da região”, ressalta Maria Clara Kirsch, analista de estudos econômicos do Núcleo de Economia do Sincomercio.

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