José Augusto Chrispim
Várias cidades da região devem sofrer impacto no atendimento médico devido à saída dos médicos cubanos do programa Mais Médicos. Em Araraquara, um médico do país caribenho atende na Unidade de Saúde do Jardim das Hortênsias.
Os impactos negativos nos atendimentos estão sendo previstos por responsáveis de unidades de saúde da região, que relatam não ser possível fazer a reposição destes profissionais de imediato.
De acordo com a secretária de Saúde de Araraquara, Dra. Eliana Honain, o único médico cubano que atua na cidade atende diariamente entre 30 e 32 pacientes na Unidade de Saúde do Jardim das Hortênsias. A secretária relatou à reportagem do O Imparcial que o clínico geral ainda está atendendo, mas deve ser desligado em breve. Outro profissional vai substitui-lo e, por isso, os moradores do bairro não terão prejuízo nos atendimentos.
“A saída dos médicos cubanos do Programa é um grande golpe na saúde do Brasil. Isso vai trazer um grande prejuízo nos atendimentos, principalmente, nos estados mais distantes, onde existem cidades ribeirinhas e de difícil acesso, mas também trará dificuldades para os pequenos municípios do estado de São Paulo que não têm recursos para manter os médicos. Em Matão, por exemplo, são 18 médicos no Programa. Vamos aguardar para ver o que vai acontecer”, resumiu a Dra. Eliana.
Região
Algumas cidades da nossa região devem ter mais prejuízos do que outras. Como em Matão, onde 18 médicos do Programa Mais Médicos atendem cerca de 250 pessoas por dia. A medida ainda pode interromper também vários tratamentos que estavam sendo feitos.
A cidade de Taquaritinga conta com seis médicos que atendem cerca de 100 pessoas por dia nas unidades de saúde. Já cidades como Barrinha, Pitangueiras, Taiaçu e Guariba contam com 1 ou 2 médicos por cidade.
Vagas abertas
O Ministério da Saúde informa que a iniciativa imediata para tentar amenizar o problema será a publicação, nos próximos dias, de um edital para médicos que queiram ocupar as vagas que serão deixadas pelos profissionais cubanos. Será respeitada a convocação prioritária dos candidatos brasileiros formados no Brasil seguida de brasileiros formados no exterior.
Porém, os municípios podem sofrer para conseguir preencher as vagas, já que a procura pelos profissionais é pequena.
Motivo da saída
O governo de Cuba informou na quarta-feira (14) que decidiu sair do programa social Mais Médicos, citando “referências diretas, depreciativas e ameaçadoras” feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro à presença dos médicos cubanos no Brasil. O governo cubano envia profissionais para atuar no Sistema Único de Saúde brasileiro desde 2013, quando o governo da então presidente Dilma Rousseff criou o programa para atender regiões carentes sem cobertura médica.
Durante a campanha, Bolsonaro declarou que “expulsaria” os médicos cubanos do Brasil com base no exame de revalidação de diploma de médicos formados no exterior, o Revalida. A promessa também estava em seu plano de governo.
“Condicionamos à continuidade do programa Mais Médicos a aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou”, declarou o presidente eleito em seu Twitter.