É sabido que, infelizmente, a saúde pública continua muito doente. Entra governo, sai governo e o SUS continua sem recurso suficiente para uma boa prestação de serviços de saúde pública. Sabemos que se houvesse um ousado combate à sonegação de tributos, corrupção, tudo seria diferente. No ano de 2018, segundo a Auditoria Cidadã, o governo Michel Temer gastou R$ 2,621 trilhões, sendo 40,66% destinado ao pagamento de juros e amortizações da dívida pública e somente 4,09% destinado à saúde pública.
Estudos da ANFIP-Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil, indicam que o combate à sonegação é componente principal para gerar recursos de R$ 1 trilhão em dez anos. Esta precisão é verdadeira porque a Receita Federal tem estudos demonstrando o que afirmo.
Apesar de tudo, eu estou muito feliz com a administração da nossa querida Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Araraquara, tendo à frente o Dr. Valter Curi Rodrigues e toda a sua equipe. Quando o Dr. Valter assumiu a direção no ano de 2006, a Santa Casa estava desestruturada, desorganizada, com dívida total de R$ 15,3 milhões e “déficit” de R$ 1,05 milhão. A crise era tão grave que a Santa Casa, por dever ao INSS, havia perdido os benefícios da filantropia como, por exemplo, a isenção tributária.
No início da atual gestão foi feita uma auditoria de um projeto de gestão, objetivando recuperar o hospital sob o ponto de vista de atendimento médico, enfermagem, faturamento do SUS e do plano Santa Casa Saúde, além é claro de atenção especial à administração. Ano a ano fomos vendo o reflexo de uma administração honesta e determinada.
O Jornal “O Imparcial” publicou no dia 17 de maio de 2019, a beleza das Demonstrações Financeiras; Relatório da Administração; Notas Explicativas, tudo assinado por uma das mais respeitas empresas de auditoria contábil e financeira do Brasil, a KPMG Auditores Independentes.
A cada valor demonstrado no Balanço Patrimonial, Fluxo de Caixa e Demonstração de Resultados, fez-se remissão devidamente numerada e indicando quadros, anexos, observações esclarecendo os dados contábeis para melhor entendimento. No dia 19 de outubro de 2005, o Jornal O Imparcial publicou demonstrações financeiras da Santa Casa que na época deixava a desejar, quando compara dom a publicada no dia 17 de maio de 2019.
Nos meus 34 anos de auditoria fiscal, auditei várias entidades filantrópicas, mas confesso que não me lembro de ter visto demonstrações financeiras tão transparentes como as publicadas no dia 17 de maio de 2019. Após o Dr. Valter Curi Rodrigues ter assumido a direção, foi evidente a recuperação das finanças e melhora na estrutura hospitalar.
Analisando a Demonstração de Resultados, vemos que nos anos de 2017 houve um “superávit” no valor de R$ 2,98 milhões e no ano de 2018 no valor de R$ 5,3 milhões. Encerrou o ano de 2018 com bens e direitos a receber no valor de R$ 99,6 milhões e dívidas no valor de R$ 48,75 milhões. A receita totalizou R$ 95,9 milhões. Assim, o endividamento representou 50,8% da receita.
Considerando a crise econômica do país, não conheço nenhuma outra Santa Casa nesta situação financeira. Para terem ideia do antes e do depois, no final do mês de julho de 2005 a Santa Casa tinha um “déficit” acumulado no montante de R$ 1,06 milhão e dívida no valor R$ 15, 3 milhões, para uma receita de R$ 20,4 milhões no ano de 2004. O endividamento representava 77% da receita. No final de 2004 havia bens e direitos a receber no valor de R$ 15,18 milhões.
Portanto, considerando a saúde financeira da nossa Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Araraquara, com claro reflexo na qualidade da prestação de serviços, na condição de cidadão, sinto-me orgulhoso de termos um hospital filantrópico, que no ano de 2018 atendeu, pelo SUS, 72% dos pacientes pelo Ambulatório e 80% pela internação hospitalar.