Nesta segunda-feira (20), a secretária da Educação, Clélia Mara dos Santos, foi a convidada do “Canal Direto com a Prefeitura – Especial Fim de Ano”, programa oferecido pela Prefeitura de Araraquara, através da Secretaria de Comunicação, com o objetivo de sanar dúvidas dos moradores ao vivo em relação à gestão municipal. A entrevista foi transmitida ao vivo pelo Facebook da Prefeitura, onde o vídeo se encontra disponível para visualização.
Clélia fez uma análise dos desafios enfrentados ao longo do ano de 2021, ano em que o ensino sofreu grandes turbulências por conta da pandemia da Covid-19. “Diferentemente e em alguns momentos tal qual o ocorrido no ano passado, 2021 também foi um ano difícil e desafiador, para manter ao mesmo tempo as crianças fora da escola e aprendendo. Sabemos que essa interação entre crianças e adolescentes e escola, professor e aluno, aluno e aluno, é fundamental para o processo de ensino e aprendizagem. O grande desafio foi, em um primeiro momento sem escola, fazer com que as crianças permanecessem conectadas conosco, conectadas com a escola. Isso vai além da questão tecnológica, que é um desafio porque ela não alcança todo mundo. E não é a questão de dar à criança ou à família o computador, o tablet ou o notebook, mas se existe no interior da casa dessa criança as condições necessárias para que esse processo se dê. E em muitos casos, independentemente da vontade, da força e da cooperação das famílias, isso não é possível”, apontou.
Segundo a secretária, a realidade não é uma família ‘margarina’, onde se tem o pai ou a mãe com muita disponibilidade para essas questões. “As famílias trabalham, têm horários mais distintos possíveis. Então como ordenar e arranjar essas questões todas para que essa relação se fortaleça e se dê? Foram desafios bastante significativos ao longo deste ano, mas a minha impressão é de que uma parte deles foi superada. Ainda que com percalços e com dificuldades, a escola mais uma vez se fez escola. Conseguimos isso com nossos materiais impressos, com a força de vontade dos nossos profissionais, nossas professoras e professores, com as nossas interações, especialmente via Whatsapp, que foi a grande ferramenta do processo de interação entre escola e aluno no Brasil e em várias partes do mundo. O Whatsapp foi a peça mais interessante, a ferramenta de maior proximidade e que muitas vezes garantiu esse processo”, salientou.
Para Clélia, o processo de aprendizagem sofreu um forte impacto com a pandemia. “O grande desafio foi manter essas crianças conectadas e perder menos, que é outro grande percalço do processo de pandemia. Essas perdas se referem a alunos matriculados, mas ao mesmo tempo ausentes de todo esse processo. E o número é grande. Por isso que para o próximo período, uma das grandes responsabilidades de todos nós da escola e também de toda a sociedade, é nos ajudar com o processo de busca ativa”, acrescentou.
Obras a todo vapor
Mesmo com a pandemia, a Prefeitura entregou diversas obras relacionadas à Educação e segue com outras em pauta, sempre buscando oferecer um melhor atendimento aos alunos da rede municipal. “Essas obras são de fundamental importância. O ambiente escolar bacana, uma escola inteira, é parte integrante desse processo de um bom ambiente escolar que propicia bons processos de ensino e aprendizagem no interior dessa escola. Não se trata de querer deixar uma escola bonita por deixá-la bonita, mas se trata de reconhecer que esse espaço, a estrutura e a infraestrutura da escola, diz muito sobre a ação pedagógica que essa escola faz. Por isso o esforço do governo Edinho de fazer com que as escolas da rede municipal possam efetivamente estarem preparadas para vivenciar esse momento bom e correto de preparação para o processo de ensino e aprendizagem. E é com muita alegria que entregamos uma parte das escolas reformadas, ampliadas e devidamente dignas para que nossas crianças usem esse espaço escolar como uma forma importante do seu desenvolvimento pleno e do seu desenvolvimento educacional escolar”, avaliou.
Segundo ela, foram entregues em 2021 o CER Profª Honorina Comelli Lia (Jardim Imperador), o CER Padre Bernardo Plate (Jardim Santa Lúcia), o CER Dona Carmelita Garcez (São José), o CER José Pizani (Yolanda Ópice) e o CER Dona Rosa Ribeiro Stringhetti (Jardim América). “Temos ainda escolas que estão prontas, mas que estão faltando alguns reparos e são de nossa responsabilidade, como a área externa do Leonor Mendes de Barros (Centro), que precisamos intervir de novo, após muita coisa acontecer na área do parque todo, e tivemos que rever para entregar agora no início das aulas em 2022. Tem a CER. Adelina Leite Amaral (Vila Xavier), que está belíssima, o CER Dr. Álvaro Waldemar Colino (Jardim das Estações), o CER Rosa Bróglio Zanin (Jardim Iedda) e e a sede própria dos Cursinho Popular no Centro da cidade”, listou.
Clélia também apontou as unidades escolares que já contam com obras agendadas. “Temos tantas outras tantas que vão começar a passar por obras e o prefeito Edinho deu ordem de serviço, que são a EMEF Rafael de Medina (Jardim Eliana), que estava há muitos anos demandando e é obra do Orçamento Participativo, assim como as obras que eu já citei. Tem o CER Jacomina Filippe Sambiase (Jardim Universal), que é uma demanda de uma região importante. Tem o CER Prof.ª Annunciata Lia David (Jardim das Hortências), que passará por reforma e ampliação para ficar digno de atendimento das nossas crianças daquela região. Tem ainda o CER José do Amaral Vellosa (Jardim Paulistano), também obra do Orçamento Participativo, a EMEF. Luiz Roberto Salinas Fortes (Jardim Paraíso), que passará por uma ampla reforma, e a reforma e ampliação da EMEF Hermínio Pagoto, no Assentamento Bela Vista”, acrescentou a secretária, que citou ainda a EMEF. Maria de Lourdes da Silva Prado e o CER Madre Irmã Maurina, na região do Assentamento Monte Alegre.
Ela mencionou ainda algumas unidades que contarão com esforços da Prefeitura para que passem por reformas já em 2022. “Se tudo funcionar muito bem, vamos fazer a reforma da EMEF Henrique Scabello (Jardim das Hortências), uma obra importantíssima para recuperar o bem-estar da comunidade escolar. Teremos a reforma e ampliação do CER Maria Aparecida Bozutti (Indaiá), a reforma do Centro de Educação Aléscio Gonçalves do Santos (Pinheiros), reforma da EMEF Waldermar Safiotti (Jardim Cruzeiro do Sul), ampliação da Escola Edmilson de Nola Sá (Valle Verde), que foi entregue à comunidade em 2020 em uma ação de muita luta, mas que tem uma demanda nessa região superior ao número de salas que nos foram entregues, por isso vamos precisar ampliar. Também é necessária a ampliação do CER Profº Dr José Alfredo Amaral Gurgel, na região do Selmi Dei, que é uma obra que será feita por meio da articulação entre governo do Estado de São Paulo e Secretaria de Estado da Educação. O mesmo com a ampliação do CER Prefeito Clodoaldo Medina e CER Professor José Énio Casalecchi. Temos o CER do Jardim São Bento, que estamos pleiteando via recursos do Governo Federal, e o CER do São Rafael, que é uma obra de contrapartida que já está em execução e que vamos entregar no meio do ano de 2022. E finalmente a obra tão esperada, que é a reforma e ampliação do CER Maria Pradelli Malara, no Selmi Dei”, completou.
Qualidade das obras entregues
Muito elogiadas pela beleza e estrutura, as obras de reforma e ampliação das unidades escolares da Prefeitura são frequentemente elogiadas por pais e professores. “Eu costumo dizer que o espaço público, que é onde está todo mundo e cada um deve estar, precisa ser muito bom. Não faz sentido que ele seja ruim, por isso o esforço do governo Edinho, por isso o esforço do Orçamento Participativo para estar em todos os lugares. O Orçamento Participativo voltará no ano que vem, com essas obras que são expressão da reivindicação e priorização da população, porque todas as nossas crianças merecem bons espaços que possam possibilitar que neles se façam efetivamente o processo de ensino e aprendizagem”, justificou Clélia.
Retomada das aulas
Clélia Mara dos Santos falou sobre a superação de um momento muito comentado no ano, que foi o retorno das aulas presenciais. “Essa foi uma questão com a qual nos debruçamos muito desde a efetivação do retorno, que estamos falando desde abril de 2021, com todas as medidas que a cidade de Araraquara acompanhou. Acho que cumprimos um papel extremamente importante, de falar sobre a importância dessa retomada, de garantir que as nossas escolas tivessem os insumos necessários para fazer frente a esse processo de tanta instabilidade, de tanta insegurança. Mas acho que esse processo se consolidou e essa tarefa nós cumprimos, as nossas escolas fizeram muito bem. Eu disse isso às nossas diretoras e às equipes diretivas, que fizeram um bom papel, de dizer à comunidade que o retorno teria essa garantia e efetivamente isso se deu”, articulou.
Ela também citou o comportamento dos alunos nesse processo. “As crianças, ao contrário do que dizem, usam direitinho as máscaras, não perdem o momento de fazer higienização e fazem isso às vezes muito melhor que os adultos. Elas interagiram e entenderam a seriedade do processo”, elogiou.
Momento de recuperar
Clélia declarou que a grande meta para 2022 é recuperar tudo o que foi perdido no processo de aprendizagem dos alunos devido à pandemia. “Estamos falando de dois anos letivos, de uma parte muito importante de nossas crianças e adolescentes, de jovens e adultos. E é óbvio que teve consequências. Nos diagnósticos que já realizamos, são muitas as restrições de dificuldades. Nós fizemos o processo de trabalhar com os alunos neste ano, no momento em que eles retornaram, mas sabemos que uma parte deles ainda não retornou e isso certamente terá um agravamento, afinal são dois anos fora da escola”, lamentou.
Segundo a secretária, alguns fatores fora do aprendizado também foram afetados. “Do que nós já percebemos em nossas avaliações, existe a dificuldade na linguagem e muitas das crianças que estão vencendo a quinta etapa da educação ainda têm muita dificuldade com a fala, com uma fala excessivamente infantilizada, inclusive no ensino fundamental com as crianças pequenas de lá. Há também muitas dificuldades com as habilidades socio-emocionais, ou seja, muitas crianças não vivenciaram esse processo de interação com o outro, de relações sociais. Nesse processo, elas estão carregando muita insegurança e muitas dificuldades. Vamos trabalhar e trabalhar muito no ano de 2022 para essa interação, em especial daquelas que ainda não retornaram”, assegurou.
Clélia apontou ainda que vários alunos que estão chegando no ensino fundamental possuem uma dificuldade de coordenação motora. “Para algumas crianças, o movimento de segurar uma caneta ou um lápis é desconhecido. Trabalhar, por exemplo, a questão do manuseio de um pincel é algo difícil, porque é nesse momento da educação infantil que nós trabalhamos essas questões. Então, não trabalhado lá, vamos ter que trabalhar onde elas vão estar, seja na última etapa da educação infantil ou seja na primeira do ensino fundamental. É preciso trabalhar com elas, para que elas superem, avancem e se desenvolvam, de tal maneira que a sua trajetória escolar não seja ainda mais prejudicada”, alertou.
A recuperação no aprendizado da alfabetização também é vista como prioridade para o próximo ano. “Tem muitos alunos maiores que encontram dificuldades no processo de alfabetização. Ler, escrever, as interações e outras nas demais áreas de conhecimento, são fragilidades percebidas da nossa avaliação diagnóstica e que já estão no nosso projeto de diretrizes pedagógicas que vamos trabalhar a partir do início do ano letivo de 2022”, garantiu.
Clélia destacou ainda a necessidade da participação conjunta em torno do aprendizado dos alunos. “Tomara que elas estejam vacinadas, especialmente as crianças de 5 a 11 anos. Isso vai ser importante para elas, importante para o universo de convivência. Além da busca ativa, o foco deve estar na alfabetização, um trabalho persistente e contínuo com a aprendizagem. O foco deve estar nesse processo de retomada, nesse processo tão necessário, que é a alfabetização e a garantia de que essa criança, estando na escola, aprenda. Isso é da nossa conta, de todos nós, educadores, equipe que responde pela rede municipal pela educação, mas também de toda a sociedade, para garantir que não temos um a menos nesse processo, porque as perdas foram muito substanciais. É hora de refazer e dar esse usufruto desse direito tão importante, que é o direito de aprender”, concluiu a secretária.