sexta-feira, 20, setembro, 2024

Sobrinho de uma das vítimas fatais da dengue coloca cruzes no Paço Municipal

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José Augusto Chrispim

O Paço Municipal de Araraquara foi palco de um protesto na manhã dessa quarta-feira (27). O conselheiro tutelar, Márcio Willian Servino, colocou sete cruzes de madeira em um dos canteiros que ficam em frente à Prefeitura, simbolizando as três pessoas que morreram vítimas da dengue e as outras sete cujas mortes estão sob investigação.

Márcio era sobrinho da secretária Ângela Maria de Souza, de 66 anos, que morreu no último dia 15 de fevereiro, após contrair a dengue hemorrágica. Ângela era moradora da Rua Papa Paulo I, no Jardim Martinez, em frente a um terreno particular que até a semana passada estava tomado por mato alto e lixo, possível criadouro do mosquito que tirou sua vida.

O conselheiro tutelar postou um vídeo na sua página da rede social, onde mostra toda sua revolta com a forma que o poder público municipal vem tratando a epidemia da doença que já atinge mais de duas mil pessoas na cidade.

No vídeo que foi feito enquanto ele ‘fincava’ as cruzes no Paço Municipal, Servino mandou um recado ao prefeito Edinho Silva, a quem credita boa parcela de culpa nas mortes ocorridas em decorrência da dengue em Araraquara. “Isso aqui é pela morte da minha tia, pelas três pessoas confirmadas e pelas quatro que estão a confirmar. Sete pessoas que perderam suas vidas por causa da dengue, já chega, cada um tem que fazer a sua parte, mas as autoridades também têm que fazer a dela. Quero ver vir fazer live aqui agora, porque não faz lives no cemitério com as famílias que estavam sofrendo com suas dores, lá não vai, vai fazer em prédios abandonados, faz lives com a dor dos outros, cada um tem que assumir a sua parte”, desabafou o conselheiro.

Apoio e acolhimento

A assessoria de imprensa da Prefeitura de Araraquara se manifestou com relação ao protesto.

“A Prefeitura de Araraquara manifesta todo o apoio e solidariedade aos familiares e amigos dos araraquarenses que perderam a vida após contraírem o vírus da dengue. São três mortes confirmadas: uma jovem de 28 anos, um idoso de 85 anos e uma mulher de 66 anos. Outras quatro estão sendo investigadas. Nessa quarta-feira (27), um morador de Araraquara, familiar de uma das vítimas, dirigiu-se até o Paço Municipal e pregou cruzes em sinal de protesto. A Prefeitura compreende e respeita esse sentimento. Também esclarecemos que medidas estão sendo tomadas para a prevenção da doença e o tratamento adequado da população. Inclusive, nos próximos dias, essa ação será intensificada com o ‘fumacê’ pelas ruas da cidade, como uma forma de matar os mosquitos adultos e reduzir a transmissão da doença”, diz a nota que também pede o apoio da população para combater a epidemia da doença e destaca que intensificou as notificações e multas nos locais em que podem se proliferar criadouros e ampliou o acolhimento ambulatorial a pacientes que possivelmente tenham contraído a dengue, além de anunciar outro  mutirão para o próximo sábado de Carnaval (2/3), das 8h às 12h, desta vez, nos seguintes bairros: Jardim Universal, Jardim das Flores, Jardim Helena, Parque das Laranjeiras, Residencial Lupo 1 e 2, Jardim Nova América, Jardim Acapulco, Vale do Sol, Vila Yamada, Jardim Tangará, Jardim Igaçaba, Jardim Paraíso, Jardim Águas do Paiol e Residencial São Bento.

Epidemia nacional

Segundo dados do Ministério da Saúde, compilados pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, o número de casos prováveis de dengue registrados no Brasil, apenas em janeiro deste ano, cresceu 149% em relação ao mesmo período do ano passado. Os casos passaram de 21.992 para 54.777, ou seja, mais que dobraram.
A região Sudeste concentra 60% (32.821) do total de casos registrados no país em janeiro, Logo depois, aparecem as regiões Centro-Oeste (10.827 casos), Norte (5.224), Nordeste (4.105 casos) e Sul (1.800 casos).
Além de Araraquara, que tem 2.035 casos confirmados, outros municípios do Estado também sofrem com a dengue. Bauru (3.510 casos), Andradina (2.234) e São José do Rio Preto (1.723) são alguns exemplos. Outros municípios menores também têm alta incidência, como São Joaquim da Barra (460 casos), Ipuã (396), Palestina (331), Pereira Barreto (238) e Castilho (219).

Redação

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