Luís Carlos Bedran*
Os prezados leitores e as queridas leitoras, que me leem de vez em quando, e
distraidamente, talvez tenham reparado na ausência de crônicas ou artigos sobre futebol
por parte deste que vos escreve.
É que nada entendo sobre esse esporte, o mais popular do mundo. O que não
quer dizer, verdade seja dita, que entendo de outros assuntos. Aliás, cada vez mais não
entendo de nada. Mal e mal só palpites e opiniões.
Confesso que na minha juventude, como todo brasileiro que se preze, até já
joguei futebol, mas no Mangueirão da Vila Xavier, num campinho do Santana e de
salão nalgumas quadras da cidade. Mas, perna de pau e profundo desconhecedor de suas
regras, não segui carreira. O Brasil ganhou…
Confesso também que, hereditariamente, já nasci corintiano e como
araraquarense sempre torci para a Ferroviária; ia ao estádio a pé pela linha férrea, pois
morava na Vila Xavier. No entanto posso lhes afirmar que torcer mesmo, sempre foi —
e continua sendo, apesar de tudo —, para o Brasil nas Copas do Mundo. E com muita
saudade dos grandes craques de antigamente, um futebol de classe, admirável.
Quando ainda gostava muito desse esporte cheguei até a escrever sobre ele. Mas
faz muito tempo. Lembro-me de uma crônica que escrevi sobre o Corinthians, que não
ganhava um campeonato fazia 20 anos e sobre uma comparação entre futebol, política e
religião e o seu relacionamento entre eles. Acho que foi só.
Mudou o futebol ou mudei eu? Ambos, evidentemente. Porque não se veem
mais a finta, o balé dos grandes jogadores. O que se tem visto, não é mais um jogo e
sim, mal comparando, uma luta livre. Dir-me-ão os amigos que não entendo nada disso.
É verdade. É uma mera opinião.
Um esporte que, embora não inventado pelos ingleses, foram eles que criaram
suas regras, assim como as do tênis e que, como não se desconhece, existe nesse povo
uma tradição: a de que no jogo há de ter fair play, ou seja, tem de ser limpo, leal, ético,
com espírito esportivo, elegante, de respeito entre os jogadores e, principalmente, com
os adversários.
O objetivo sempre é o gol, claro, mas seguindo e driblando de tal forma a bola
pelos pés, que não há porquê, como se tem visto na Copa, encontrões, corpo a corpo,
empurrões entre os jogadores, até ferindo-os, impedindo-os de fazer lances perigosos ao
segurar suas camisetas, numa profusão de faltas que destoam completamente da origem
clássica desse esporte. Luta livre, enfim. E isso não é futebol.
Então, como sugestão, atualmente os jogadores deveriam jogar com camisetas
feitas de papel, já existentes ou algo que os identificassem, mas de tal forma que, ao
segurá-las, rasgariam e não impediriam a finalização dos lances.
Outra sugestão. Não tem mais sentido, nesta Era, a da Mulher, que elas
deixassem de participar, não apenas como meras espectadoras nos estádios, mas sim
também como jogadoras mesmo na Copa do Mundo. O visual seria bem mais agradável,
mais ao gosto do público masculino. E nem precisaria serem tatuadas. Numa Copa do
Mundo, exclusiva para as mulheres e que poderia ser de dois em dois anos, continuando
as outras de quatro em quatro anos.
Todos ganhariam. O mundo inteiro as veriam, com o charme e a elegância delas
e, sobretudo, certamente com fair play, pois, como se sabe, elas, talvez pela sua própria
natureza são mais delicadas, femininas, um colírio para os olhos, não brutas como os
homens.
A brutalidade no campo não é um bom exemplo para as crianças. E estas,
torcedoras de seus países, acompanhadas de seus pais, não mais veriam o futebol como
uma guerra e sim como um belo esporte como deveria ser e que não está sendo nos
tempos atuais. E também: por que não há juízas? Elas seriam mais respeitadas pelos
jogadores, não xingadas como os juízes têm sido (pobres de suas mães) e, ponto
importante, menos sujeitas à corrupção.
Que neste século, o das mulheres, elas tenham mais oportunidade de serem
vistas e consideradas numa futura Copa do Mundo.
*Sociólogo