sexta-feira, 22, novembro, 2024

Tarde plena

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Sentada ao computador procurando em minha alma   emoções  para escrever um lindo poema, se possível.

Em um repente olho para a janela de onde vislumbrava o lindo jardim.  Eis que um beija flor  com sua delicadeza, aquela sutil delicadeza que a maioria das pessoas ainda desconhecem, “cumprimentava” as flores por onde passava com seu voo delicado , e se ia para outros jardins…quem sabe…

Voltei as teclas, Escrevi um poema  cabisbaixo, descorado, trazendo os mesmos  substantivos , todos concretos. Não…poemas concretos não chegam a minha alma.

Com um brusco movimento, levantei-me, apanhei meu casaco, pendurado que estava no trinco da porta, minha bolsa, onde apenas uma chave, um lenço, um livro de João Guimarães Rosa, “Grande Sertão: Veredas,  que me encanta e faz pensar.

Desci as escadas que me levariam até a sala de estar. Num gesto nada elegante, joguei a blusa sobre a mesa. Fui até o portão que me dava licença para ter acesso a rua .

Resolvi andar sobre os pedregulhos da calçada onde a marca do tempo ali residia. O mato crescia entre as pedras com uma voracidade. Andei um pouco mais. Quando me deparo com uma praça, onde o verde era seu pano de fundo…lindo. pássaros gorjeavam, enquanto o perfume das flores resvalavam meu corpo  com sutil delicadeza. Eis que uma abelha  parece me perseguir. Gostei daquele doce momento. Continuo minha caminhada por entre pedras e pedregulhos. Árvores, algumas centenárias davam um toque de lembranças de um passado onde o tempo contava sua história.

Eis que uma nuvem   gris,  cinza surge por entre  outras. Sinal de chuva, pensei. Continuei minha feliz caminhada. Eis que vejo entre pedras brancas, jorrar água límpida, cristalina. Juntei as mãos em forma de concha, deixei que a água caísse sobre elas e com prazer incontido banhei meu rosto como se aquele momento fosse único.

Uma chuva torrencial começa a cair. Não sai do lugar para me abrigar. Usufrui contritamente aquela benção.

Minhas vestes, meu cabelo, eram qual cachoeira onde a água da  chuva  descia  corpo a baixo.

Usufruía   com carinho aquele momento que nos meus loucos pensamentos,  haveriam de se eternizar.

A sensação era a de renovação.

Ah! O tempo, a noite dava início a seu ciclo. Longe de casa, acenei para um taxi. Entrei, pedi desculpas por molhar o automóvel , paguei  , tendo ainda a  sensação   da chuva a escorrer pelos  meus cabelos.

No dia seguinte , um novo poema escrevi. Desejava que fosse o mais belo que até aquele dia havia escrito. Na mente a paisagem do dia anterior ainda me acompanhava.

Escrevi sim um poema…Não o mais belo.

O mais belo poema Deus havia” escrito”, e ninguém além Dele conseguiria escrever outro que chegasse  a seus pés. Natureza , seu nome. Sempre amei  esse “poema”, mas nunca o via como tal .

Hoje é o meu preferido.

Redação

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