quinta-feira, 19, setembro, 2024

Tiradentes: uma inspiração para a Odontologia

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O inconfidente mineiro Joaquim José da Silva Xavier, que viveu entre 1746 e 1792, é uma das maiores figuras da história nacional e da Odontologia. Recebeu a alcunha de Tiradentes por sua atuação como cirurgião-dentista, cujo prestígio ecoa até hoje entre os membros da classe odontológica. Para o ofício, dedicou a sua vida. Reconheceu-se sua contribuição na luta pela liberdade do Brasil, fato histórico pelo qual é conhecido.

Tiradentes avançou na Odontologia na ausência de ferramentas ou técnicas para realizar diagnósticos precisos, logo, as extrações dentárias eram corriqueiras e realizadas de forma amadora, sem anestesia e com instrumentos rudimentares.

Ainda que nesse contexto, a habilidade do cirurgião-dentista para retirar dentes era notória e visionária. Com os seus trabalhos dedicados à Odontologia, Tiradentes foi o precursor de ações voltadas à saúde bucal, reconhecendo, desde então, que o bem-estar é parte indissociável desse processo. Além disso, levou a Odontologia para os rincões do País ao ser também um cirurgião-dentista itinerante, fazendo com que a profissão ganhasse visibilidade.

Os esforços de Tiradentes dentro e a favor da Odontologia continuam

Origem do nome Tiradentes.

No século XVII, não havia no Brasil uma lei que regulamentasse a prática da Odontologia. Por isso, eram os barbeiros que costumavam fazer esse trabalho. “Os médicos não queriam colocar as mãos na boca das pessoas. Aí acabou sobrando para os barbeiros se aventurarem nesse ramo, uma vez que eles já eram conhecidos por cuidar da cabeça cortando a barba e cabelo”, diz Paulo.

Só que a partir de 1631, a Coroa Portuguesa passou a multar as pessoas que tiravam os dentes sem licença, obrigando quem quisesse exercer essa função a passar por uma avaliação com um especialista chamado “cirurgião-mor”.

Foi aí que surgiram os “tira-dentes”. Joaquim José da Silva Xavier destacou-se entre os demais por saber tirar e colocar os dentes, além das suas habilidades protéticas. “Tiradentes fabricava dentes com ossos de animais e os implantava de uma forma bem mais simples do que as atuais. O dente que seria colocado na boca era preso aos próximos com arame”, diz Rui.

Apesar de exercer a profissão de dentista tão bem, Tiradentes morreu antes que ela fosse oficialmente denominada dessa forma. Joaquim José da Silva Xavier foi enforcado e esquartejado em 1792, mas só há registros escritos da palavra dentista, como denominação de profissionais legalizados que cuidavam dos dentes, a partir de 1800.

Líder da Inconfidência Mineira

Curiosidades sobre Tiradentes

Barba e cabelo
 Diferente do que mostram as imagens dos livros didáticos, Tiradentes nunca usou barba e cabelos longos. Por ser militar, o máximo que poderia usar era um discreto bigode. Na hora do enforcamento, ele estava de cabelo raspado e barba feita

Perdeu a cabeça
Após o enforcamento, o corpo de Tiradentes foi separado em quatro partes e foram expostas no caminho entre Rio de Janeiro e Minas Gerais. Sua cabeça ficou exposta em um poste, em praça pública. Na terceira noite, foi roubada e nunca mais encontrada…

Mineiro no Rio
 Apesar de ser mineiro, foi no Rio de Janeiro que Tiradentes entrou em contato com as ideias revolucionárias iluministas e também se dedicou a melhorias urbanas na cidade, idealizando o abastecimento regular para a  para a população, a construção de moinhos e serviços de barcas de transporte de passageiros. Ele foi enforcado no Rio de Janeiro, na atual Praça Tiradentes.

Novo herói
 Não foi a morte que o transformou em um herói. Tiradentes só foi reconhecido como tal 98 anos após sua morte, quando a data se tornou feriado nacional, em 1890.

Comparação com Jesus Cristo
 A primeira pintura oficial de Tiradentes data de 1890, quando foi feita retratando o mártir com barbas e bigodes, parecendo a imagem que se tem de Jesus Cristo.

Leilão
 No dia 4 de julho de 1792, os instrumentos odontológicos usados por Tiradentes foram comprados em um leilão por Francisco Xavier da Silveira, que pagou 800 réis pela bolsa completa.

Filhos
 Apesar de não ter se casado, Tiradentes deixou dois filhos: João, que teve com a mulata Eugênia Joaquina da Silva e Joaquina, fruto de seu relacionamento com a viúva Antônia Maria do Espírito Santo

Sua fama como dentista não era das melhores
Como dentista, Tiradentes não gostava muito de arrancar os dentes de seus pacientes, preferia preservá-los, mas quando era necessário, o fazia. Mas também fazia coroas em marfim e osso de boi para preservar os dentes possíveis .

Outros trabalhos
 Além de ter trabalhado como dentista, Tiradentes foi também tropeiro, minerador e até engenheiro. Entrou para a 6ª companhia de Dragões de Minas Gerais, como alferes, uma espécie de segundo-tenente .

Coração apaixonado
 Aos 40 anos, Tiradentes se apaixonou por Ana, filha de um sargento, que tinha apenas 15 anos. O romance não teve sucesso, pois a moça já era prometida a outro homem.

Aparência
 Segundo relatos da época, Tiradentes era alto, magro e muito feio.

Prisão
 Tiradentes passou seus últimos três anos de vida na prisão antes de ser enforcado.

Últimas palavras
 Os livros didáticos contam que as últimas palavras de Tiradentes foram “Cumpri minha missão, morro com a liberdade”, porém, alguns relatos não oficiais, dizem que, após subir os 21 degraus para chegar à forca, ele teria dito ao carrasco “seja rápido”.

Carrasco
 O escravo Jerônimo Capitânia tornou-se carrasco oficial quando trocou sua pena de morte por uma pena de prisão perpétua, ao ter sido encarregado de matar Tiradentes.

Patrono cívico da nação
Tiradentes é o “patrono cívico da nação”, ou seja, o único brasileiro que tem sua data de morte como feriado nacional

Redação

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