sábado, 6, julho, 2024

Trabalhador, mas morador de rua

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Suze Timpani

Morador em situação de rua desde os 12 anos, André Luís Lopes, mais conhecido como Macalé, hoje com 40 anos, montou o seu cantinho junto com o amigo Ademir, de 47 anos, também na mesma situação, na Avenida Rômulo Lupo, no Jardim Universal.

Macalé conta que não tem estudo e, por isso, não consegue emprego, mas quando aparece um terreno para capinar, trabalha com o maior prazer.  “Não tenho preguiça”, afirma ele.
Sua história, como a de tantos outros que vivem nas ruas da cidade, não é diferente. Ele diz que já passou pela cadeia e por ser negro, sofre preconceito sempre que tenta arrumar trabalho.
Questionados se eles não se utilizavam da Casa Transitória, os amigos disseram que não, pois a Casa não os ajuda mais, afirmando ainda que a entidade só serve a uma “panelinha”. Esse tipo de reclamação é recorrente entre moradores de rua, que dizem que não conseguem acolhimento na casa.
Macalé diz ainda que foi acolhido por várias vezes pela Casa São Pio, onde já ficou durante anos fazendo tratamento, mas acabou caindo novamente no vício da bebida.
A reportagem entrou em contato com Sandra Ramos, que faz trabalho de acolhimento na São Pio, que afirmou que Macalé é um homem trabalhador, entende muito de hortas, de compostagem, produtos orgânicos, pessoa honestíssima, mas infelizmente recai após o tratamento. Segundo Sandra, a entidade vem “dando um gelo” nele para que ele caia na real, para então novamente tentar resgata-lo, “ele já passou pela casa muitas vezes, mas sempre que tem problemas, resolve com bebida”, finalizou.
Na rua, de acordo com eles, não é fácil arrumar comida. “Às vezes conseguimos, outras não, mas nas terças e quintas a Casa da Sopa no bairro do Laranjal oferece aos amigos de rua refeições”, ressaltou.
A população em situação de rua que, geralmente é formada por dependentes químicos e alcoólatras, aumenta a olhos vistos na cidade. Alguns não têm a quem recorrer, outros não querem deixar a vida liberta e o vício, mas algo precisa ser feito, seja pela família ou pelo poder público para dar mais dignidade a esses seres humanos.

Os amigos Macalé e Ademir ‘moram’ atualmente embaixo de uma marquise na Avenida Rômulo Lupo

Redação

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